terça-feira, 2 de outubro de 2007

Jane Birkin apela por monges de Myanmar



A atriz e cantora inglesa Jane Birkin deixou de lado a divulgação de Caixas, seu primeiro filme como diretora, por uma missão mais relevante: apoiar as manifestações pacifistas dos monges budistas de Myanmar. Junto a Birkin, à mesa da coletiva na segunda 1º, na Tenda de Copacabana, estavam o monge budista Acharya Lobsang Chogni, e as atrizes Bruna Lombardi e Christiana Torloni, simpatizantes com a causa. O diretor Carlos Alberto Riccelli e a atriz Claudia Alencar (foto), também estiveram presentes.
Com uma longa história de militância política e humanitária, Jane Birkin integra a Anistia Internacional, o que a levou a se aproximar de Aung San Su Kyi, líder pacifista de Myanmar e Prêmio Nobel da Paz de 1991. No início da entrevista, ela foi enfática ao reiterar o motivo de sua vinda: “Confesso que pensei em não vir, até porque tenho, para a próxima quarta-feira, dia três, uma reunião marcada com o arcebispo de Paris, onde haverá uma manifestação. Entretanto, depois de refletir um pouco mais, percebi que vindo eu não me limitaria a falar apenas de um assunto pequeno, como é o caso da participação de meu filme Caixas aqui, mas, sim, de um outro enorme e de extrema importância, que é o dos monges de Myanmar”, disse a atriz.
Logo que chegou para a coletiva, Birkin fez um apelo ao presidente Luis Inácio Lula da Silva: “O presidente Lula é extremamente carismático e prestigiado no exterior. Ele poderia fazer uso disto para, como líder político de uma imensidão de católicos, tentar uma aproximação junto ao Papa, visando, assim, uma intervenção pacífica em Myanmar. Está na hora de todos nos unirmos, independente do seguimento religioso de cada um”, afirmou.
O monge Acharya Lobsang Chogni leu uma mensagem de Tenzin Gyatso, o Dalai Lama do Tibete. Além de mensagens de apoio, no final da declaração, Gyatso mostrou-se preocupado com a atual conjuntura de Myanmar: “Rezo pelo sucesso deste pacífico movimento e, também, pela libertação rápida da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi”.
Bruna Lombardi destacou a relevância de uma personalidade mundialmente conhecida como Jane Birkin defender causas nobres como esta. “Ela é uma pessoa iluminada, do tipo que vem ao mundo para mudá-lo, mas para mudá-lo para melhor. Saiu de longe, veio até aqui para tratar de um lugar mais longe ainda, e tudo por razões humanitárias. Assim como ela, creio que estejamos todos conectados, por isto, tenho certeza de que a presença dela aqui irá apenas multiplicar os cuidados e a atenção pelos monges de Myanmar”, falou a atriz.
Para Christiana Torloni, a iniciativa do Festival do Rio em abrir espaço para esta manifestação é louvável: “O Festival está servindo como plataforma de lançamento de causas primordiais para todos nós. Digo isto porque, para os budistas, esta questão de Myanmar pode ser tida como uma missão; já para os não-budistas, ela pode servir como uma lição, um aprendizado sobre o lutar pela paz, pelo amor ao mundo em que vivemos, pelos nossos ideais. Mas a luta que eles pregam não faz uso armas, não intenta matar, apenas harmonizar, transformar para melhor”, ressaltou a atriz.
Antes de terminar a coletiva, Jane Birkin agradeceu o convite, a oportunidade de expor os seus pensamentos, e disse que lamenta não ter tido a chance de melhor conhecer a cidade, mas que voltará em janeiro, para uma turnê musical. “Se a realidade de Myanmar vai mudar com o que fazemos agora, eu não sei. Torço por isto. Contudo, no mínimo, estamos mudando a postura de muitos em relação à realidade em sua volta, e isto é gratificante”, destacou. Marcus Mesquita.

Foto: Fernando Pereira

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