terça-feira, 13 de julho de 2004

UFOs na Visão Védica
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O Diário
Reportagem com Candramukha Swami
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"SVibhishana chegou com o carro aéreo, que parecia uma montanha,
e disse:
- Entrai a bordo, ele está aqui; que mais posso fazer ?(...)

Quando todos se achavam a bordo, o imenso carro alçou-se com um
estalejar
de fogos de artifício e cataratas; em seguida, silenciosamente,
quando já
subira a uma boa altura, virou-se para o norte, descrevendo ampla
curva
ascendente..."
Ramayana - épico Hindu com mais de 8.000 anos

Maharaja Chandramukha Swami é uma das autoridades védicas no
Brasil, ele
representa (como um Bispo na Igreja Católica) a religião
Vaishnava, que a
maioria das pessoas identifica como os "Hare-Krishnas". Estivemos
com
Chandramukha no dia oito de fevereiro deste ano numa comunidade,
junto a
uma pousada, chamada Vraja-bhumi, em Teresópolis, bem no meio da
serra,
num vale, onde os adeptos e simpatizantes desta filosofia de vida
podem
participar de cerimônias, palestras, cultos e ritos em meio a uma
paisagem
paradisíaca.

João Oliveira - Maharaja o que é o hinduismo e o que é o Hare
Krishna no
Brasil?
Maharaja Chandra-mukha Swami - O termo hinduismo não é encontrado
nas
literaturas védicas, é um termo mais recente.. A história conta
que existe
um rio que divide a Pérsia da Índia e os persas que tentavam
pronunciar o
nome do rio que é Sindhu não conseguiam e falavam Hindu, por isso
eles
começaram a chamar os povos, do lado de lá do rio, de Hindus.
Hoje em dia
o que se chama de hinduísmo é um complexo religioso porque a
literatura
védica é muito profunda e ela reconhece diferentes níveis de
consciência
dos seres humanos e diferentes tipos de caminhos espirituais que
cada um
tem a capacidade de seguir. Existe uma divisão muito grande de
opções
religiosas para que a pessoa vá gradativamente se elevando até
chegar no
nível de perfeição que é o amor a Deus, que é a pratica mais
elevada,
então existem mais ou menos três caminhos: uma é chamado Karma,
outro
Jnana e Bhakti.

Karma é o caminho de motivação material, mas religioso onde a
pessoa se
aproxima de Deus ou de seus agentes, os semi-deuses, em troca de
beneficios materiais. Então na Índia você encontra adoração a
Kali, a
Shiva, a Ganesha em diferentes templos onde os adoradores já tem
uma
relação, já aceita uma autoridade superior, e passa a ter um
intercambio
de serviço e recebe com isso opulências materiais. Depois disso,
e isso
muitas vezes pode durar vidas, a pessoa chega ao segundo estágio
que é
Jnana; ela já não está mais interessada em benefícios grosseiros,
ela quer
Jnana, conhecimento espiritual, então existem outros caminhos,
austeridades, penitencias, meditação, sacrifícios, outra parte da
literatura védica para a pessoa tentar entender o que e ela está
fazendo
aqui, entender Deus, como isso ocorre, como isso é controlado e é
só uma
fase. A fase final, a terceira, é Bhakti ou Prema, o amor a Deus.
Que são
os caminhos mais ligados diretamente a adoração a Deus, e a
renúncia se
torna algo natural, o desapego das coisas grosseiras. Então são
muitos
caminhos muitos processos e tudo isso misturado passou a ser
chamado de
hinduísmo, mas o movimento Hare Krishna está ligado a este último
caminho,
a parte da devoção. A devoção amorosa a Deus é uma visão
politeísta,
existem os semi-deuses, os chamados Devas, que são agentes de
Deus com
funções especificas, como por exemplo: numa cidade especifica tem
o
departamento de águas, o departamento de luz, o de telefonia,
então tem
diferentes departamentos com responsáveis por tudo isso. Também
aqui no
mundo existe Surya o Deus do Sol, Indra o Deus da chuva, Vayo o
do vento,
e assim vai são agente de Deus. Mas algumas vezes uma pessoa
materialista
prefere subornar um agente do governo para poder receber um
beneficio
imediato e pagar a conta mais barato.

