livro p ler:
http://www.al.rs.gov.br/anais/50/deputados/bernardo/teses/igualdade_e_%C3%A9tica.htm
Materializadas em bits toxinas neurais trazidas pelos ventos daquilo que simplesmente é. Isto é nada se não for para o Todo.
quinta-feira, 28 de abril de 2005
segunda-feira, 18 de abril de 2005
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Coletivo Anarquista Contra Todas as Ordens Satânicas Inimigas do Novo Tempo da Arte Como Território Ôntico Superior (CACTOS INTACTOS)
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haiku (haicai), tanka e cinema japonês
Olá companheiros, amigos e colegas.Estou enviando esta menssagem para solcitar apoio. Fui recentemente aprovado as seleção ao mestrado da FACED-UFBA com o ante-projeto: Pedagogia Libertária: seus princípios, métodos e objetivos. Este trabalho visa realizar o resgate da Educação anarquista através da Pedagogia LIbertária realizada no Brasil. Para realizar este trabalho necessito de indicações bibliográficas, fontes documentais do período que compreende desde a década de 1850 até 2005, assim como a indicação de pessoas e estudiosos da pedagogia libertária no brasil.Sou integrante do movimento anarquista, ligado ao NUELCA - Núcleo de Estudos libertários Carcará, localizado na Bahia, na cidade de Alagoinhas. cx postal 14, cep. 48010-970, email pessoal algarobaz@yahoo.com.brDesde já agradeço a compreensão, a dedicação a causa e o apoio de todos.
João
jvc rj
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O mesmo tem um ano de uso e posso garantir que o gravador não fez mais do que dez copias.
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Eduardo Psilva
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Rua do Carmo, 61, Centro
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Quero um microfone pra cptar a voz direto pro pc;
Faltou dizer se é para locução, canto, etc. Cada uso, um mic
especifico...
Pode comprar uma mesinha com pelo menos 2 entradas de mic. Será mais
util. Veja a FAQ da lista com sugestões.
http://audiolist.cjb.net/faq.htm
Tem muitas dicas e opiniões sobre mics para estudio na FAQ, passe lá
e poupará seu tempo e dinheiro.
E depois, veja a página STUDIO do memo site:
http://audiolist.cjb.net/studio.htm
Tem livros sobre gravação para principiantes, vale a pena comprar um.
Vai aprender muita coisa util.
procurar o artigo: "Um bom mic preamp deve ter sua impedancia de entrada ajustável, para casar corretamente com os diversos tipos de microfone existentes, como o que estou desenvolvendo para o André' T, produtor musical e membro da lista. Essa dica fará' parte do pequeno artigo que estou tentando escrever sobre o assunto (com circuitos práticos), para ser publicado em nosso site.
Neve
Manley
em relação a beringer: O ART e' melhor, sem sombra de duvida. Bom e barato.http://www.artproaudio.com/products_detail.asp?PRODUCTID=32Quanto ao preco, melhor perguntar em alguma loja que trabalhe com a marca. Por exemplo:http://www.knob.com.br/Em relação à comparação do Edu entre os prés Behringer e Art acho que devo entender que ele se refere aos equivalentes na mesma faixa de preço. Realmente o MIC2200 é inferior ao ART citado. Inclusive gostei mais do 2200 dando um Boost no PA do que no estúdio. Agora! Existe o modelo Tube Ultragain T1953 com válvulas (se não me engano) 12AX7. Com uma resposta de frequências de 2 a 200 Khz a um preço interessante. (Este eu possuo)
Não. Se eu fosse você, procuraria em Presonus Blue Tube (stereo): Boa relação custo/beneficiohttp://www.presonus.com/html/products/bluetube.html
> gostaria da opinião dos colegas sobre os pres valvulados da behringer> se vale apena só pelo custo beneficio ou se realmente são bons.> ou se valeria mais apena os pres valvulados da presonus ou art.Veja também o Peavey VMP-2. Nessa faixa de preço, está entre os melhores.
Foram poucos, muito poucos, os mic preamps serios que usaram triodos. Atualmente somente a Millenia Media produz um modelo com oito ECC88 ligadas diferencialmente e sem transformador de acoplamento na entrada ou na saida. Talvez sejam os melhores mic preamps que o dinheiro pode comprar.Olhe com calma as especificaçoes do Ultragain T1953 e similares.
Mas note que existem muitas diferenças entre eles: o Presonus é um pré duplo (dois canais) e usa uma válvula (que, a propósito, poderia ser melhorzinha...) apenas para "colorir" o sinal; o Joemeek é um canal de preamplificação completo, com opto-compressor e equalização, mas sem válvula. E não é ruidoso, apenas colorido - talvez seja isso que quiseram lhe dizer.
Uns caras gravaram 2 CD's de teste (voz feminina e masculina, violao e caixa de bateria) usando 34 diferentes preamps, com precos que variam entre US$ 130 a US$ 8000 (par stereo).http://www.3daudioinc.com/3daudio_prelp.htmlAssim, voce pode ouvir como cada um vai soar em seu estudio, e decidir pela compra. Nao para escolher "o melhor", mas para decidir qual mais lhe agrada (aos seus ouvidos e bolsos...).
