Tecnico X Operador de Som
O técnico de som é como o diretor de fotografia. Ele regula o mixer, responde ao diretor se o som tá ok, é responsável pelo som do filme. O fotógrafo define o movimento, enquadramento, qual filme a ser usado e a fotometria.
O operador de som é como o cameraman ou 1º assistente de câmera. Esses ficam com a câmera e o microfone ao lado do diretor bem na frente da cena. São os que captam diretamente o som e a imagem.
O técnico e o fotógrafo ficam ali por trás, um na mesa e outro no vt, se achando e recebendo todos os créditos no final.
Claro que em filmes B.O. as funções são acumuladas.
O técnico seria quem dá suporte ao equipamento, enquanto operador é quem trabalha utilizando o equipamento como meio, uma espécie de usuário do equipamento, enquanto o técnico fica encarregado do suporte técnico...
Materializadas em bits toxinas neurais trazidas pelos ventos daquilo que simplesmente é. Isto é nada se não for para o Todo.
segunda-feira, 28 de junho de 2004
25 à 27 de junho
Sexta à noite teve ensaio do sensorial. experimentamos- depois de muito insistir- um novo formato para as canções: mais lento e mais baixo.
Treiinamos para o show da casa de cultura. Vou levar só surdo, caixa e prato. Eles trão que tocar baixo. Os mais complicados são plet e edio. Um não tem controle sobre o que faz e, de repente, ouvimos estrondos; o outro se empolga e esmurra seu instrumento enquanto os outros tocam suavemente.
Carlos e também tem problemas com volume mas se controlam - um pouco- mais.
No geral foi bom. O novo formato deu certo (dessa vez).
Sabado, ensaio com o MJ. Chego atrasado como sempre mas o ensaio rende. tocamos todas as novas e a cover de wanna be your man, dos...deles mesmo. Sem setlist, saiamos tocando a que qq 1 puxasse.
Saí dali correndo para niteroi para ensaiar com o supercordas.
Primeiro ensaio, timidez, os caras acostumados com batida eletronica etc
Felipe saiu logo pois não podia perder o show de graça do Hermeto na Lagoa. Ensaiamos mais ou menos uma hora e cheguei morto em casa.
Ainda fiz algumas importações para o computador do material do MODOS.
Tinha que acordar às cinco e meia pois trabalharia no vestibular domingo de manhã.
Cheguei meia hora atrasado mas deu tudo certo. Ao sais, às dez, liguei para o vitor do cmi para saber se cobririam a parada gay.
Depois dele confirmar com o zé, ficou combinado de nos encontrarmos em frente ao Copacabana Palace.
Cheguei lá na hora combinada e, o vitor ligou dizendo que não iria mais. Encontrei o zé lá pelas duas e meia. Já estava puto. Ele não trouxe a mini dv para eu gavar o 'espetáculo'. Fiquei mais puto ainda e, quando ele saiu para tentar tirar umas fotos de cima do caminhão de som, me afastei e fiquei por ali mais um tempo.
Nem cheguei a ver o desfile começar. não tinha nada ali pra mim ver (gravar sim, registrar sim, mas nã tinha a fita). Como estava com a camera e com algo mais que podia complicar a situação, fui pra casa tirar o atraso do sono.
Que merda é o CMI RJ! Que falta de organização e envolvimento dos seus!!
Sexta à noite teve ensaio do sensorial. experimentamos- depois de muito insistir- um novo formato para as canções: mais lento e mais baixo.
Treiinamos para o show da casa de cultura. Vou levar só surdo, caixa e prato. Eles trão que tocar baixo. Os mais complicados são plet e edio. Um não tem controle sobre o que faz e, de repente, ouvimos estrondos; o outro se empolga e esmurra seu instrumento enquanto os outros tocam suavemente.
Carlos e também tem problemas com volume mas se controlam - um pouco- mais.
No geral foi bom. O novo formato deu certo (dessa vez).
Sabado, ensaio com o MJ. Chego atrasado como sempre mas o ensaio rende. tocamos todas as novas e a cover de wanna be your man, dos...deles mesmo. Sem setlist, saiamos tocando a que qq 1 puxasse.
Saí dali correndo para niteroi para ensaiar com o supercordas.
Primeiro ensaio, timidez, os caras acostumados com batida eletronica etc
Felipe saiu logo pois não podia perder o show de graça do Hermeto na Lagoa. Ensaiamos mais ou menos uma hora e cheguei morto em casa.
Ainda fiz algumas importações para o computador do material do MODOS.
Tinha que acordar às cinco e meia pois trabalharia no vestibular domingo de manhã.
Cheguei meia hora atrasado mas deu tudo certo. Ao sais, às dez, liguei para o vitor do cmi para saber se cobririam a parada gay.
Depois dele confirmar com o zé, ficou combinado de nos encontrarmos em frente ao Copacabana Palace.
Cheguei lá na hora combinada e, o vitor ligou dizendo que não iria mais. Encontrei o zé lá pelas duas e meia. Já estava puto. Ele não trouxe a mini dv para eu gavar o 'espetáculo'. Fiquei mais puto ainda e, quando ele saiu para tentar tirar umas fotos de cima do caminhão de som, me afastei e fiquei por ali mais um tempo.
Nem cheguei a ver o desfile começar. não tinha nada ali pra mim ver (gravar sim, registrar sim, mas nã tinha a fita). Como estava com a camera e com algo mais que podia complicar a situação, fui pra casa tirar o atraso do sono.
Que merda é o CMI RJ! Que falta de organização e envolvimento dos seus!!