JOÃO OLIVEIRA - Como na seca fazer uma promessa para chover?
Maharaja Chandra-mukha Swami - É, você pode fazer uma promessa
para chover
mas não para o semi Deus e sim para Deus. Você vai ter sempre
essas duas
opções; mesmo uma pessoa que tenha desejos materiais a serem
satisfeitos,
isso é normal, ele pode fazer isso buscando Deus. Por exemplo,
uma
criança, um bebê, a medida que ele se desenvolve um pouquinho,
que ele
cresce um pouco, ele vai começar a pedir as coisas para o pai,
mas o pai
vai achar até interessante, vai apreciar, pois faz parte do
avanço natural
da criança, agora chega um momento que a criança cresce que ela
não tem
mais que pedir, ela tem que servir, ela tem que ter primeiro uma
amizade,
depois ela tem que servir o pai. Então existe um estágio que você
é
motivado materialmente a inverter a sua posição, Deus passa a ser
o seu
servo, você vai na Igreja com uma lista de supermercado pedindo
as coisas
e Deus tem que suprir. Tem muitas religiões que colocam assim:
Deus como
meramente um supridor dos seus desejos, mas na verdade, como
crianças, se
formos filhos mais maduros e evoluídos, nós vamos também nos
preocupar com
o pai e ver o que ele precisa, o que ele quer. Neste mundo ele
quer que
tenhamos esse relacionamento de amor com ele para que também
possamos
ajudá-lo a distribuir esse conhecimento espiritual e alertar os
outros
filhos. Essa é a nossa função.



JOÃO OLIVEIRA - Mahajara, na literatura védica existem algumas
aparições
de OVNIS e é citado a existência de outros planetas e criaturas
que
existem nestes planetas. Fale um pouco sobre isso.
Maharaja Chandramukha Swami - Dentro do conceito da cosmologia
védica este
universo material, embora seja muito, muito grande, ele é
limitado e você
tem uma divisão dos planetas superiores que são chamados de
Celestiais, os
planetas intermediários, a Terra faz parte deste sistema, e os
planetas
inferiores, os planetas infernais. Nos Planetas Superiores vivem
os Devas
que são pessoas muitos qualificadas sob a influência do modo da
bondade,
pessoas com um nível de consciência muito superior. Nos Planetas
inferiores existem os Asuras pessoas sob a influência da natureza
demoníaca, influência nefasta, negativa. Nos Planetas
Intermediários, como
a Terra, é o meio termo, a paixão material. Lá embaixo a
ignorância , em
cima a bondade e aqui predomina a paixão. Então o que acontece?
Os
Planetas intermediários são sempre visados, tanto pelos Devas
quanto pelos
Asuras. Todos querem o Planeta Terra ou os outros intermediários
e há
sempre uma competição. E a literatura védica, remonta a milhões
de anos as
histórias, embora ela tenha sido compilada há cinco mil anos
(antes disso
ela foi preservada pela tradição oral). Os Puranas que contam as
histórias
mais antigas deixam claro que essa luta entre Asuras, que são os
demoníacos, com os Devas, os divinos, sempre aconteceu, e sempre
tentaram
conquistar a Terra, porque a Terra é um lugar muito positivo,
muito
agradável e cheio de recursos naturais. Então em outras eras (nós
agora
estamos numa era chamada Kali, que começou a cinco mil anos) os
semi-Deuses e os seres humanos viviam numa comunhão muito grande
e havia
um intercambio de visitas. Os seres humanos em outras eras eram
mais
qualificados e viajavam através de poderes místicos e de naves,
que não
são grosseiras, são feitas de elementos mais sutis e são chamadas
Vímanas,
a palavra mana significa mente, Vímana significa uma nave de
elemento
refinado sutil quase que mental. Então os seres humanos também
tinham
acesso aos Planetas Celestiais quando executavam atividades
piedosas e
tinham um acúmulo do que a gente chama de Punya ou Sukrti,
atividades
piedosas, eles eram premiados com visitas a Planetas Celestiais e
por sua
vez os semi-deuses visitavam a Terra para poder não só transmitir
conhecimento e uma tecnologia espiritual, mas também para se
associar com
os sábios que viviam nessa terra, da mesma forma em Planetas
inferiores
outros seres faziam visitas tentando explorar, pois sempre tem
essa
questão: ou você quer explorar ou você quer servir. Os que vivem
em
Planetas inferiores querem explorar, os que vivem nos Planetas
superiores
querem servir, proteger. Essa realidade sempre existiu. Por
exemplo,
quando Krishna veio à Terra, há cinco mil anos, a situação era
exatamente
essa. A Terra, o planeta Terra que tem uma deidade, uma Deusa que
é
chamada Bhumi, estava muita pesarosa, porque os reis naquele
momento eram
muito demoníacos e estavam fazendo tudo para destruir os recursos
da Terra
então ela se aproximou do ser mais elevado, Brahma, e juntamente
com
outros semi-Deuses, igualmente elevados ela orou, apresentou sua
condição
pesarosa e pediu ajuda. Então Brahma orou profundamente para o
senhor
Vishnu (Deus) e ele mandou a mensagem que viria à Terra, para dar
proteção
e que todos os semi-deuses deveriam nascer na Terra para ajudá-lo
na
missão de proteger as pessoas piedosas, as pessoas bem
intencionadas e
remover os elementos perturbadores, ou seja matá-los, só que a
alma é
eterna eles abandonariam o corpo que eles estavam utilizando no
momento e
seriam transferidos para Planetas infernais de acordo com a
condição
deles, então isso acorreu, essa batalha entre o bem e o mal
ocorreu com a
ajuda dos semi-deuses. Eles vieram aqui, participaram disso e até
existe
um diálogo muito famoso: o Bhagavad Gita, aconteceu durante
alguns minutos
antes dessa batalha devastadora que viria a ser chamar Batalha de
Kuruksetra.