Vejam nessa página...http://theprojectstudiohandbook.com/session1.htm...uma série de MP3 com gravações de voz e violão em diversas combinações de microfones e prés.Para quem está pensando em renovar o estúdio, é um bom começo.(P.S: marquem essa página e voltem outro dia, o cara promete novidades)
Edu Silva -- ES2 Audio
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MESA VALVULADA GIANNINI DE 8 canais VINTAGE
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Caso do Vestido
Carlos Drummond de Andrade
Nossa mãe, o que é aquelevestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestidode uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe?Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa.Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressaque vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpoficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestidotanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutaipalavras de minha boca.
Era uma dona de longe, vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado,se perdeu tanto de nós,
se afastou de toda vida,se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne,bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço,foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou.Em vão o pai implorou.
Dava apólice, fazenda, dava carro, dava ouro,
beberia seu sobejo,lamberia seu sapato.
Mas a dona nem ligou.Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse,a essa dona tão perversa,
que tivesse paciênciae fosse dormir com ele...
Nossa mãe, por que chorais?Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso paichega ao pátio. Disfarcemos.
Nossa mãe, não escutamospisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procureiaquela mulher do demo.
E lhe roguei que aplacassede meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido,me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com elese a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,não por mim, não quero homem.
Olhei para vosso pai, os olhos dele pediam.
Olhei para a dona ruim, os olhos dela gozavam.
O seu vestido de renda, de colo mui devassado,
mais mostrava que escondiaas partes da pecadora.
Eu fiz meu pelo-sinal,me curvei... disse que sim.
Sai pensando na morte,mas a morte não chegava.
Andei pelas cinco ruas, passei ponte, passei rio,
visitei vossos parentes, não comia, não falava,
tive uma febre terçã,mas a morte não chegava.
Fiquei fora de perigo,fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos, costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram,meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouropagou conta de farmácia.
Vosso pais sumiu no mundo.O mundo é grande e pequeno.
Um dia a dona soberbame aparece já sem nada,
pobre, desfeita, mofina,com sua trouxa na mão.
Dona, me disse baixinho,não te dou vosso marido,
que não sei onde ele anda.Mas te dou este vestido,
última peça de luxoque guardei como lembrança
daquele dia de cobra,da maior humilhação.
Eu não tinha amor por ele,ao depois amor pegou.
Mas então ele enjoadoconfessou que só gostava
de mim como eu era dantes.Me joguei a suas plantas,
fiz toda sorte de dengo,no chão rocei minha cara,
me puxei pelos cabelos,me lancei na correnteza,
me cortei de canivete,me atirei no sumidouro,
bebi fel e gasolina,rezei duzentas novenas,
dona, de nada valeu:vosso marido sumiu.
Aqui trago minha roupaque recorda meu malfeito
de ofender dona casadapisando no seu orgulho.
Recebei esse vestidoe me dai vosso perdão.
Olhei para a cara dela,quede os olhos cintilantes?
quede graça de sorriso,quede colo de camélia?
quede aquela cinturinhadelgada como jeitosa?
quede pezinhos calçadoscom sandálias de cetim?
Olhei muito para ela, boca não disse palavra.
Peguei o vestido, pusnesse prego da parede.
Ela se foi de mansinhoe já na ponta da estrada
vosso pai aparecia.Olhou pra mim em silêncio,
mal reparou no vestidoe disse apenas: — Mulher,
põe mais um prato na mesa.Eu fiz, ele se assentou,
comeu, limpou o suor,era sempre o mesmo homem,
comia meio de ladoe nem estava mais velho.
O barulho da comidana boca, me acalentava,
me dava uma grande paz,um sentimento esquisito
de que tudo foi um sonho, vestido não há... nem nada.
Minhas filhas, eis que ouçovosso pai subindo a escada.
Texto extraído do livro "Nova Reunião - 19 Livros de Poesia", José Olympio Editora - 1985, pág. 157.
A seguir trechos de um relatório de fevereiro de 2005 da polícia federal dos Estados Unidos (FBI).
Quem tiver a oportunidade entre na "curiosa" página da "Tactical Defense Caucus" (TDC), que é um pequeno, mas ativo grupo dentro da Federação Cruz Negra Anarquista (ABCF), que fornece informações sobre auto-defesa "à esquerda em geral, para anarquistas em particular, e a ABCF principalmente".
www.abcf.net/tdc
El Diablo
COMO LER, CONHECER E DEBATER CINEMA INDEPENDENTE E CINECLUBISMO COM GENTE DE TODO O MUNDO?
http://www.cinemaniaco.com.br/movimentogaucho.php
www.utopia.com.br/cineclube
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=128071
listas de discussão:
http://www.grupos.com.br/grupos/cine8
http://br.groups.yahoo.com/group/cineclubistassul/
assistir curtas experimentais:
http://biahwerther.weblogger.terra.com.br/
blogs do Cine 8
FLô: http://www.livreolhar.weblogger.terra.com.br/index.htm
Oficinas: http://oficina_cine8.weblogger.terra.com.br/
PARCEIROS E APOIADORES DOS PROJETOS ATUAIS DE OFICINAS CINE 8?
As entidades abaixo valorizam o cinema independente, as propostas ousadas e o cineclubismo:
CINEMANÍACO CINECLUBE
CINECLUBE BANG-BANG
CINECLUBE BAH
MOVIMENTO GAÚCHO DE CINECLUBES
IECINE/RS - Governo do Estado do RS
APTC/ABD-RS
Cineclube Bah, Cineclube Gramado, Cineclube Grande Angular (Caxias do Sul), Cineclube Rio Grande (Rio Grande), Cinedebate na Saúde Mental, Cinemaníaco, Cinè-club Amelie Poulain, Porto Lume Cineclube
Vinil Filmes (Floripa).