"Planet Of Sound"
(Pixies)
One fine day in my odd past
i picked me up a transmission
i turned the fission ignition
went looking for the broadcaster
and when i first touched some ground
they simply told me leave
was kind of hard to believe
'cause there was not one around
this ain't the planet of sound 4X
i had a talented wine
that land o' classical gas
and on the planet of glass
they sent me skipping through time
i got to somewhere renowned
for it's canals and color of red
and lots of guys who shook their heads
rhythmically to resound
this ain't the planet of sound 4X
this ain't no rock and roll town
this ain't no fuckin' around
this ain't no planet of sound
i met a guy in a rover
he said its one more over
its just there where your bound
this ain't the planet of sound 4X
"Planeta Do Som"
Um dia fino em meu passado impar
eu me peguei numa transmissão
eu girei a (fission?) ignição
fui procurar o radiodifusor
e ao primeiro contato com alguma terra
Eles simplesmente me pediram para ir
era algo difícil de acreditar
pois não tinha ninguém ao redor
este não é o planeta do som
eu tinha um vinho inspirador
esse gás clássico da terra
e no planeta de vidro
emitiram-me num salto através do tempo
em algum lugar renovado
para os canais e a cor do vermelho
e muitos caras que agitavam suas cabeças
ritmicamente ao reverberar
este não é o planeta do som
esta não é nenhuma cidade do Rock and Roll
isto não é nada ao redor
este não é nenhum planeta do som
encontrei-me com um cara vagabundeando
ele disse que isto está mais uma vez acabado
justamente lá onde está seu limite
este não é o planeta do som
(Pixies)
One fine day in my odd past
i picked me up a transmission
i turned the fission ignition
went looking for the broadcaster
and when i first touched some ground
they simply told me leave
was kind of hard to believe
'cause there was not one around
this ain't the planet of sound 4X
i had a talented wine
that land o' classical gas
and on the planet of glass
they sent me skipping through time
i got to somewhere renowned
for it's canals and color of red
and lots of guys who shook their heads
rhythmically to resound
this ain't the planet of sound 4X
this ain't no rock and roll town
this ain't no fuckin' around
this ain't no planet of sound
i met a guy in a rover
he said its one more over
its just there where your bound
this ain't the planet of sound 4X
"Planeta Do Som"
Um dia fino em meu passado impar
eu me peguei numa transmissão
eu girei a (fission?) ignição
fui procurar o radiodifusor
e ao primeiro contato com alguma terra
Eles simplesmente me pediram para ir
era algo difícil de acreditar
pois não tinha ninguém ao redor
este não é o planeta do som
eu tinha um vinho inspirador
esse gás clássico da terra
e no planeta de vidro
emitiram-me num salto através do tempo
em algum lugar renovado
para os canais e a cor do vermelho
e muitos caras que agitavam suas cabeças
ritmicamente ao reverberar
este não é o planeta do som
esta não é nenhuma cidade do Rock and Roll
isto não é nada ao redor
este não é nenhum planeta do som
encontrei-me com um cara vagabundeando
ele disse que isto está mais uma vez acabado
justamente lá onde está seu limite
este não é o planeta do som
quarta-feira, 23 de junho de 2004
Sem pressa e Com calma
Fui à casa dela
Rolou um papo
Dessa vez nos redimimos
Como dois adultos nos tratamos
Sem pressa
Com calma
Fiquei de voltar no dia seguinte mas meus compromissos me impediram
Ela disse que posso voltar quando puder
Embora isso esteja o tempo todo ao meu lado
Não quero voltar pelo que prometi
Fui à casa dela
Rolou um papo
Dessa vez nos redimimos
Como dois adultos nos tratamos
Sem pressa
Com calma
Fiquei de voltar no dia seguinte mas meus compromissos me impediram
Ela disse que posso voltar quando puder
Embora isso esteja o tempo todo ao meu lado
Não quero voltar pelo que prometi
Ontem, Eu
Ontem fui ator
Exercício de fotografia
As aulas de Direção de Atores ajudaram
Pra variar estouramos o tempo
E alguns planos tiveram que ser cortados
Só foi feito o ultimo plano dela
Seminua de frente pro espelho partido
A soma tinha muito de corporal
O trabalho de ontem foi corporal
Os corpos seminus
Homens e mulheres co-habitando
Movimento regulado
Ação decidida
De olho no relógio
Confusão mental percebida e anulada
Organizar cronológicamente os flashes memoriais
O observador mór ajuda quando necessário
Sentado em sua posição
Aparece para anunciar o fim
Seu pupilo que observava ao longe
Me pergunta se há um instrumentista (onde não deveria haver um)
Respondo que dentro do disco
Há um instrumentista
O homônimo da caveira ajuda no que pode
Nós fechamos.
A magrela o conhece. Muitos o conhecem.
Vagabundo está em casa
No seu devido lugar
Também precisamos aprender, os que buscam isso
Seu assistente não cruza comigo eletricamente
Não devo deixar sensações dominarem e ser amigo
Desajeitado, me pisa e me esbarra
É um bom sujeito
Qui é um anjo
Adoraria tê-la por perto mais vezes
Imensamente inteligente
Senti o sui geniris dela
O apóstolo sem sensibilidade quase não fala
Está assim pois é de manhã
É como eu. Vejo algo de mim ali.
Espera que eu lhe ensine algo mas hoje recusei a profissão
Sou um boneco que exerce sugestões
Só é preciso estar
Canto, me mexo, tusso, sou.
O idiota que ouve e tem dificuldades em
Equilibrar as percepções sem esquecer do mei
Ontem fui ator
Exercício de fotografia
As aulas de Direção de Atores ajudaram
Pra variar estouramos o tempo
E alguns planos tiveram que ser cortados
Só foi feito o ultimo plano dela
Seminua de frente pro espelho partido
A soma tinha muito de corporal
O trabalho de ontem foi corporal
Os corpos seminus
Homens e mulheres co-habitando
Movimento regulado
Ação decidida
De olho no relógio
Confusão mental percebida e anulada
Organizar cronológicamente os flashes memoriais
O observador mór ajuda quando necessário
Sentado em sua posição
Aparece para anunciar o fim
Seu pupilo que observava ao longe
Me pergunta se há um instrumentista (onde não deveria haver um)
Respondo que dentro do disco
Há um instrumentista
O homônimo da caveira ajuda no que pode
Nós fechamos.
A magrela o conhece. Muitos o conhecem.
Vagabundo está em casa
No seu devido lugar
Também precisamos aprender, os que buscam isso
Seu assistente não cruza comigo eletricamente
Não devo deixar sensações dominarem e ser amigo
Desajeitado, me pisa e me esbarra
É um bom sujeito
Qui é um anjo
Adoraria tê-la por perto mais vezes
Imensamente inteligente
Senti o sui geniris dela
O apóstolo sem sensibilidade quase não fala
Está assim pois é de manhã
É como eu. Vejo algo de mim ali.
Espera que eu lhe ensine algo mas hoje recusei a profissão
Sou um boneco que exerce sugestões
Só é preciso estar
Canto, me mexo, tusso, sou.
O idiota que ouve e tem dificuldades em
Equilibrar as percepções sem esquecer do mei
terça-feira, 22 de junho de 2004
DIALOGISMO:
A LINGUAGEM VERBAL COMO EXERCÍCIO DO SOCIAL
Cláudia Lukianchuki
Doutora em Comunicação pela ECA-USP e
Professora de Língua Portuguesa e Comunicação do CEFET-SP
Com base nos referenciais teóricos da Análise do Discurso de orientação francesa e de Bakhtin, este artigo discute o conceito de Dialogismo, Dialogicidade e suas implicações, enfocando a linguagem verbal como exercício do social. Pensar dialeticamente a realidade social é ver, através da língua dada, a palavra dando-se num movimento contínuo. A palavra é a mediadora entre o social e o individual. Ao aprender a falar, o ser humano também aprende a pensar, na medida em que cada palavra é a revelação das experiências e valores de sua cultura. Desse ponto de vista, tem-se que o verbal influencia nosso modo de percepção da realidade. Portanto, cabe a cada um assumir a palavra como manutenção dos valores dados ou como intervenção no mundo.
