Dia 01 de outubro - 2ª. feira às 18:30: NEM TUDO É VERDADE, de Rogério
Sganzerla, com a presença de Helena Ignez
Elenco: (ficcional) Arrigo Barnabé (Orson Welles), Helena Ignez
(Matilde), Grande Otelo (depoimentos), Nina de Pádua, Mariana de
Morais, Abrahão Farc; Mário Cravo; José Marinho, Vânia Magalhães,
Otávio Terceiro, Nonato Freire.
Elenco: (documental) Getúlio Vargas, Gustavo Capanema, Anselmo Duarte,
Carlos Drummond de Andrade, Francisco Alves, Haroldo Barbosa, Heitor
dos Prazeres, Bidê, Marçal, Grande Otelo, Jacaré, Oswald de Andrade,
Mesquitinha, Alex Viany, John Ford, Peri Ribeiro, Clementina de Jesus,
entre outros.
Sinopse:
Mistura de documentário e ficção sobre a visita que o cineasta
norte-americano, Orson Welles, fez ao Brasil em 1942 para rodar o
filme “It´s All True”. Boicotado pelo D.I.P - Departamento de Imprensa
e Propaganda do governo Getúlio Vargas, depois da morte de Jacaré,
jangadeiro que participava das filmagens, Welles, é demitido pela nova
direção da RKO Rádio Pictures, e volta aos EUA sem terminar o projeto.
Dia 08 de outubro - 2ª. Feira às 18:30 horas: A NECESSIDADE DA ARTE,
de Zelito Viana, com a presença do diretor.
O filme parte de um livro de Ferreira Gullar em que ele escreve textos sobre
obras de arte que ele particularmente aprecia. Estes textos são entremeados
com uma entrevista do Gullar comigo sobre a imperiosa necessidade do ser
humano de ARTE no sentido mais amplo posssível do termo.
Dia 15 de outubro - 2ª. feira às 18:30 horas: ROMANCE PROIBIDO de
Adhemar Gonzaga, com a presença de Alice Gonzaga, filha do diretor.
Uma produção da Cinédia
Intérpretes: Milton Marinho. Lúcia Larnur, Nilza Magrassi. Dercy
Gonçalves , Grande Otelo. Violeta Ferraz . Fada Santoro.
Típico exemplar do cinema brasileiro dos anos de guerra e do Estado Novo,
"Romance proibido", a exemplo de "Aves sem ninho" e "Caminhos do céu", é
filme nacionalista e austero, que exalta o valor dos seres humanos que
abdicam de suas aspirações pessoais em benefício do progresso da
coletividade, através do nobre exercício de uma profissão. Estreou no Rio de
Janeiro nos Cinemas Plaza, Astória, Olinda, Ritz e República, a 18 de
dezembro de 1944. O maior lançamento já obtido para filmes do cinema
brasileiro. Em São Paulo, no Cinema Metro, a 14 de dezembro de 1944.
Sinopse
Passando por dificuldades financeiras em sua fazenda, Cavalcanti vem ao Rio
de Janeiro buscar a filha Tamar, que estuda em um colégio interno. No
retorno ela reencontra Carlos, sua grande paixão e de quem está noiva há
tempos. Resolvem marcar o casamento para a volta de Carlos da capital
federal, embora haja quem duvide que o enlace se consume. O boêmio Carlos
viaja com o grande amigo e companheiro de farras Jararaca. Após acertarem as
dívidas com o banco, resolvem fazer uma incursão pela noite do Rio. Carlos
conhece e se apaixona por Gracia, uma coquete dama da sociedade, sem saber
que ela e Tamar são grandes amigas. Quando a verdade é revelada, Gracia
rompe o namoro e decide lecionar no interior do país, juntando-se ao esforço
educacional e civilizatório do governo, sem imaginar que o destino ainda
testaria seus sentimentos e sua determinação.
Romance Proibido foi dirigido por Adhemar Gonzaga em meio ao contexto da
Segunda Guerra Mundial, o que significou uma produção arrastada - começou em
1939 -, complicada do ponto de vista técnico - faltava filme virgem,
reagentes, etc. - e com reflexos na parte artística. Era uma refilmagem
disfarçada de Barro Humano e do inacabado Saudade, com a história deslocada
para o contexto do Estado Novo. Em vez do final feliz original, a
protagonista agora ficava sozinha e decidia levar a educação para as
comunidades do interior, em missão patriótica tão ao gosto do momento. O
nacionalismo gonzagueano flertava com o autoritarismo varguista em sua face
de renovação espiritual e social do homem brasileiro, com direito à presença
do projetor cinematográfico em plena sala de aula, como um instrumento
fundamental de difusão da educação e da cultura.
As grandes qualidades de Romance proibido estão em sua força como documento
de época, revelando um desencanto com a elite perdulária, vazia e
descompromissada politicamente, e uma adesão ao ideal do "novo homem
brasileiro" estadonovista. Bem entendido, o nacionalismo gonzagueano se
serve do contexto do momento, mas não sem fazer certos reparos e indicar os
limites do projeto governista. É particularmente interessante o contraste
que se estabelece entre os freqüentadores chiques do cassino e a
apresentação de um número de bailado na escola nacionalista de dança
folclórica, e a introdução do projetor cinematográfico na escola pública,
sem prejuízo do consumo de cinema, qualquer que seja a cinematografia (no
filme, corta-se da sala de aula para a porta de um cinema que está exibindo
um western norte-americano), sabendo-se o quanto parte do governo getulista
era xenófobo à América.