Entidades e Empresas Apoiadoras: APTC-ABD/RS, Conselho Nacional de Cineclubes, IECINE-RS, RODACINE-RS, TVE-RS, Fórum Nacional dos Festivais, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana, Governo do Estado do RS.
FENACON – WWW.FENACON.ORG.BR
CRC/SP – WWW.CRCSP.ORG.BR
IOB – WWW.IOB.COM.BR
INSTITUTO PENSARTE – WWW.PENSARTE.ORG.BR
CARVALHO ASSUNÇÃO – WWW.CARVALHOASSUNCAO.COM.BR
CULTURA E MERCADO – WWW.CULTURAEMERCADO.TERRA.COM.BR
CVM – WWW.CVM.GOV.BR
NET CULTURA – WWW.NETCULTURA.COM.BR
ARTE E CULTURA – WWW.ARTEECULTURA.COM.BR
PROJETO – SOMAIÊ CUSTO MÍNIMO FASE 02 - de 03/2005 a 06/2005
(Grupos de Somaterapia a um custo mensal ACESSÍVEL A QUALQUER PESSOA)
No final de 2004,a SOMAIÊ lançou oPROJETO "SOMAIÊ CUSTO MÍNIMO". Uma PESQUISA política e científica que resultou na formação de um grupo em São Paulo que está em andamento.
O primeiro resultado da pesquisa foi fazer a SOMAIÊ reavaliar seus custos e para 2005, já houve uma redução para os futuros grupos da técnica, veja detalhes em CUSTOS na página inicial (www.soma.pagina.de).
Outro resultado foi o acréscimo de mecanismos de "penalização" para forçar financeiramente uma prioridade ao compromisso com o grupo (detalhes no final da proposta custo mínimo).
A partir de MARÇO de 2005 a SOMAIÊ lança agora um projeto custo mínimo modificado. Pois o FASE 01 nasceu com a proposta de formar grupos numa época de difícil formação de grupos de terapia, período de dezembro a fevereiro. Formamos grupo em SP, e agora nesta nova fase, vamos investir no custo mínimo EM OUTROS ESTADOS e com um acréscimo, em relação a fase 01:
NESTA FASE, QUE FUNCIONARÁ PARA GRUPOS FORA DE SÃO PAULO, o grupo deverá começar com um mínimo entre 15 a 20 pessoas. A TAXA dos três primeiros meses do grupo será de 20 reais por pessoa. É a fase em que o grupo fica aberto a entrada de pessoas novas. Nessa fase, se o grupo ficar com menos de 20 pessoas, o grupo será responsável pelo pagamento por 20 pessoas.
No quarto mês do grupo, a taxa passa para 25 reais por pessoa fica congelada por um mês e segue até o final do grupo com esse modelo de pagamento: a cada dois meses um acréscimo de 5 reais por pessoa. Até os meses antes das CADEIRAS QUENTES (fase final da terapia), se o grupo ficar com menos de 15 pessoas, o grupo será responsável pelo pagamento por 15 pessoas.
Nos meses finais, das cadeiras quentes e da vivência de campo final (última sessão/mês do grupo) se o grupo ficar com menos de 10 pessoas, o grupo será responsável pelo pagamento de 10 pessoas.
O grupo segue as condições normais especificadas nos CUSTOS da técnica, ASSIM O GRUPO É RESPONSÁVEL pelo ESPAÇO FÍSICO para as vivências, PASSAGEM do produtor de Somaiê E da CAPOEIRA.
O grupo segue as condições especificadas no final do "SOMAIÊ CUSTO MÍNIMO" para as pessoas que FALTEM as vivências SEM AVISAR NO MÊS ANTERIOR.
UM FATOR IMPORTANTE É QUE FAZ PARTE DO GRUPO SE AUTO-PRODUZIR, isto é, as primeiras lideranças que se interessarem pela SOMAIÊ convidar outros interessados, entrar em contato com Rui Takeguma em SP para combinar WORKSHOP e começar o grupo, E NOS 3 MESES INICIAIS, DIVULGAR PARA AMPLIAR O GRUPO.
ESSA É A FORMA DA SOMAIÊ EXPERIMENTAR UM GRUPO DE CUSTO MÍNIMO EM CADA CIDADE QUE SE INTERESSAR PELO PROJETO:
UMA FORMA DA SOMAIÊ CONTRIBUIR PARA UM PROJETO SOCIAL MAIS ACESSÍVEL FINANCEIRAMENTE A POPULAÇÃO EM GERAL.
PRETENDEMOS REVOLUCIONAR A SOCIEDADE HUMANA, MAS SABEMOS QUE ISSO SÓ É POSSÍVEL ATRAVÉS DA REVOLUÇÃO INDIVIDUAL. E SEM PATERNALISMOS A SOMAIÊ EXPERIMENTA FACILITAR O ACESSO DAS PESSOAS COM MAIOR DIFICULDADE FINANCEIRA: A MAIORIA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA...
Rui Takeguma, São Paulo 22 de Fevereiro de 2005.
P/ BLOG:
15/04, sexta, 14h - Manifestação "Deixe-me identificar" contra a violência policial, a impunidade, por justiça e respeito aos direitos humanos. Concentração em frente à igreja da Candelária.