"Tudo se reduz ao diálogo, à contraposição dialógica enquanto centro. Tudo é meio, o diálogo é o fim. Uma só voz nada termina, nada resolve. Duas vozes são o mínimo de vida".(Mikhail Bakhtin)
O pensamento de Bakhtin revelado em suas obras, apesar de plural, tem uma unidade garantida pela centralidade da linguagem, cujo método de análise é a dialética. Dialogismo é o conceito que permeia toda a sua obra. É o princípio constitutivo da linguagem, o que quer dizer que toda a vida da linguagem, em qualquer campo, está impregnada de relações dialógicas. A concepção dialógica contém a idéia de relatividade da autoria individual e conseqüentemente o destaque do caráter coletivo, social da produção de idéias e textos. O próprio humano é um intertexto, não existe isolado, sua experiência de vida se tece, entrecruza-se e interpenetra com o outro. Pensar em relação dialógica é remeter a um outro princípio - a não autonomia do discurso. As palavras de um falante estão sempre e inevitavelmente atravessadas pelas palavras do outro: o discurso elaborado pelo falante se constitui também do discurso do outro que o atravessa, condicionando o discurso do eu. Em linguagem bakhtiniana, a noção do eu nunca é individual, mas social. Nos seus escritos, Bakhtin aborda os processos de formação do eu através de três categorias: o eu-para-mim, o eu-para-os-outros, o outro-para-mim. Da formulação dessa tríade, pode-se entrever sua inquietude frente a algumas questões: Como o eu estabelece sua relação com o mundo?; Existe uma oposição entre o sujeito e o objeto? "Para ele, não há um mundo dado ao qual o sujeito possa se opor. É o próprio mundo externo que se torna determinado e concreto para o sujeito que com ele se relaciona." (Freitas, 1996, p.125-6)
LINGUAGEM E PENSAMENTO
A consciência individual é, portanto, um fato social e ideológico. Dito de outra maneira, a realidade da consciência é a linguagem e são os fatores sociais que determinam o conteúdo da consciência - do conjunto dos discursos que atravessam o indivíduo ao longo de sua vida, é que se forma a consciência. O mundo que se revela ao ser humano se dá pelos discursos que ele assimila, formando seu repertório de vida. Pelo fato de a consciência ser determinada socialmente não se pode inferir que o ser humano seja meramente reprodutivo, o que se ressalta é, portanto, a criatividade do sujeito humano: é influenciado pelo meio, mas se volta sobre ele para transformá-lo. Duas vezes nasce o homem: fisicamente (o que não o faz inserir na história) e socialmente determinado pelas condições sociais e econômicas. Posto isso, não se pode sustentar a idéia - tão propalada pelo idealismo e pelo positivismo psicologista - de que a ideologia deriva da consciência. Sob a forma de signos é que a atividade mental é expressa exterior e internamente para o próprio indivíduo. Sem os signos a atividade interior não existe. A palavra não é só meio de comunicação, mas também conteúdo da própria atividade psíquica.
Nessa mesma linha, Vygotski, psicólogo russo, tentou superar, dentro do materialismo histórico dialético, a crise no campo da psicologia, verificada no conflito entre as concepções idealista e mecanicista, apresentando propostas teóricas inovadoras voltadas para temas que tratavam da inter-relação pensamento e linguagem rumo a uma teoria geral das suas raízes genéticas, natureza do processo de desenvolvimento da criança e o papel da instrução no desenvolvimento. A idéia revolucionária de que a consciência humana é determinada historicamente é o núcleo mobilizador de suas pesquisas, levando-o a colocar como centro de suas preocupações as questões da linguagem não como um sistema lingüístico de estrutura abstrata, mas em seu aspecto psicológico. Seu interesse residia em estudar a linguagem como constituidora do sujeito com o enfoque na relação pensamento e linguagem, chave para a compreensão da natureza da consciência humana. Partindo do pressuposto de que pensamento e linguagem têm raízes diferentes, constatou que o pensamento e a palavra, apesar de não serem ligados por um elo primário, não podem ser considerados como dois processos independentes. O autor contrapõe-se às concepções clássicas das antigas escolas de psicologia, dando um salto qualitativo com as suas investigações, ao perceber a conexão entre pensamento e linguagem como originária do desenvolvimento, evoluindo ao longo dele, num processo dinâmico. O caminho encontrado para uma nova abordagem da questão foi a mudança do método de análise - da análise em elementos das investigações anteriores (analiticamente separado em seus componentes) para a análise em unidades - e assim pôde concluir que a unidade do pensamento verbal está no significado das palavras.
Para compreender o pensamento verbal, Vygotski identifica que essa unidade é o significado das palavras, que é o seu aspecto intrínseco. Para ele, apesar de a natureza do significado não ser clara ainda, sua certeza é a de que, no significado da palavra, o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal. No significado, também, estão as respostas às questões sobre a relação entre pensamento e fala. Embora o significado de uma palavra represente "um amálgama tão estreito do pensamento e da linguagem", suas pesquisas revelaram que o significado, critério da palavra e componente indispensável, é um fenômeno do pensamento e não da fala, uma vez que são generalizações ou conceitos, ou seja, atos do pensamento. No entanto, "O significado das palavras é um fenômeno de pensamento apenas na medida em que o pensamento ganha corpo por meio da fala, e só é um fenômeno da fala na medida em que esta é ligada ao pensamento, sendo iluminada por ele. É um fenômeno do pensamento verbal, ou da fala significativa - uma união da palavra e do pensamento".(Vygotski, 1989, p.04)
Se o significado da palavra é simultaneamente pensamento e fala, então é nele que está a unidade do pensamento verbal. Portanto, é a análise semântica o método a seguir na exploração da natureza verbal. Dessas investigações chegou-se a um outro resultado igualmente importante: o significado das palavras evolui. São formações dinâmicas e não estáticas: sua modificação percebe-se com o desenvolvimento da criança e também com as várias formas pelas quais o pensamento funciona.
OS DISCURSOS SOCIAIS
Retomando a questão do dialogismo, e, ainda com relação à palavra diálogo, além do seu sentido estrito - o ato de fala entre duas ou mais pessoas -, pode-se tomá-la também em seu sentido amplo, a saber, qualquer tipo de comunicação verbal, oral ou escrita, exterior ou interior, manifestada ou não. O livro, por exemplo, é um ato de fala impresso. "O discurso escrito é de certa maneira parte integrante de uma discussão ideológica em grande escala: ele responde a alguma coisa, refuta, confirma, antecipa as respostas e objeções potenciais, procura apoio etc." (Bakhtin, 1978, p.123). Tudo está em constante comunicação. À idéia de diálogo agrega-se um outro elemento que não se refere apenas à fala em voz alta de duas pessoas, mas a um discurso interior, do qual se emanam as várias e inesgotáveis enunciações, que são determinadas pela situação de sua enunciação e pelo seu auditório. "A situação e o auditório obrigam o discurso interior a realizar-se em uma expressão exterior definida, que se insere diretamente no contexto não verbalizado da vida corrente, e nele se amplia pela ação, pelo gesto ou pela resposta verbal dos outros participantes na situação de enunciação." (Bakhtin, 1978, p.125). A toda essa questão está relacionada a formação de repertórios, que, no dizer de Bakhtin, são formas de vida em comum relativamente regularizadas, reforçadas pelo uso e pela circunstância.
