terça-feira, 27 de julho de 2004

A VOZ DA VERDADE INTERIOR

Edição é aqui e agora.
Pra quê decupar um roteiro e depois (des)montá-lo na produção?
Já é assim há anos! O cinema precisa evoluir!

Ultimamente nos deparamos com inovações na estrutura narrativa e no avanço da linguagem cinematográfica quando assistimos, p. ex., o filme de trás pra frente.
Em 2001 acontece Memento (Amnésia) de Christopher Nolan: um filme ‘cult’, com narrativa quebrada, diferente do estilo clássico imposto pelos norte-americanos- e aceito – por todo o mundo.

Esse momento supremo de originalidade e sem referencias só quer ser reconhecido como tal?

Eduardo Valente, da revista virtual Contracampo diz que Memento é tão original quanto os outros 99% de filmes em cartaz (na época); que o diretor “usa um golpe de mídia em torno de sua estrutura narrativa para vender o filme nos jornais” (...) “o que demostra sua compreensão dos mecanismos do "jornalismo cultural" que compra gato por lebre a torto e a direito, apenas comprovado pelas matérias do GLOBO”.

No caso de Amnésia, esse formato de quebra narrativa se faz necessário pois é o que dá o sentido à história (forma ~ conteúdo), ao contrario de outros que só escolhem um estilo “moderno” para contar uma história que podia ser contada num formato clássico, fazendo com que o ‘golpe’ o torne atraente.
No filme somos manipulados a pensar estar vivendo a mesma experiência do personagem, o que seria impossível pois não esquecemos o que se passou ha dez minutos.
A proposta do filme é ‘mais embaixo’ do que simplesmente ter sido editado de trás pra frente. Ali temos a noção do que é mentirmos para nós mesmos, tornando a realidade mais aceitável.
Memento é um incessante começo. Existe o jogo, o divertimento e até a reflexão. Inovador ou enganação?

Pra não variar, fugi do tema proposto: O método (?) encontrado na edição do filme é um exemplo a ser seguido por quem pretende transgredir o tradicional.
Griffith tinha o seu, Eisenstein, o dele. Eu quero ter o meu, ora bolas! Será que posso? Você deixa, mundo? Pessoas que se acostumaram em viver e serem iguais ao rebanho?
Será que posso fazer como bem entendo?

Sou tão à mercê da concentração do intelecto que consigo me perder quando alguém chega cortando minha linha de raciocínio. Pior ainda, quando é por dinheiro, comida ou um sorriso. A culpa não é do outro. Não existe culpa por não existir certo e errado. Só existe a existência.
A teoria do saber é importante. Mais do que isso, é ter coragem de fazer – aqueles que pensam - do jeito que se queira.
Só precisamos do básico. Na escola, nos aprofundam em conhecimentos que se perdem assim que passamos de ano. Besteira que poderia muito bem ser extinta se nossos professores se desvincularem de seus donos.
O aprofundamento deve ser escolha do novato.

edp/04

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