terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O dilema dos transgênicos

(Verifiquem os rótulos dos produtos que consomem. Se existe um "T" internamente a um triângulo, certamente estão comprando um alimento transgênico, pois este é o símbolo que identifica o produto como tal, constante do rótulo, conforme exige a nossa legislação)



27/01/2009 – Jornalista faz ataque à Monsanto em livro

"A biotecnologia em si não é boa nem ruim. Ela é uma ferramenta." argumento usado por cientistas defensores do uso de plantas transgênicas. Quem não enxerga, por exemplo, o mérito de distribuir para países pobres um arroz geneticamente modificado para conter mais vitaminas? Certamente ajudaria a combater a desnutrição. A declaração acima, não é de um biólogo molecular, e sim de Robert Shapiro, ex-presidente da Monsanto - a empresa detentora de 90% do mercado global de transgênicos. A fala está em discurso público do executivo, no documentário "Le Monde Selon Monsanto" ("O Mundo Segundo a Monsanto"), lançado em 2008 na França e sem previsão de estréia em grande circuito no Brasil, exibido no CINE GAIA, Mostra de Cinema Ambiental em novembro de 2008, no Jardim Botânico do Rio. Um livro homônimo acaba de sair em português (Radical Livros, 372 págs., R$ 54,00).As duas obras, assinadas por Marie-Monique Robin, aclamada pela esquerda
francesa por suas reportagens sobre direitos humanos, é um libelo contra os OGMs (organismos geneticamente modificados). Seu foco é a soja da Monsanto criada para ampliar a venda do seu herbicida Roundup.

Segundo seu livro, 70% das sementes transgênicas vendidas no mundo são de vegetais resistentes ao Roundup, borrifado indiscriminadamente sobre plantações, que mata só as ervas daninhas. Um gene inserido na soja torna-a imune ao popular Roundup. Os outros 30% são plantas da variedade chamada Bt, que exalam inseticida de suas folhas e caules. Em tese, livram o agricultor da necessidade de mais veneno contra insetos. "É uma façanha tecnológica admirável", reconhece Robin, antes de dizer ao espectador a que veio: mostrar por que a Monsanto ganhou de ambientalistas o apelido de "Monsatã". Seu documentário relata o processo de discussão legislativa sobre os transgênicos nos EUA na década de 1990 , legando ao país um certo liberalismo sanitário. A opção da FDA (agência de vigilância sanitária dos EUA) foi não criar uma regulamentação específica para os OGMs. Plantas "Roundup Ready" ou Bt passaram a ser vistas pela lei como vegetais comuns. Um gene a mais ou a menos não altera a "equivalência em substância" entre as plantas transgênicas e variedades comuns, diz a portaria da FDA de 1992. Surgiu então a controvérsia "Estas são plantas-pesticidas e deveriam ser testadas como pesticidas", diz Robin. "Testar a segurança sanitária de um pesticida leva dois anos. Os OGMs plantados agora foram checados durante três meses, e os problemas que surgem da intoxicação crônica não aparecem." Como evidência do potencial tóxico do glifosato, princípio ativo do Roundup, Robin apresenta um estudo de Robert Bellé, do Instituto Pierre e Marie Curie. Um teste em ouriços-do-mar, (animal modelo da biologia experimental), aponta o herbicida por afetar sua divisão celular, "a primeira etapa que conduz ao câncer", diz. O trabalho de Bellé não é o único a apontar problemas. Na França o Roundup não pode mais exibir rótulo com a inscrição "biodegradável", já que a substância é mais persistente do que se achava.

A história dos transgênicos nos EUA mostra um advogado- Michael Taylor e não um químico como personagem-chave por trás do conceito da "equivalência em substância", segundo Robin. Tendo trabalhado para a Monsanto até 1990, Taylor largou seu escritório quando convidado pela gestão Clinton a ocupar um cargo na FDA, onde ajudou a definir a política de governo para os OGMs. Após alguns anos, voltou à empresa para ocupar a vice-presidência.

O livro referencia documentos históricos e mostra como a empresa criou cultura eficaz para omitir efeitos nocivos de seus produtos como o PCB, fluido usado em transformadores elétricos por meio século, banido na década de 70 (a muito a empresa sabia dos malefícios da substância, conforme documentos internos), o agente laranja (desfolhante usado na Guerra do Vietnã), o hormônio de crescimento usado em vacas e um herbicida à base de dioxina. Todos produtos Monsanto. Por fim, fala-se da estratégia da empresa para esgotar a oferta de sementes de soja não-transgênica nos EUA, comprando empresas pequenas e processando por royalties, sojicultores acusados de usar sementes "piratas"com plantações "invadidas" via polinização natural, pela soja da Monsanto. Paradigma do capitalismo globalizado, a Monsanto tem mesmo uma história muito especial nos EUA", disse Robin à Folha. No mês passado, Robin esteve no Brasil para lançar seu livro e negociar direitos de distribuição do documentário. Uma TV brasileira interessada, não fechou negócio."Obtivemos a informação de que eles queriam comprar o filme para engavetá-lo depois." (Resumo com grifo meu - este filme estarrecedor foi asistido por mim, a reportagem original omite a exibição do filme no Rio de Janeiro, durante a mostra Gaia no Jardim Botânico- baseado na reportagem de Rafael Garcia/ Folha Online)

Enviado por Suzana Sattamini {Rede 3setor ( Rede de Informação e Discussão do Terceiro Setor)}

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brasildefato.com.br/Milho transgênico invade campo brasileiro

Fonte da imagem: http://zmramos.110mb.com

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