O filme não sobreviveu completo, perdendo-se certos trechos, substituídos
para efeito de compreensão da estória por fotografias e legendas. Mesmo
assim evidencia as potencialidades e os problemas de um cinema de estúdio no
Brasil àquela altura. Há prodígios cenográficos, como o prédio da escola,
assim como limitações gravíssimas, como a ausências de móveis em certos
ambientes, substituídos por réplicas singelas.
Dia 22 de outubro - 2ª. Feira -às 16:00 horas: BRILHANTE (história de
amor entre uma cidade e um filme) de Conceição Senna, com a presença
da diretora.
Sinopse
Um filme intitulado “Diamante bruto” é realizado em 1977 na cidade de
Lençóis, Chapada Diamantina da Bahia, arruinada pela decadência dos
garimpos de diamantes, única atividade econômica. Está longe o passado
de esplendor, da Aristocracia do Diamante, dos coronéis guerreiros. A
bela arquitetura está desabando, centenas de jovens abandonam a
cidade. Acredita-se que Lençóis não tem futuro. Toda a população de
quatro mil habitantes participa do filme, uma obra comunitária. O
filme, exibido no Brasil e no exterior, resgata a auto confiança dos
moradores da cidade e atrai muitos visitantes. Lençóis se transforma
em um emergente centro turístico.
Durante 25 anos a população alimenta uma relação especial com o filme,
exibindo-o constantemente, realizando trabalhos nos colégios, peças de
teatro e shows nele inspirados. Um dos aspectos mais comoventes desta
relação especial da comunidade com o filme, deste caso de amor que se
prepara para comemorar as “bodas de prata”, é o ritual das famílias
que vão ver seus mortos com vida, na tela. Como quase todos os
moradores da época aparecem no filme, a cada ano aumenta o número de
pessoas mortas, cujas imagens estão preservadas na eternidade do
cinema. É um ritual que mistura lágrimas e sorrisos, as pessoas vendo
os que já se foram ainda vivos, vivos para sempre.
Os habitantes da cidade (hoje com seis mil habitantes), os lençoenses,
têm absoluta certeza que o filme foi o impulso inicial da
transformação econômica, a fonte geradora daquele futuro que, em 1977,
os moradores não conseguiam enxergar. Dois anos depois aparecem os
primeiros turistas, pessoas que haviam visto o filme e se sentiram
atraídas pelas paisagens da montanha e pela arquitetura colonial. O
governo da Bahia e as agências de viagens descobrem o grande potencial
da cidade e da região e as transformam em um pólo turístico, é criado
o Parque Nacional da Chapada Diamantina e um campus avançado de uma
universidade.
O acelerado processo de transformação, saltando da economia e da
cultura extrativistas para a moderna indústria do turismo, gera novas
atividades, novas fontes de riqueza, a comunidade conhece um novo tipo
de “corrida ao ouro”, que traz para a cidade não os tradicionais
garimpeiros mas sim comerciantes, empresários, especuladores. Gera
também uma radical modificação na organização social comunitária e, em
consequência, conflitos de interesses. O processo de transformação é
narrado em paralelo à reconstituição do episódio que o proporcionou:
as filmagens de “Diamante bruto” em 1977.
Em 2002 o problema mais grave envolve exatamente os garimpeiros, os
fundadores da cidade. O garimpo de diamantes foi proibido e muitos
garimpeiros não se adaptam à nova economia, não querem ser guias de
turismo, querem seguir a tradição de seus antepassados. Alguns optam
pela clandestinidade, enganam a polícia e garimpam em lugares quase
inacessíveis da montanha. Outros optam pela política, tentam convencer
as autoridades que o garimpo manual praticado na região não causa
danos ambientais. O documentário termina com a sugestão de um jovem
garimpeiro: a gente faz outro filme e - quem sabe? - resolve também
esta questão.
Dia 29 de outubro - 2ª. feira às 18:30 horas: EXPEDITO EM BUSCA DE
OUTROS NORTES de Aida Marques e Beto Novaes, com a presença dos
diretores.
Leitura dos poemas: Chico Buarque
Sinopse
O filme compõe um painel da ocupação da Amazônia promovida pelo regime
militar na década de 1970. O fio condutor é a história de Expedito
Ribeiro de Souza, um poeta e lavrador, que, ao chegar ao Pará em busca
de um pedaço de terra para cultivar, torna-se uma das principais
lideranças do sindicato rural local. Após uma série de ameaças,
Expedito acaba por ser assassinado a mando de um dos latifundiários a
quem se opunha politicamente.
ATÉ NOVEMBRO - Cine ABI - Associação Brasileira de Imprensa - rua
Araujo Porto Alegre - Centro - Rio de Janeiro. Toda segunda às 18.30.
Entrada franca.
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