Dessa maneira, as formas estereotipadas no discurso da vida cotidiana respondem por um discurso social que as consolida, ou seja, possuem um auditório organizado que mantém a sua permanência, refletindo, assim, ideologicamente a composição social do grupo, evidência da afirmação de Bakhtin ao dizer que "a palavra é o fenômeno ideológico por excelência" ou "todo signo é ideológico". Por essa razão, é que, mesmo em uma aparente simples anedota que se conta sobre o negro, o judeu, o nordestino, a mulher etc., os preconceitos que se afloram nada mais são do que exercício constante dos elementos culturais desse grupo social. O enunciatário, no entanto, pode oferecer obstáculos à sua realização/manutenção provocando rupturas que vão infiltrando sensíveis mudanças iniciais, mas que podem ganhar corpo. Daí o entendimento de que todos são sujeitos da enunciação - enunciador e enunciatário - porque o caráter interativo nada mais é do que a possibilidade de transformação, seja pelo enunciador,
seja pelo enunciatário, passando a refletir e refratar a realidade dada. É a idéia da palavra em movimento, o poder da palavra. Através dela, os sujeitos são postos em ação para reproduzir ou mudar o social.
Essas reflexões remetem aos estudos semânticos de Pêcheux (quando diz que, ao passar de uma formação discursiva à outra, as palavras mudam de sentido) num diálogo com a formulação (a palavra é um signo neutro) de Bakhtin. Um exemplo disso é a palavra greve. Ao ser usada pelo dono da empresa ou pela autoridade governamental, adquire conotação diferente, especialmente disfórica, isto é negativa, daquela usada pelo funcionário ou pela população, que, neste caso, em geral, assume valor eufórico, ou seja, positivo. (Fiorin,1988,p.21-2). Os meios de comunicação, especialmente a televisão, são a evidência desses significados: quem faz greve geralmente é visto como baderneiro, dificilmente como alguém que está reivindicando seus direitos, garantidos, inclusive, constitucionalmente. A palavra em circulação é a palavra que está prenhe de significados de tal forma que, ao falar, os sentidos são mobilizados de maneira a mostrar que o sujeito é responsável por aquilo que diz, fazendo assim transparecer o seu papel social, isto é, as formas de suas relações sociais. Em outras palavras, evidenciam-se as posições de sujeito - de que fala Pêcheux - ou lugares determinados na estrutura de uma formação social marcados por propriedades diferenciais determináveis - as formações imaginárias.
OS PAPÉIS SOCIAIS
Sobre os papéis sociais, Agnes Heller explicita que, apesar de as funções de tipo "papel" serem condicionadas pelo conjunto da sociedade, o ser humano é mais do que o seu papel ou conjunto dos seus papéis, porque eles jamais esgotam o comportamento humano em sua totalidade: "Mesmo nos contextos mais manipulados, produz-se constantemente a 'recusa do papel'. Em todos esses contextos, há excêntricos, rebeldes e revolucionários. Até mesmo os contextos mais manipulados estão repletos de homens que vivem em 'incógnito de oposição'." (Heller, 1985, p.106)
O comportamento do indivíduo com relação a seu papel ou papéis sociais pode variar muito, podendo-se observar atitudes fundamentais que o definem: a "recusa do papel" verificada nos rebeldes ou revolucionários em que o indivíduo preserva a sua personalidade; o "incógnito de oposição" em que o indivíduo se contrapõe ao mundo em que vive, ocorrendo um distanciamento entre a sua personalidade e o papel que representa, o que o faz sofrer: não é nem conformista, tampouco revolucionário; o "incógnito dissimulado" em que, como o anterior, o indivíduo não se identifica com o seu papel, mas é capaz de penetrar nele e em sua função aceitando as regras de jogo dominantes: a dissimulação traduz uma personalidade perigosa, porque não se deixa conhecer por ninguém; e, finalmente, a "identificação" em que se observa a plena identificação com o papel, forma direta de revelar-se a alienação, ocorrendo a perda da continuidade do caráter e dissolução da personalidade. Por todas essas razões, o papel
social é também uma forma de compreender o indivíduo, que deve ser observado além de sua aparência.
Por todas essas considerações, pode-se perceber por que dialogismo é vital para a compreensão dos estudos de Bakhtin e das questões referentes à linguagem como constitutiva da experiência humana e seu papel ativo no pensamento e no conhecimento. Do ponto de vista comunicacional a importância desse conceito reside, inclusive, no fato de ratificar o conceito de comunicação como interação verbal e não verbal e não como apenas como transmissão de informação. A contribuição à complexidade desse conceito também se verifica por implicar outros: interação verbal, intertextualidade e polifonia. Esses termos parecem designar um mesmo fenômeno com pequenas variações entre si. São estas especificidades que vão estabelecer as diferenças entre eles, aproximando-os ou distanciando-os em graus diferenciados. O mais importante é perceber que todos eles, independentemente de suas particularidades, rompem com a arrogância e a onipotência do discurso monológico. O ser social nasce com o exercício de sua linguagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem.Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira, colaboração de Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos Henrique D. Chagas Cruz. 5a ed. São Paulo: Hucitec, 1978.BARROS, Diana Luz Pessoa de e FIORIN, José Luiz (orgs.). Dialogismo, polifonia, intertextualidade. São Paulo: EDUSP, 1994. (Ensaios de Cultura, 7)BRAIT, Beth. Bakhtin, dialogismo e construção de sentido. Campinas-SP: EDUCAMP, 1997.FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 1988.FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Vygoyski e Bakhtin. 3a ed. São Paulo: Ática, 1996.HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. Tradução Carlos Nélson Coutinho e Leandro Konder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.INDURSKY, Freda e FERREIRA, Maria Cristina L. (orgs.) Os múltiplos territórios da Análise do Discurso. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999.ORLANDI, Eni P. Análise de discurso.Campinas, SP: Pontes, 2000.PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica
à afirmação do óbvio. Tradução Eni P. Orlandi et al. Campinas, SP: EDUCAMP, 1988. (Coleção Repertórios)VYGOTSKI, Lev. S. Pensamento e linguagem. Tradução de Jefferson Luiz Camargo, revisão técnica de José Cipolla Neto. 2a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. (Psicologia e Pedagogia)
A LINGUAGEM VERBAL COMO EXERCÍCIO DO SOCIAL
Cláudia Lukianchuki
Doutora em Comunicação pela ECA-USP e
Professora de Língua Portuguesa e Comunicação do CEFET-SP
Com base nos referenciais teóricos da Análise do Discurso de orientação francesa e de Bakhtin, este artigo discute o conceito de Dialogismo, Dialogicidade e suas implicações, enfocando a linguagem verbal como exercício do social. Pensar dialeticamente a realidade social é ver, através da língua dada, a palavra dando-se num movimento contínuo. A palavra é a mediadora entre o social e o individual. Ao aprender a falar, o ser humano também aprende a pensar, na medida em que cada palavra é a revelação das experiências e valores de sua cultura. Desse ponto de vista, tem-se que o verbal influencia nosso modo de percepção da realidade. Portanto, cabe a cada um assumir a palavra como manutenção dos valores dados ou como intervenção no mundo.