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João
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PANA BARRA EXP. E IMP.LTDAAV. OLEGARIO MACIEL 518-SALA CB TIJUCARIO DE JANEIRO - 22621200(021) 2493-2509Fax: ((021) 2493-5474)
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Vendo um gravador (52x32x52x) de cd-rom da LG; com manual e CD de instalação. Compatível com Windows 95,98,2000,Me,XP e NT4.0;
O mesmo tem um ano de uso e posso garantir que o gravador não fez mais do que dez copias.
Motivo da venda: preciso de um gravador de DVD.
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Eduardo Psilva
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São José
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Quero um microfone pra cptar a voz direto pro pc;
Faltou dizer se é para locução, canto, etc. Cada uso, um mic
especifico...
Pode comprar uma mesinha com pelo menos 2 entradas de mic. Será mais
util. Veja a FAQ da lista com sugestões.
http://audiolist.cjb.net/faq.htm
Tem muitas dicas e opiniões sobre mics para estudio na FAQ, passe lá
e poupará seu tempo e dinheiro.
E depois, veja a página STUDIO do memo site:
http://audiolist.cjb.net/studio.htm
Tem livros sobre gravação para principiantes, vale a pena comprar um.
Vai aprender muita coisa util.
procurar o artigo: "Um bom mic preamp deve ter sua impedancia de entrada ajustável, para casar corretamente com os diversos tipos de microfone existentes, como o que estou desenvolvendo para o André' T, produtor musical e membro da lista. Essa dica fará' parte do pequeno artigo que estou tentando escrever sobre o assunto (com circuitos práticos), para ser publicado em nosso site.
Neve
Manley
em relação a beringer: O ART e' melhor, sem sombra de duvida. Bom e barato.http://www.artproaudio.com/products_detail.asp?PRODUCTID=32Quanto ao preco, melhor perguntar em alguma loja que trabalhe com a marca. Por exemplo:http://www.knob.com.br/Em relação à comparação do Edu entre os prés Behringer e Art acho que devo entender que ele se refere aos equivalentes na mesma faixa de preço. Realmente o MIC2200 é inferior ao ART citado. Inclusive gostei mais do 2200 dando um Boost no PA do que no estúdio. Agora! Existe o modelo Tube Ultragain T1953 com válvulas (se não me engano) 12AX7. Com uma resposta de frequências de 2 a 200 Khz a um preço interessante. (Este eu possuo)
Não. Se eu fosse você, procuraria em Presonus Blue Tube (stereo): Boa relação custo/beneficiohttp://www.presonus.com/html/products/bluetube.html
> gostaria da opinião dos colegas sobre os pres valvulados da behringer> se vale apena só pelo custo beneficio ou se realmente são bons.> ou se valeria mais apena os pres valvulados da presonus ou art.Veja também o Peavey VMP-2. Nessa faixa de preço, está entre os melhores.
Foram poucos, muito poucos, os mic preamps serios que usaram triodos. Atualmente somente a Millenia Media produz um modelo com oito ECC88 ligadas diferencialmente e sem transformador de acoplamento na entrada ou na saida. Talvez sejam os melhores mic preamps que o dinheiro pode comprar.Olhe com calma as especificaçoes do Ultragain T1953 e similares.
Mas note que existem muitas diferenças entre eles: o Presonus é um pré duplo (dois canais) e usa uma válvula (que, a propósito, poderia ser melhorzinha...) apenas para "colorir" o sinal; o Joemeek é um canal de preamplificação completo, com opto-compressor e equalização, mas sem válvula. E não é ruidoso, apenas colorido - talvez seja isso que quiseram lhe dizer.
Uns caras gravaram 2 CD's de teste (voz feminina e masculina, violao e caixa de bateria) usando 34 diferentes preamps, com precos que variam entre US$ 130 a US$ 8000 (par stereo).http://www.3daudioinc.com/3daudio_prelp.htmlAssim, voce pode ouvir como cada um vai soar em seu estudio, e decidir pela compra. Nao para escolher "o melhor", mas para decidir qual mais lhe agrada (aos seus ouvidos e bolsos...).
Vejam nessa página...http://theprojectstudiohandbook.com/session1.htm...uma série de MP3 com gravações de voz e violão em diversas combinações de microfones e prés.Para quem está pensando em renovar o estúdio, é um bom começo.(P.S: marquem essa página e voltem outro dia, o cara promete novidades)
Edu Silva -- ES2 Audio
STANER SMI-80-2 C/ 8 CANAIS
MESA VALVULADA GIANNINI DE 8 canais VINTAGE
Mesa voxman 12 canais
staner lapmix l 04p
Caso do Vestido
Carlos Drummond de Andrade
Nossa mãe, o que é aquelevestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestidode uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe?Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa.Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressaque vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpoficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestidotanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutaipalavras de minha boca.
Era uma dona de longe, vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado,se perdeu tanto de nós,
se afastou de toda vida,se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne,bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço,foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou.Em vão o pai implorou.
Dava apólice, fazenda, dava carro, dava ouro,
beberia seu sobejo,lamberia seu sapato.
Mas a dona nem ligou.Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse,a essa dona tão perversa,
que tivesse paciênciae fosse dormir com ele...
Nossa mãe, por que chorais?Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso paichega ao pátio. Disfarcemos.
Nossa mãe, não escutamospisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procureiaquela mulher do demo.
E lhe roguei que aplacassede meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido,me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com elese a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,não por mim, não quero homem.
Olhei para vosso pai, os olhos dele pediam.
