segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Manifestação antinuclear na França reuniu centenas de ativistas

Mais de 1000 ativistas antinucleares se reuniram neste sábado, 10, em Marselha, na França, para dizer "não ao projeto de fusão nuclear ITER". Com cartazes, máscaras, faixas, bandeiras e animação, os/as manifestantes marcharam pelas ruas centrais da cidade, explicando que o projeto ITER não oferecerá uma energia "limpa, segura, abundante e econômica, para o bem da humanidade", como alardeiam os empreendedores do projeto. Palavras de ordem também expresaram a oposição dos/as participantes, como, “ITER, não obrigado, nem aqui nem em outra parte". Estiveram no ato militantes da Federação Anarquista Francófona, do grupo Sair do Nuclear, Greenpeace, estudantes da Universidade de Provença e individualidades diversas.

Mais infos e imagens: www.stop-iter.org

A seguir um comunicado da Federação Anarquista Francófona distribuído antes e durante a manifestação antinuclear:

Nem prosseguimento, nem retomada: Parada imediata da energia nuclear civil e militar!

Há um ano, as grandes potências nucleares mundiais entraram em acordo sobre um programa de pesquisa para o controle da fusão nuclear. Sem que se conheçam todas as suas negociações reais, é a localidade de Cadarache, meca de tratamento de plutônio, hoje transferido a Marcoule, que foi finalmente reservado. Podemos alegrar-nos com uma escolha dessas? E sobretudo, quais são suas conseqüências?

Nós, anarquistas, somos partidários das luzes contra os obscurantismos, e a pesquisa é uma necessidade fundamental.

Mas nós sabemos que ela está cada vez mais submetida aos interesses econômicos dominantes em suas aplicações e mesmo em suas orientações: nem sempre se encontra o que se procura, mas nunca se descobre o que não se quer encontrar! Nossa hostilidade ao projeto ITER, além dos perigos reais de tal instalação, é justificada pelo fato de que tal escolha confirma a recusa de orientar-se em direção a uma sociedade menos produtivista, menos poluída, menos centralizada; vamos contra o muro e aceleramos na esperança de desintegrá-lo! Os pesquisadores que abrem trilhas para o nosso futuro estão freqüentemente à margem, pois as instituições, cujos meios vêm cada vez mais de fundos privados, procuram antes de tudo servir bem a seus patrões. Se os pesquisadores manifestam, com direito, e desde alguns anos, por mais meios para financiar seus trabalhos, pensamos que lhes faltam antes de tudo, à sua maioria, imaginação e coragem política para orientar suas pesquisas no sentido dos interesses dos povos e não das multinacionais.

Aliás, para energia nuclear, os poderes públicos sempre encontram dinheiro: o conselho regional PACA, por pura demagogia, não acaba de anunciar que para cada euro consagrado ao ITER, um euro será investido nas energias renováveis?

Desde os anos setenta, os governos franceses um após outro mantiveram firmemente a orientação nuclear, tanto militar quanto civil. Apesar de Chernobil, o fiasco de Superphénix, os múltiplos “incidentes” das usinas nucleares, a acumulação dos dejetos altamente radioativos por milhares de anos, o esgotamento previsível dos recursos de urânio, apesar de... uma opinião pública majoritariamente hostil à energia nuclear.

Por quê? Porque a energia nuclear é a escolha da guerra, militar inicialmente, mas também econômica e de classe. A energia nuclear implica, por sua tecnicidade e sua periculosidade, uma concentração e uma segurança reforçadas, que justificam uma opacidade das informações cara a cara com a população; é o oposto de utilizar o melhor possível as energias renováveis, que se geram mais perto dos usuários (mesmo se um novo mercado, o dos parques eólicos, se desenvolva atualmente).

Em vez de apostar massivamente na utilização individual de energia solar (aquecimento e eletricidade), por exemplo, que permitiria aos usuários de livrarem-se do controle que exercem sobre eles os grandes grupos de distribuição de energia, o Estado prefere claramente tentar reproduzir a energia solar nas suas usinas: controlar a energia é um dos pilares principais para manter seu poder.

As(os) militantes da Federação Anarquista chamam então a uma grande mobilização contra o programa ITER, em particular, juntando-se à manifestação do sábado, dia 10 de novembro de 2007, às 14h00 no portão de Aix, em Marselha. Combater a utilização tanto da fissão quanto da fusão atômicas é uma etapa importante para que a população se aproprie das escolhas energéticas da sociedade, pois a utilização da energia nuclear implica uma sociedade totalitária, na qual nossas necessidades e os meios de satisfazê-las são ditados pelo Estado, em proveito de grandes grupos financeiros e industriais que vêem apenas seus interesses, qualquer que seja o custo para o planeta e seus habitantes.

A única fusão necessária é a de nossas vontades, para decidir coletivamente e livremente em qual sociedade queremos viver.

Federação Anarquista Francófona

Tradução: Guilherme M.

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agência de notícias anarquistas-ana

No colo da mãe,
Sem soltar o cata-vento,
Dorme a menina.

Sérgio Francisco Pichorim

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