"Tudo se reduz ao diálogo, à contraposição dialógica enquanto centro. Tudo é meio, o diálogo é o fim. Uma só voz nada termina, nada resolve. Duas vozes são o mínimo de vida".(Mikhail Bakhtin)
O pensamento de Bakhtin revelado em suas obras, apesar de plural, tem uma unidade garantida pela centralidade da linguagem, cujo método de análise é a dialética. Dialogismo é o conceito que permeia toda a sua obra. É o princípio constitutivo da linguagem, o que quer dizer que toda a vida da linguagem, em qualquer campo, está impregnada de relações dialógicas. A concepção dialógica contém a idéia de relatividade da autoria individual e conseqüentemente o destaque do caráter coletivo, social da produção de idéias e textos. O próprio humano é um intertexto, não existe isolado, sua experiência de vida se tece, entrecruza-se e interpenetra com o outro. Pensar em relação dialógica é remeter a um outro princípio - a não autonomia do discurso. As palavras de um falante estão sempre e inevitavelmente atravessadas pelas palavras do outro: o discurso elaborado pelo falante se constitui também do discurso do outro que o atravessa, condicionando o discurso do eu. Em linguagem bakhtiniana, a noção do eu nunca é individual, mas social. Nos seus escritos, Bakhtin aborda os processos de formação do eu através de três categorias: o eu-para-mim, o eu-para-os-outros, o outro-para-mim. Da formulação dessa tríade, pode-se entrever sua inquietude frente a algumas questões: Como o eu estabelece sua relação com o mundo?; Existe uma oposição entre o sujeito e o objeto? "Para ele, não há um mundo dado ao qual o sujeito possa se opor. É o próprio mundo externo que se torna determinado e concreto para o sujeito que com ele se relaciona." (Freitas, 1996, p.125-6)
LINGUAGEM E PENSAMENTO
A consciência individual é, portanto, um fato social e ideológico. Dito de outra maneira, a realidade da consciência é a linguagem e são os fatores sociais que determinam o conteúdo da consciência - do conjunto dos discursos que atravessam o indivíduo ao longo de sua vida, é que se forma a consciência. O mundo que se revela ao ser humano se dá pelos discursos que ele assimila, formando seu repertório de vida. Pelo fato de a consciência ser determinada socialmente não se pode inferir que o ser humano seja meramente reprodutivo, o que se ressalta é, portanto, a criatividade do sujeito humano: é influenciado pelo meio, mas se volta sobre ele para transformá-lo. Duas vezes nasce o homem: fisicamente (o que não o faz inserir na história) e socialmente determinado pelas condições sociais e econômicas. Posto isso, não se pode sustentar a idéia - tão propalada pelo idealismo e pelo positivismo psicologista - de que a ideologia deriva da consciência. Sob a forma de signos é que a atividade mental é expressa exterior e internamente para o próprio indivíduo. Sem os signos a atividade interior não existe. A palavra não é só meio de comunicação, mas também conteúdo da própria atividade psíquica.
Nessa mesma linha, Vygotski, psicólogo russo, tentou superar, dentro do materialismo histórico dialético, a crise no campo da psicologia, verificada no conflito entre as concepções idealista e mecanicista, apresentando propostas teóricas inovadoras voltadas para temas que tratavam da inter-relação pensamento e linguagem rumo a uma teoria geral das suas raízes genéticas, natureza do processo de desenvolvimento da criança e o papel da instrução no desenvolvimento. A idéia revolucionária de que a consciência humana é determinada historicamente é o núcleo mobilizador de suas pesquisas, levando-o a colocar como centro de suas preocupações as questões da linguagem não como um sistema lingüístico de estrutura abstrata, mas em seu aspecto psicológico. Seu interesse residia em estudar a linguagem como constituidora do sujeito com o enfoque na relação pensamento e linguagem, chave para a compreensão da natureza da consciência humana. Partindo do pressuposto de que pensamento e linguagem têm raízes diferentes, constatou que o pensamento e a palavra, apesar de não serem ligados por um elo primário, não podem ser considerados como dois processos independentes. O autor contrapõe-se às concepções clássicas das antigas escolas de psicologia, dando um salto qualitativo com as suas investigações, ao perceber a conexão entre pensamento e linguagem como originária do desenvolvimento, evoluindo ao longo dele, num processo dinâmico. O caminho encontrado para uma nova abordagem da questão foi a mudança do método de análise - da análise em elementos das investigações anteriores (analiticamente separado em seus componentes) para a análise em unidades - e assim pôde concluir que a unidade do pensamento verbal está no significado das palavras.
Para compreender o pensamento verbal, Vygotski identifica que essa unidade é o significado das palavras, que é o seu aspecto intrínseco. Para ele, apesar de a natureza do significado não ser clara ainda, sua certeza é a de que, no significado da palavra, o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal. No significado, também, estão as respostas às questões sobre a relação entre pensamento e fala. Embora o significado de uma palavra represente "um amálgama tão estreito do pensamento e da linguagem", suas pesquisas revelaram que o significado, critério da palavra e componente indispensável, é um fenômeno do pensamento e não da fala, uma vez que são generalizações ou conceitos, ou seja, atos do pensamento. No entanto, "O significado das palavras é um fenômeno de pensamento apenas na medida em que o pensamento ganha corpo por meio da fala, e só é um fenômeno da fala na medida em que esta é ligada ao pensamento, sendo iluminada por ele. É um fenômeno do pensamento verbal, ou da fala significativa - uma união da palavra e do pensamento".(Vygotski, 1989, p.04)
Se o significado da palavra é simultaneamente pensamento e fala, então é nele que está a unidade do pensamento verbal. Portanto, é a análise semântica o método a seguir na exploração da natureza verbal. Dessas investigações chegou-se a um outro resultado igualmente importante: o significado das palavras evolui. São formações dinâmicas e não estáticas: sua modificação percebe-se com o desenvolvimento da criança e também com as várias formas pelas quais o pensamento funciona.
OS DISCURSOS SOCIAIS
Retomando a questão do dialogismo, e, ainda com relação à palavra diálogo, além do seu sentido estrito - o ato de fala entre duas ou mais pessoas -, pode-se tomá-la também em seu sentido amplo, a saber, qualquer tipo de comunicação verbal, oral ou escrita, exterior ou interior, manifestada ou não. O livro, por exemplo, é um ato de fala impresso. "O discurso escrito é de certa maneira parte integrante de uma discussão ideológica em grande escala: ele responde a alguma coisa, refuta, confirma, antecipa as respostas e objeções potenciais, procura apoio etc." (Bakhtin, 1978, p.123). Tudo está em constante comunicação. À idéia de diálogo agrega-se um outro elemento que não se refere apenas à fala em voz alta de duas pessoas, mas a um discurso interior, do qual se emanam as várias e inesgotáveis enunciações, que são determinadas pela situação de sua enunciação e pelo seu auditório. "A situação e o auditório obrigam o discurso interior a realizar-se em uma expressão exterior definida, que se insere diretamente no contexto não verbalizado da vida corrente, e nele se amplia pela ação, pelo gesto ou pela resposta verbal dos outros participantes na situação de enunciação." (Bakhtin, 1978, p.125). A toda essa questão está relacionada a formação de repertórios, que, no dizer de Bakhtin, são formas de vida em comum relativamente regularizadas, reforçadas pelo uso e pela circunstância.