Olhei para a dona ruim, os olhos dela gozavam.
O seu vestido de renda, de colo mui devassado,
mais mostrava que escondiaas partes da pecadora.
Eu fiz meu pelo-sinal,me curvei... disse que sim.
Sai pensando na morte,mas a morte não chegava.
Andei pelas cinco ruas, passei ponte, passei rio,
visitei vossos parentes, não comia, não falava,
tive uma febre terçã,mas a morte não chegava.
Fiquei fora de perigo,fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos, costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram,meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouropagou conta de farmácia.
Vosso pais sumiu no mundo.O mundo é grande e pequeno.
Um dia a dona soberbame aparece já sem nada,
pobre, desfeita, mofina,com sua trouxa na mão.
Dona, me disse baixinho,não te dou vosso marido,
que não sei onde ele anda.Mas te dou este vestido,
última peça de luxoque guardei como lembrança
daquele dia de cobra,da maior humilhação.
Eu não tinha amor por ele,ao depois amor pegou.
Mas então ele enjoadoconfessou que só gostava
de mim como eu era dantes.Me joguei a suas plantas,
fiz toda sorte de dengo,no chão rocei minha cara,
me puxei pelos cabelos,me lancei na correnteza,
me cortei de canivete,me atirei no sumidouro,
bebi fel e gasolina,rezei duzentas novenas,
dona, de nada valeu:vosso marido sumiu.
Aqui trago minha roupaque recorda meu malfeito
de ofender dona casadapisando no seu orgulho.
Recebei esse vestidoe me dai vosso perdão.
Olhei para a cara dela,quede os olhos cintilantes?
quede graça de sorriso,quede colo de camélia?
quede aquela cinturinhadelgada como jeitosa?
quede pezinhos calçadoscom sandálias de cetim?
Olhei muito para ela, boca não disse palavra.
Peguei o vestido, pusnesse prego da parede.
Ela se foi de mansinhoe já na ponta da estrada
vosso pai aparecia.Olhou pra mim em silêncio,
mal reparou no vestidoe disse apenas: — Mulher,
põe mais um prato na mesa.Eu fiz, ele se assentou,
comeu, limpou o suor,era sempre o mesmo homem,
comia meio de ladoe nem estava mais velho.
O barulho da comidana boca, me acalentava,
me dava uma grande paz,um sentimento esquisito
de que tudo foi um sonho, vestido não há... nem nada.
Minhas filhas, eis que ouçovosso pai subindo a escada.
Texto extraído do livro "Nova Reunião - 19 Livros de Poesia", José Olympio Editora - 1985, pág. 157.
A seguir trechos de um relatório de fevereiro de 2005 da polícia federal dos Estados Unidos (FBI).
Quem tiver a oportunidade entre na "curiosa" página da "Tactical Defense Caucus" (TDC), que é um pequeno, mas ativo grupo dentro da Federação Cruz Negra Anarquista (ABCF), que fornece informações sobre auto-defesa "à esquerda em geral, para anarquistas em particular, e a ABCF principalmente".
www.abcf.net/tdc
El Diablo
COMO LER, CONHECER E DEBATER CINEMA INDEPENDENTE E CINECLUBISMO COM GENTE DE TODO O MUNDO?
http://www.cinemaniaco.com.br/movimentogaucho.php
www.utopia.com.br/cineclube
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=128071
listas de discussão:
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http://br.groups.yahoo.com/group/cineclubistassul/
assistir curtas experimentais:
http://biahwerther.weblogger.terra.com.br/
blogs do Cine 8
FLô: http://www.livreolhar.weblogger.terra.com.br/index.htm
Oficinas: http://oficina_cine8.weblogger.terra.com.br/
PARCEIROS E APOIADORES DOS PROJETOS ATUAIS DE OFICINAS CINE 8?
As entidades abaixo valorizam o cinema independente, as propostas ousadas e o cineclubismo:
CINEMANÍACO CINECLUBE
CINECLUBE BANG-BANG
CINECLUBE BAH
MOVIMENTO GAÚCHO DE CINECLUBES
IECINE/RS - Governo do Estado do RS
APTC/ABD-RS
Cineclube Bah, Cineclube Gramado, Cineclube Grande Angular (Caxias do Sul), Cineclube Rio Grande (Rio Grande), Cinedebate na Saúde Mental, Cinemaníaco, Cinè-club Amelie Poulain, Porto Lume Cineclube
Vinil Filmes (Floripa).
Entidades e Empresas Apoiadoras: APTC-ABD/RS, Conselho Nacional de Cineclubes, IECINE-RS, RODACINE-RS, TVE-RS, Fórum Nacional dos Festivais, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana, Governo do Estado do RS.
FENACON – WWW.FENACON.ORG.BR
CRC/SP – WWW.CRCSP.ORG.BR
IOB – WWW.IOB.COM.BR
INSTITUTO PENSARTE – WWW.PENSARTE.ORG.BR
CARVALHO ASSUNÇÃO – WWW.CARVALHOASSUNCAO.COM.BR
CULTURA E MERCADO – WWW.CULTURAEMERCADO.TERRA.COM.BR
CVM – WWW.CVM.GOV.BR
NET CULTURA – WWW.NETCULTURA.COM.BR
ARTE E CULTURA – WWW.ARTEECULTURA.COM.BR
PROJETO – SOMAIÊ CUSTO MÍNIMO FASE 02 - de 03/2005 a 06/2005
(Grupos de Somaterapia a um custo mensal ACESSÍVEL A QUALQUER PESSOA)
No final de 2004,a SOMAIÊ lançou oPROJETO "SOMAIÊ CUSTO MÍNIMO". Uma PESQUISA política e científica que resultou na formação de um grupo em São Paulo que está em andamento.