JOÃO OLIVEIRA - Na Batalha de Kuruksetra naves foram utilizadas?
Maharaja Chandramukha Swa-mi - Armas que nós não temos acesso e
nem
podemos entender. Armas com poderes completamente sobrenaturais
como por
exemplo, a Bramastra, uma arma lançada com o poder de mantra e
que era
direcionada para uma pessoa, Bramastra significa arma espiritual
na
verdade, agora muitos semi-deuses participaram, vieram com suas
naves
né...

JOÃO OLIVEIRA - Isso é relatado nas escrituras védicas que eles
chegavam
em suas naves?
Maharaja Chandramukha Swami - Sim, tem, para nós que estudamos os
Puranas
e o Srimad Bhagavatam isso é um assunto completamente aceito e
nem é uma
coisa que nos deixa (fez um gesto com as mãos que não é nada
demais)...
por que é um assunto completamente comum, assim como nós temos
nosso
veículo não é ? Você pega seu automóvel, vem aqui em Vrajabhumi,
visitar a
gente, porque um ser superior seria menos do que nós? E não teria
o seu
veículo? Só que o veículo não igual ao nosso, não tem a mesma
tecnologia
limitada eles tem veículos muito superiores, até porque as
distâncias são
muito superiores, então, têm dezenas e centenas de histórias onde
os
sábios que viviam em outros planetas se valiam dos seus veículos
e nos
visitavam aqui.