Dessa maneira, as formas estereotipadas no discurso da vida cotidiana respondem por um discurso social que as consolida, ou seja, possuem um auditório organizado que mantém a sua permanência, refletindo, assim, ideologicamente a composição social do grupo, evidência da afirmação de Bakhtin ao dizer que "a palavra é o fenômeno ideológico por excelência" ou "todo signo é ideológico". Por essa razão, é que, mesmo em uma aparente simples anedota que se conta sobre o negro, o judeu, o nordestino, a mulher etc., os preconceitos que se afloram nada mais são do que exercício constante dos elementos culturais desse grupo social. O enunciatário, no entanto, pode oferecer obstáculos à sua realização/manutenção provocando rupturas que vão infiltrando sensíveis mudanças iniciais, mas que podem ganhar corpo. Daí o entendimento de que todos são sujeitos da enunciação - enunciador e enunciatário - porque o caráter interativo nada mais é do que a possibilidade de transformação, seja pelo enunciador,
seja pelo enunciatário, passando a refletir e refratar a realidade dada. É a idéia da palavra em movimento, o poder da palavra. Através dela, os sujeitos são postos em ação para reproduzir ou mudar o social.
Essas reflexões remetem aos estudos semânticos de Pêcheux (quando diz que, ao passar de uma formação discursiva à outra, as palavras mudam de sentido) num diálogo com a formulação (a palavra é um signo neutro) de Bakhtin. Um exemplo disso é a palavra greve. Ao ser usada pelo dono da empresa ou pela autoridade governamental, adquire conotação diferente, especialmente disfórica, isto é negativa, daquela usada pelo funcionário ou pela população, que, neste caso, em geral, assume valor eufórico, ou seja, positivo. (Fiorin,1988,p.21-2). Os meios de comunicação, especialmente a televisão, são a evidência desses significados: quem faz greve geralmente é visto como baderneiro, dificilmente como alguém que está reivindicando seus direitos, garantidos, inclusive, constitucionalmente. A palavra em circulação é a palavra que está prenhe de significados de tal forma que, ao falar, os sentidos são mobilizados de maneira a mostrar que o sujeito é responsável por aquilo que diz, fazendo assim transparecer o seu papel social, isto é, as formas de suas relações sociais. Em outras palavras, evidenciam-se as posições de sujeito - de que fala Pêcheux - ou lugares determinados na estrutura de uma formação social marcados por propriedades diferenciais determináveis - as formações imaginárias.
OS PAPÉIS SOCIAIS
Sobre os papéis sociais, Agnes Heller explicita que, apesar de as funções de tipo "papel" serem condicionadas pelo conjunto da sociedade, o ser humano é mais do que o seu papel ou conjunto dos seus papéis, porque eles jamais esgotam o comportamento humano em sua totalidade: "Mesmo nos contextos mais manipulados, produz-se constantemente a 'recusa do papel'. Em todos esses contextos, há excêntricos, rebeldes e revolucionários. Até mesmo os contextos mais manipulados estão repletos de homens que vivem em 'incógnito de oposição'." (Heller, 1985, p.106)
O comportamento do indivíduo com relação a seu papel ou papéis sociais pode variar muito, podendo-se observar atitudes fundamentais que o definem: a "recusa do papel" verificada nos rebeldes ou revolucionários em que o indivíduo preserva a sua personalidade; o "incógnito de oposição" em que o indivíduo se contrapõe ao mundo em que vive, ocorrendo um distanciamento entre a sua personalidade e o papel que representa, o que o faz sofrer: não é nem conformista, tampouco revolucionário; o "incógnito dissimulado" em que, como o anterior, o indivíduo não se identifica com o seu papel, mas é capaz de penetrar nele e em sua função aceitando as regras de jogo dominantes: a dissimulação traduz uma personalidade perigosa, porque não se deixa conhecer por ninguém; e, finalmente, a "identificação" em que se observa a plena identificação com o papel, forma direta de revelar-se a alienação, ocorrendo a perda da continuidade do caráter e dissolução da personalidade. Por todas essas razões, o papel
social é também uma forma de compreender o indivíduo, que deve ser observado além de sua aparência.
Por todas essas considerações, pode-se perceber por que dialogismo é vital para a compreensão dos estudos de Bakhtin e das questões referentes à linguagem como constitutiva da experiência humana e seu papel ativo no pensamento e no conhecimento. Do ponto de vista comunicacional a importância desse conceito reside, inclusive, no fato de ratificar o conceito de comunicação como interação verbal e não verbal e não como apenas como transmissão de informação. A contribuição à complexidade desse conceito também se verifica por implicar outros: interação verbal, intertextualidade e polifonia. Esses termos parecem designar um mesmo fenômeno com pequenas variações entre si. São estas especificidades que vão estabelecer as diferenças entre eles, aproximando-os ou distanciando-os em graus diferenciados. O mais importante é perceber que todos eles, independentemente de suas particularidades, rompem com a arrogância e a onipotência do discurso monológico. O ser social nasce com o exercício de sua linguagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem.Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira, colaboração de Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos Henrique D. Chagas Cruz. 5a ed. São Paulo: Hucitec, 1978.BARROS, Diana Luz Pessoa de e FIORIN, José Luiz (orgs.). Dialogismo, polifonia, intertextualidade. São Paulo: EDUSP, 1994. (Ensaios de Cultura, 7)BRAIT, Beth. Bakhtin, dialogismo e construção de sentido. Campinas-SP: EDUCAMP, 1997.FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 1988.FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Vygoyski e Bakhtin. 3a ed. São Paulo: Ática, 1996.HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. Tradução Carlos Nélson Coutinho e Leandro Konder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.INDURSKY, Freda e FERREIRA, Maria Cristina L. (orgs.) Os múltiplos territórios da Análise do Discurso. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999.ORLANDI, Eni P. Análise de discurso.Campinas, SP: Pontes, 2000.PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica
à afirmação do óbvio. Tradução Eni P. Orlandi et al. Campinas, SP: EDUCAMP, 1988. (Coleção Repertórios)VYGOTSKI, Lev. S. Pensamento e linguagem. Tradução de Jefferson Luiz Camargo, revisão técnica de José Cipolla Neto. 2a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. (Psicologia e Pedagogia)
sábado, 19 de junho de 2004
18 junho 2004
Então, à noite rolou a festa do Carlos. Alguma coisa foi igual a minha. Ao invés do salão, o ap. do Gavazza; Ao invés de caldo verde, sopa de ervilha; ao invés de bandas, filmes (Sergio Malandro, Gato Felix dos anos 20 etc) e muito som.