O primeiro resultado da pesquisa foi fazer a SOMAIÊ reavaliar seus custos e para 2005, já houve uma redução para os futuros grupos da técnica, veja detalhes em CUSTOS na página inicial (www.soma.pagina.de).
Outro resultado foi o acréscimo de mecanismos de "penalização" para forçar financeiramente uma prioridade ao compromisso com o grupo (detalhes no final da proposta custo mínimo).
A partir de MARÇO de 2005 a SOMAIÊ lança agora um projeto custo mínimo modificado. Pois o FASE 01 nasceu com a proposta de formar grupos numa época de difícil formação de grupos de terapia, período de dezembro a fevereiro. Formamos grupo em SP, e agora nesta nova fase, vamos investir no custo mínimo EM OUTROS ESTADOS e com um acréscimo, em relação a fase 01:
NESTA FASE, QUE FUNCIONARÁ PARA GRUPOS FORA DE SÃO PAULO, o grupo deverá começar com um mínimo entre 15 a 20 pessoas. A TAXA dos três primeiros meses do grupo será de 20 reais por pessoa. É a fase em que o grupo fica aberto a entrada de pessoas novas. Nessa fase, se o grupo ficar com menos de 20 pessoas, o grupo será responsável pelo pagamento por 20 pessoas.
No quarto mês do grupo, a taxa passa para 25 reais por pessoa fica congelada por um mês e segue até o final do grupo com esse modelo de pagamento: a cada dois meses um acréscimo de 5 reais por pessoa. Até os meses antes das CADEIRAS QUENTES (fase final da terapia), se o grupo ficar com menos de 15 pessoas, o grupo será responsável pelo pagamento por 15 pessoas.
Nos meses finais, das cadeiras quentes e da vivência de campo final (última sessão/mês do grupo) se o grupo ficar com menos de 10 pessoas, o grupo será responsável pelo pagamento de 10 pessoas.
O grupo segue as condições normais especificadas nos CUSTOS da técnica, ASSIM O GRUPO É RESPONSÁVEL pelo ESPAÇO FÍSICO para as vivências, PASSAGEM do produtor de Somaiê E da CAPOEIRA.
O grupo segue as condições especificadas no final do "SOMAIÊ CUSTO MÍNIMO" para as pessoas que FALTEM as vivências SEM AVISAR NO MÊS ANTERIOR.
UM FATOR IMPORTANTE É QUE FAZ PARTE DO GRUPO SE AUTO-PRODUZIR, isto é, as primeiras lideranças que se interessarem pela SOMAIÊ convidar outros interessados, entrar em contato com Rui Takeguma em SP para combinar WORKSHOP e começar o grupo, E NOS 3 MESES INICIAIS, DIVULGAR PARA AMPLIAR O GRUPO.
ESSA É A FORMA DA SOMAIÊ EXPERIMENTAR UM GRUPO DE CUSTO MÍNIMO EM CADA CIDADE QUE SE INTERESSAR PELO PROJETO:
UMA FORMA DA SOMAIÊ CONTRIBUIR PARA UM PROJETO SOCIAL MAIS ACESSÍVEL FINANCEIRAMENTE A POPULAÇÃO EM GERAL.
PRETENDEMOS REVOLUCIONAR A SOCIEDADE HUMANA, MAS SABEMOS QUE ISSO SÓ É POSSÍVEL ATRAVÉS DA REVOLUÇÃO INDIVIDUAL. E SEM PATERNALISMOS A SOMAIÊ EXPERIMENTA FACILITAR O ACESSO DAS PESSOAS COM MAIOR DIFICULDADE FINANCEIRA: A MAIORIA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA...
Rui Takeguma, São Paulo 22 de Fevereiro de 2005.
P/ BLOG:
15/04, sexta, 14h - Manifestação "Deixe-me identificar" contra a violência policial, a impunidade, por justiça e respeito aos direitos humanos. Concentração em frente à igreja da Candelária.