JOÃO OLIVEIRA - Não tem uma história de um semi-deus que voando
em sua
nave e, passando em cima de uma casa, viu em cidadão com sua
mulher e
resolveu roubar a mulher desse cidadão ?
Maharaja Chandramukha Swami - Sim, existe uma coisa assim, tem
até a
história de um deles que caiu da nave porque ficou contemplando
uma
mulher. Tem isso o tempo todo. Eu me lembro agora de uma história
do sábio
Citaraketa em que ele foi visitar Sr. Shiva, ele estava
palestrando, e a
palestra era sobre a renúncia e ele estava com a esposa no colo,
Shiva é
completamente transcendental, e quando o sábio chegou na palestra
e viu a
palestra de renúncia, mas com o Sr. Shiva com a esposa no colo,
ele achou
engraçado e deu uma risadinha , mas glorificando o Sr. Shiva,
porque ele é
demais, pode palestrar com a esposa no colo. Só que a esposa
quando
observou aquele sábio rindo, ela não entendeu. Ela parou a
palestra,
amaldiçoou ele e falou : "- Você vai ter que nascer na Terra,
porque você
caçoou do meu esposo". Mas ele estava rindo de apreciação. Mas
mesmo assim
ele imediatamente pensou: "- Acho que Deus quer que eu vá à Terra
porque
eu tenho uma missão lá". Ele nem se defendeu, de tão evoluído que
ele era,
ele então se levantou, reverenciou a esposa do Sr. Shiva, chamada
Parvati
e disse: "- Mãe se esse é o seu desejo eu vou!" E a descrição diz
que ele
entrou na nave dele e veio. Simplesmente veio e cumpriu sua
missão aqui. E
isso é completamente comum para nós.

JOÃO OLIVEIRA - O que é a Garuda?
Maharaja Chandramukha Swami - A Garuda é o transportador de
Vishnu, que
tem a aparência de uma águia, rosto de águia e corpo aparente de
ser
humano, é um Deva também, um ser divino. Assim como Brahma é
transportado
por um cisne e Shiva por um touro. Todos os semi-deuses têm um
veículo.
Alguns dizem que é uma nave e a gente tem tendência de projetar a
nossa
experiência, um avião parece um pássaro e, a gente pensa, esse
pássaro
pode ser um avião, devido a nossa experiência, o nosso ponto de
vista
aqui. Mas não é isso, são seres que tem sua consciência pessoal,
porque
inclusive nas escrituras eles conversam, eles falam e dão até
instruções
espirituais.

JOÃO OLIVEIRA - Além de veículo eles são seres vivos com
consciência?
Maharaja Chandramukha Swami - Com consciência, completamente. São
seres
vivos, que transportam.

JOÃO OLIVEIRA - O Sr. diria que no decorrer da história, no
decorrer
destes cinco mil, anos ainda é possível a manifestação destes
objetos de
transporte no nosso planeta ?
Maharaja Chandramukha Swami - Completamente. O problema é que
hoje em dia
o mundo está muito conturbado e as pessoas são muito ignorantes
então se
eles aparecem tem que se camuflar porque pode acontecer de tudo.
E também
não é o momento tão importante para eles agora, é o começo deste
momento,
porque existe um subperíodo que começou há dez mil anos, muito
positivo, e
auspicioso, do ponto de vista espiritual, embora também seja o
final de
uma era muito complicada. Então é um momento em que o divino e o
demoníaco
estão muito presentes. Eles estão começando a aparecer, mas quem
sabe
daqui a algum tempo quando a natureza divina se manifestar,
predominar
mais, a presença deles vai ser mais vista. Até porque nós teremos
uma
compreensão melhor e saberemos lidar com isso. Por outro lado
também
acreditamos na presença de seres que vem de forma mal
intencionada. Nosso
Guru, Prabhupada, falou que muitos vêm de dentro da Terra e não
são
evoluídos, muito pelo contrário. E outros vêm de Planetas
superiores...
então, tem de tudo, os estudantes do assunto sabem disso...



JOÃO OLIVEIRA - E a questão do tempo, parece que o tempo para
eles não tem
muito sentido. Esses cinco mil anos podem parecer horas....
Maharaja Chandramukha Swami - Exatamente. Outro exemplo que é
dado para
isso é quando uma pessoa entra em coma, ela pode ficar em coma um
tempo
grande, mas o que acontece, é que quando isso ocorre, o karma
dela não
está definindo. Então os semi-deuses estão reunidos para decidir
algumas
coisas, algum detalhe ali, isso às vezes pode durar muito tempo
e, para os
semi-deuses pode ter sido apenas uma conversa. A dimensão é
outra. O tempo
nos Planetas celestiais é muito mais longo do que nos Planetas
intermediários como o nosso, assim como o tempo dos Planetas
infernais
também é diferente. Tem insetos que vivem horas e a sensação
deles é de
uma vida inteira.

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