Logo no início a vizinha de baixo comunicou que chamaria a policia se não dominuisse o barulho. Têm algumas fotos que vou ver se o Carlos publica no blog do sensorial.
Conversei com a Fátima sobre fazermos um curta sobre uma figura da musica carioca. É segredo mas promete.
Estou virado e trampando.
Saí com a nega.
O Felipe me deu o mp3 do Sonic Nurse bem como Supercordas, Zorn c/ Patton, Glen Blanca etc
No fim da noite (já de manhã, já nos Arcos da Lapa) fomos para a Lapa comer algo.
Houve um atropelamento ali. Um motoqueiro pegou uma moça. Parece que ela quebrou uma perna. Eu o vi dentro da ambulância dos Bombeiros com um pano e sangue na cara.
Fala de policial para rapaz que segurava a mão da moça e, com isso, atrapalhava o serviço dos paramédicos:
__ Não deixa a bebida te pegar. Deixa eles trabalharem...
Tempo depois:
__ Deixa eu fazer meu trabalho. Se não vou sentar a mão na tua cara... e ainda te levo preso.
O rapaz estava torto de bêbado. Policial bonzinho esse!
Muita coisa se esquece. Gostaria de estar com papel e caneta na mão quando algo vem à tona. Sempre que tenho o material, e por mais que escreva, não tem a mesma importancia do contrário.
Linha tênue entre minha subjetividade (aguçadíssima) e a interação com o de fora.
Então, à noite rolou a festa do Carlos. Alguma coisa foi igual a minha. Ao invés do salão, o ap. do Gavazza; Ao invés de caldo verde, sopa de ervilha; ao invés de bandas, filmes (Sergio Malandro, Gato Felix dos anos 20 etc) e muito som.
Logo no início a vizinha de baixo comunicou que chamaria a policia se não dominuisse o barulho. Têm algumas fotos que vou ver se o Carlos publica no blog do sensorial.
Conversei com a Fátima sobre fazermos um curta sobre uma figura da musica carioca. É segredo mas promete.
Estou virado e trampando.
Saí com a nega.
O Felipe me deu o mp3 do Sonic Nurse bem como Supercordas, Zorn c/ Patton, Glen Blanca etc
No fim da noite (já de manhã, já nos Arcos da Lapa) fomos para a Lapa comer algo.
Houve um atropelamento ali. Um motoqueiro pegou uma moça. Parece que ela quebrou uma perna. Eu o vi dentro da ambulância dos Bombeiros com um pano e sangue na cara.
Fala de policial para rapaz que segurava a mão da moça e, com isso, atrapalhava o serviço dos paramédicos:
__ Não deixa a bebida te pegar. Deixa eles trabalharem...
Tempo depois:
__ Deixa eu fazer meu trabalho. Se não vou sentar a mão na tua cara... e ainda te levo preso.
O rapaz estava torto de bêbado. Policial bonzinho esse!
Muita coisa se esquece. Gostaria de estar com papel e caneta na mão quando algo vem à tona. Sempre que tenho o material, e por mais que escreva, não tem a mesma importancia do contrário.
Linha tênue entre minha subjetividade (aguçadíssima) e a interação com o de fora.
Antonin Artaud, O teatro e a peste
"Como a peste, o teatro é uma formidável convocação de forças que reconduzem
o espírito, pelo exemplo, à origem de seus conflitos. Há nele,
como na peste, uma espécie de estranho sol, uma luz de intensidade anormal
em que parece que o difícil e mesmo o impossível
tornam-se de repente nosso elemento normal".
"Como a peste, o teatro é uma formidável convocação de forças que reconduzem
o espírito, pelo exemplo, à origem de seus conflitos. Há nele,
como na peste, uma espécie de estranho sol, uma luz de intensidade anormal
em que parece que o difícil e mesmo o impossível
tornam-se de repente nosso elemento normal".
sexta-feira, 18 de junho de 2004
Semana 13-18 junho
Domingo dei uma festa lá em casa. As pessoas começaram a chegar por volta das 3 horas. Só fui conseguir parar lá pelas 6h, agitando tudo que se precisava como, extensões, abridor de garrafa (que sumiu), trazer comida para o salão etc.
O som ficou por conta do pessoal. Só levei dois CDs, o L7 hungry for stink e o houdini do melvins.
As bandas começaram com o lavajato – André, um amigo, na bateria. Ele mandou bem, e nem é baterista, mas gosta do instrumento. Eu não queria tocar. Fiquei tão agitado que só queria curtir. Depois de muita insistência, fui tocar. Rolou a sensorial estéreo.
Levamos – tentamos, pois na hora o baixo ficou com mal contato – 100% e molis lips, além de duas ou três nossas; a banda convidada, dos caras lá da área, algo new-metal;
Mother joans – nossa primeira apresentação com o baixista novo, o Rafael paulista, e a segunda vez que tocamos com ele. Foi legal, ele já conhecia as musicas pois sempre estava nos shows.
Não consegui falar muito com todo mundo pois deu bastante gente (que bom).
Lá pelas tantas, quando só tinha uma caixa de latinhas, alguns vinhos e uma garrafa de caninha, a galera fez uma intera e busquei mais uma caixa de cerveja.
Dez horas a galera começou a dispersar e lá pela zero hora de segunda-feira, só estávamos eu, gi (namorada do Pablo) e Bruno (dormindo de chapado).
Ficamos eu e gi conversando por mais uma hora (está tudo registrado) e dormimos todos ali no salão mesmo. Meu irmão estava com a noiva lá em casa e não tinha onde eu colocar meus amigos pra dormir.
Tive que acordar às seis pra ir trabalhar e, é claro, estava destruído.
A terça foi mais tranqüila. O corpo ainda doido de tanto tocar.
À noite tive que fazer uma prova de fotografia: um filme de 1 minuto. Eu faria a fotografia e, o ator não foi, tive que acabar atuando. Montamos a porra toda, afinamos luz, a atriz se maquiou (eu me recusei. Só deixei passar o papel na minha cara pra tirar o brilho ), colocou-se o filme no chassi e, na hora de rodar...
...faltou a bateria da camera. Estava na lista de equip mas não foi entregue, ou ficou na kombi que transportou a bagaça.
Depois, entrega da prova de direção de atores, passei!
Quarta-feira: prova do trotta, o meu carrasco na faculdade. Me fudi. Sentei nas primeiras carteiras e a galera que foi lá pra trás se danando de colar. É foda isso, o cara vê e deixa a cola rolar. Passa quem quer e quem ele não vai com a cara, ele fode. Vou pra prova final e tenho que passar nessa matéria filha da puta pra me formar.