Programas televisivos e outras iniciativas de exibicao voltadosprazo/plazo/deadline: N/C:: CURTA NA TELA (Canal Brasil)Canal Brasil - depto de pesquisa e aquisicao de programacaoRua Itapiru 1209/5o - Rio Comprido - Rio de Janeiro RJ 20251-032tel: (21) 503.7853 fax: (21) 502.1231e-mail: canalbrasil@globosat.com.br:: ZOOM (TV Cultura / Sao Paulo)TV CulturaRua Cenno Sbrighi 378 - gua Branca - Sao Paulo SP 05036-900tel: (11) 3874.3122 fax: (11) 861.2014e-mail: zoom@tvcultura.com.br:: CURTA BRASIL (TVE / Rio de Janeiro)FUNARTE / CTAV A/c Moema MullerAv. Brasil 2482 - Rio de Janeiro - RJ 20930-040tel: (21) 580.3775 / 580.3631:: CURTA EM MOVIMENTO (TV Comunitaria / Sao Paulo)ABD-SP / CONATRua Genebra 17/1oSAO PAULO sp 01316-901tel: (11) 239.4022 ramal 235e-mail: abd-sp@saopaulo.net:: CURTA AS 6 (Espaco Unibanco de Cinema / Sao Paulo)Espaco Unibanco de CinemaRua Augusta 1475 Sao Paulo SP 01305-100tel/fax: (11) 288.4591 / 287.5590:: CURTA NAS TELAS (Porto Alegre)Secretaria Municipal de Cultura de Porto AlegreCoordenacao de Cinema, Video e FotografiaAv. Presidente Joao Goulart 551/3o - Porto Alegre RS 90010-120tel: (51) 212.5979 ramal 220 / 212.5928e-mail: curtanas@portoweb.com.br:: CURTAS INEDITOS (Museu da Imagem e do Som / Sao Paulo)Museu da Imagem e do Som A/c Depto de CinemaAv. Europa 158 Sao Paulo SP 01446-000tel: (11) 280.0896 / 852.9197:: CINE MAMBEMBE (itinerante)Buriti FilmesRua Cardoso de Almeida 1006/15 Sao Paulo SP 05013-001tel/fax: (11) 3676.1479e-mail: buriti@uol.com.br:: CURTA CIRCUITO (itinerante)Christian Saghaard e Renata Drucktel/fax: (11) 30 34.1273e-mail: saghaard@uol.com.br
*CINEMA PENSAR*
Obra audiovisual
Produto da fixação ou transmissão de imagens, com ou sem som, que tem a finalidade de criar a impressão de movimento.
Supérfluo
Aterrorizados para sermos consumidores.
Filme: Surplus
Erik GandiniSuéciaAtmo Media NetworkRepslagargatan 15c11846 - Stockholm - - Sweden46 8 4622690 / gardini@atmo.sewww.sacrificio.se
Sinopse:
A confiança dos consumidores está em baixa desde o 11 de Setembro. Uma guerra bem sucedida contra o Iraque parecia ser a única forma de reconquistar essa confiança (e a nossa felicidade).
Estará no consumo a nossa salvação? Temos uma escolha?
O filme explora, com imagens e música, o tema da reunião do G8 em Gênova (Itália) e então em Cuba, Estados Unidos, Xangai, Suécia e Índia.
Uma odisséia visual intensa filmada ao longo de três anos em oito países. Desde os confrontos explosivos das manifestações em Gênova em 2001 às bonecas para uso sexual de 7000 dólares, Surplus explora a natureza destrutiva da cultura consumista.
Sobre um pano de fundo onde coabitam os líderes mundiais mais cínicos e lideres do pessoal das grandes empresas e fanáticos da Microsoft, o filme foca-se no controverso guru da anti-globalização, John Zerzan, cujo apelo à provocação de danos sobre a propriedade inspirou muita gente à intervenção direta nas ruas. Uma montagem impressionante numa série de imagens de cortar a respiração transforma a noção estatística, segundo a qual 20% da população mundial absorve 80% dos recursos globais, numa intensa experiência emocional.
Atualização do Futuro Primitivo
John Zerzan
Estamos acostumados a fazer sinônimas a inteligência e a cultura simbólica, apesar deste suposto estar claramente em contradição com a historia da existência humana. Da mesma maneira, tentamos medir a inteligência em relação à divisão do trabalho e a domesticação: as marcas da alienação básica.
Estamos descobrindo um pouco mais acerca de uma inteligência que sabemos que viveu com a natureza em vez de dominá-la, sem hierarquia ou violência organizada. (os caçadores de cabeças, o canibalismo, a escravidão, a guerra. Tudo isso apareceu com o começo da agricultura).
Traduzido do espanhol por edp. Também em Re-Evolución!, Asociación Salvajemente Verde (www.anticivilizacion.tk)
Estratégias de dominação
... nossa dificuldade para encontrar as formas de luta adequadas não provém de que ainda ignoramos em que consiste o poder?... o poder é a guerra, a guerra continuada com outros meios ...Michel FoucaultO mundo capitalista, sua expansão e seus limites são construídos sobre a base da concorrência. A concorrência e o incremento constante do lucro, a luta pelo poder, a apropriação ilimitada de recursos de todos os tipos e a confrontação permanente de horizontes políticos e civilizatórios é o motor que estimula o desenvolvimento incessante das forças produtivas e de todos os mecanismos que contribuem para fixar as regras e margens do jogo do poder e para entrar na arena em condições de ganhador.
Trata-se, sem dúvida, de um processo social que, como reconhece experimentadamente George Soros, está longe de responder a leis naturais de comportamento.
Em uma sociedade regida pela concorrência e o conflito, o triunfo próprio e a derrota do adversário constituem seu ethos e o elemento ordenador das relações sociais. Se a aproximação à análise do sistema mundial se faz a partir dos sujeitos em conflito e não de suas expressões coisificadas, é possível perceber o problema da concorrência como um campo de batalha no qual a posição e as estratégias empregadas são os elementos de definição de resultados.
Por fim, "as forças presentes da história não obedecem nem a um destino nem a uma mecânica, e sim ao acaso da luta". (Foucault:1977, p. 20)
Edição do original: Estratégias de dominação e mapas de construção da hegemonia mundial
Ana Esther Ceceña: Cientista social da revista Chiapas e representante do Instituto de Investigaciones Econômicas (UNAM) do México.
Tradução para o português: Maria Lúcia Badejo
situa interMAN
Na sociedade hoje dominante, que produz massivamente tristes pseudo-jogos da não-participação, uma atividade artística verdadeira é forçosamente classificada no campo da criminalidade. É semi-clandestina. Surge na forma de escândalo.