À noite, mais uma arrumadinha no Lepra e corro para o Mega no Humaitá para mixar o Hera. Acabamos, eu, Rause, Beck a André (o editor do estúdio) por volta da meia noite. Gustavo nos deixa na casa do rause, durmo lá. No caminho fomos parados numa blitz. O policial revistou tudo e fomos liberados pois somos trabalhadores e não vínhamos do pega na praia como o policial perguntou.
O SOM DO HERA ESTÁ ENTREGUE!!!!!!!!!
Jonny ramone está com câncer. Mas ele tem dinheiro e vai se safar dessa.
Quinta-feira: estou me sentindo muito bem,, Estou feliz, com a sensação de dever cumprido. O dia no trampo é o que se espera e a noite tenho prova de produção.
Antes disso converso com o André que está na produção do evento em que vamos tocar (sensorial)no fim do mês, na estréia dos curtas que fizemos a trilha. Enquanto falo com ele chega a noticia por telefone de que uma aluna do curso (uma clubber) se matou. Perplexos, citamos a coragem necessária para o ato...
A prova que faço em seguida é uma zona. Cola pra todo lado. No final, a professora cisma de nos dar uma planilha pra preencher valendo nota. Estou cheio de sono e não tenho concentração para fazer. A turma é uma zona, maior falatório. Dois grupos se juntam mais eu só me junto com Bia: dois tímidos. Tentamos fazer algo, mas são umas dez folhas. Isso exige tempo e atenção. Digo para a professora que é impossível fazer aquilo em meia hora. Estava crente que acabaria a prova e logo iria embora. Fiquei puto. Mas ela deixa entregarmos na semana que vem. Vou passar para a bia um modelo de preenchimento e ela vai fazer tudo sozinha.
Vou pra casa doido pra dormir mas só vou fazer isso por volta de uma da matina.
Hoje é sexta, mostraremos o Lepra (ajudei na edição de som) na aula de edição e depois tem festa de aniversário do Carlos, amigo e companheiro de banda, lá na casa do André Gavazza na Lapa.
Amanhã trampo de manhã e tem ensaio do Supercordas à tarde. Domingo tenho que estudar para o trotta.
Cest la vid, mano brown!
Domingo dei uma festa lá em casa. As pessoas começaram a chegar por volta das 3 horas. Só fui conseguir parar lá pelas 6h, agitando tudo que se precisava como, extensões, abridor de garrafa (que sumiu), trazer comida para o salão etc.
O som ficou por conta do pessoal. Só levei dois CDs, o L7 hungry for stink e o houdini do melvins.
As bandas começaram com o lavajato – André, um amigo, na bateria. Ele mandou bem, e nem é baterista, mas gosta do instrumento. Eu não queria tocar. Fiquei tão agitado que só queria curtir. Depois de muita insistência, fui tocar. Rolou a sensorial estéreo.
Levamos – tentamos, pois na hora o baixo ficou com mal contato – 100% e molis lips, além de duas ou três nossas; a banda convidada, dos caras lá da área, algo new-metal;
Mother joans – nossa primeira apresentação com o baixista novo, o Rafael paulista, e a segunda vez que tocamos com ele. Foi legal, ele já conhecia as musicas pois sempre estava nos shows.
Não consegui falar muito com todo mundo pois deu bastante gente (que bom).
Lá pelas tantas, quando só tinha uma caixa de latinhas, alguns vinhos e uma garrafa de caninha, a galera fez uma intera e busquei mais uma caixa de cerveja.
Dez horas a galera começou a dispersar e lá pela zero hora de segunda-feira, só estávamos eu, gi (namorada do Pablo) e Bruno (dormindo de chapado).
Ficamos eu e gi conversando por mais uma hora (está tudo registrado) e dormimos todos ali no salão mesmo. Meu irmão estava com a noiva lá em casa e não tinha onde eu colocar meus amigos pra dormir.
Tive que acordar às seis pra ir trabalhar e, é claro, estava destruído.
A terça foi mais tranqüila. O corpo ainda doido de tanto tocar.
À noite tive que fazer uma prova de fotografia: um filme de 1 minuto. Eu faria a fotografia e, o ator não foi, tive que acabar atuando. Montamos a porra toda, afinamos luz, a atriz se maquiou (eu me recusei. Só deixei passar o papel na minha cara pra tirar o brilho ), colocou-se o filme no chassi e, na hora de rodar...
...faltou a bateria da camera. Estava na lista de equip mas não foi entregue, ou ficou na kombi que transportou a bagaça.
Depois, entrega da prova de direção de atores, passei!
Quarta-feira: prova do trotta, o meu carrasco na faculdade. Me fudi. Sentei nas primeiras carteiras e a galera que foi lá pra trás se danando de colar. É foda isso, o cara vê e deixa a cola rolar. Passa quem quer e quem ele não vai com a cara, ele fode. Vou pra prova final e tenho que passar nessa matéria filha da puta pra me formar.
À noite, mais uma arrumadinha no Lepra e corro para o Mega no Humaitá para mixar o Hera. Acabamos, eu, Rause, Beck a André (o editor do estúdio) por volta da meia noite. Gustavo nos deixa na casa do rause, durmo lá. No caminho fomos parados numa blitz. O policial revistou tudo e fomos liberados pois somos trabalhadores e não vínhamos do pega na praia como o policial perguntou.
O SOM DO HERA ESTÁ ENTREGUE!!!!!!!!!
Jonny ramone está com câncer. Mas ele tem dinheiro e vai se safar dessa.
Quinta-feira: estou me sentindo muito bem,, Estou feliz, com a sensação de dever cumprido. O dia no trampo é o que se espera e a noite tenho prova de produção.
Antes disso converso com o André que está na produção do evento em que vamos tocar (sensorial)no fim do mês, na estréia dos curtas que fizemos a trilha. Enquanto falo com ele chega a noticia por telefone de que uma aluna do curso (uma clubber) se matou. Perplexos, citamos a coragem necessária para o ato...
A prova que faço em seguida é uma zona. Cola pra todo lado. No final, a professora cisma de nos dar uma planilha pra preencher valendo nota. Estou cheio de sono e não tenho concentração para fazer. A turma é uma zona, maior falatório. Dois grupos se juntam mais eu só me junto com Bia: dois tímidos. Tentamos fazer algo, mas são umas dez folhas. Isso exige tempo e atenção. Digo para a professora que é impossível fazer aquilo em meia hora. Estava crente que acabaria a prova e logo iria embora. Fiquei puto. Mas ela deixa entregarmos na semana que vem. Vou passar para a bia um modelo de preenchimento e ela vai fazer tudo sozinha.
Vou pra casa doido pra dormir mas só vou fazer isso por volta de uma da matina.
Hoje é sexta, mostraremos o Lepra (ajudei na edição de som) na aula de edição e depois tem festa de aniversário do Carlos, amigo e companheiro de banda, lá na casa do André Gavazza na Lapa.
Amanhã trampo de manhã e tem ensaio do Supercordas à tarde. Domingo tenho que estudar para o trotta.
Cest la vid, mano brown!
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