Ao se tornar todo mundo, por assim dizer, situacionista, se verá a uma inflação multidimensional de tendências, de experiências, de "escolas" radicalmente diferentes e isto não já sucessivamente, mas simultaneamente.
Tende naturalmente a uma produção coletiva e, sem dúvida, anônima (pelo menos na medida em que, ao não estar às obras armazenadas como mercadorias, tal cultura não estará dominada pela necessidade de deixar traços).
Mas antes inclusive deste corredor sem saída do capitalismo, a arte era essencialmente unilateral, sem resposta.
Uma nova força humana, que a estrutura existente não poderá dominar, cresce dia a dia com o irresistível desenvolvimento técnico e a insatisfação de seus usos possíveis em nossa vida social carente de sentido.
Internationalle Situationniste nº 4, 17 de maio de 1960
Traduzido para o português pelos editores da Biblioteca Virtual Revolucionária (www.geocities.com/autonomiabvr/).
repressão aos indivíduos.
Pela primeira vez na história da humanidade, enormes massas humanas, mais especificamente jovens, informalmente se organizaram em todo o mundo ocidental, para lutar com paz e amor. O que se contesta são tabus culturais e morais, os costumes e os padrões de nossa sociedade judaico-cristã, nossas tradições e preconceitos. Enfim, nossas instituições sociais.
Para reconhecermos o que é uma instituição social basta ir de encontro a ela.
Desde os primórdios o controle sobre o saber tem sido instrumento vital aos que sustentam o poder. Parece que não se percebe, que quando se intenta socializar a produção o que se pretende em última instância, é a socialização do consumo. Isto inclui
o saber. Ele não pode ser patrimônio de classes sociais. Nem de um modo de produção específico. Ele é da humanidade.
Penso que quando John Lennon cantou "o sonho acabou", na música God, ele não
estava desistindo de uma nova consciência social, de um modo de ser que o fez, e
a muitos, sonhar. Aqueles versos soam como um alerta contra atitudes extremas.
Contra a idolatria. Naquele momento se falava no fim da era de aquários. Momento
de reavaliação. Início de uma nova atitude. Era preciso que aqueles versos
soassem como um "se toque". "Encare a realidade de frente". "Seja mais você, com
suas opiniões". Ele convocava a todos a mudar o mundo em suas entranhas. Já havia a certeza que só se modifica a sociedade por dentro. Dela participando. Pondo em prática e defendendo as nossas idéias no dia-a-dia. Na vida cotidiana. Em casa, na rua e no trabalho. No interior da família, do casamento, no comportamento sexual e social.
Retirado do original:
A CONTRACULTURA - ONTEM E HOJE
ARMANDO Ferreira de ALMEIDA Júnior: Economista, com tese de mestrado sobre
"Relações de produção em um Perímetro Irrigado da Codevasf, em Juazeiro-BA" -
1986.
Mail: mariangela@e-net.com.br
Projeto Nacional de Desenvolvimento
Em junho de 2003, um grupo de mais de 300 economistas brasileiros divulgou um manifesto no qual advertia para o agravamento da crise social em face do aprofundamento, pelo Governo Lula, da política macroeconômica herdada do governo anterior.
É nossa convicção que, a despeito do aprofundamento da crise social, não há sinais de reversão da atual política econômica. Ao contrário, o governo tem reafirmado que não quer mudar. Portanto, é nosso dever de cidadania insistir na denúncia de que esta política econômica não atende aos interesses da maioria e que aumentará cada vez mais os problemas sociais. A suposta estabilização macroeconômica, apoiada em políticas monetária e fiscal restritivas, ocorre em detrimento da estabilidade social. As taxas de desemprego e de subemprego nas principais regiões metropolitanas se elevam a um quarto da população ativa, o que configura, de longe, a maior crise social de nossa história, levando a uma escalada da marginalização social, da criminalidade e da insegurança.
Além de travar a economia, o superávit primário -agora elevado para 4,5% do PIB - e os juros básicos de agiotagem - elevados novamente para, agora, 17,25% a.a. - são uma verdadeira máquina de transferência de renda de pobres para ricos, na medida em que implicam a tributação indireta dos pobres, e o aumento da tributação direta da classe média, para o pagamento dos juros da dívida pública aos ricos.
Do ponto de vista político, é importantíssimo que o povo brasileiro tenha assegurado os direitos garantidos pela Constituição, de decidir por plebiscito e/ou consulta popular todos os temas que afetam toda a sociedade, como os acordos internacionais da ALCA, OMC, Mercosul-UEE, transgênicos, entre outros. Por isso nos somamos à iniciativa da OAB, CNBB e MST de iniciar uma campanha pela regulamentação do direito ao exercício do plebiscito pelo povo, de onde todo poder emana.A política econômica atual é coerente com a manutenção dos privilégios da camada mais rica da população, dos setores financeiros e daqueles voltados para a exportação.
Esperamos que o povo se conscientize da necessidade de se mobilizar, mais uma vez, para lutar contra as políticas neoliberais e pela construção de uma ordem social mais justa.
22 de novembro de 2004.
Obra audiovisual
Produto da fixação ou transmissão de imagens, com ou sem som, que tem a finalidade de criar a impressão de movimento.
Supérfluo
Aterrorizados para sermos consumidores.
Filme: Surplus
Erik GandiniSuéciaAtmo Media NetworkRepslagargatan 15c11846 - Stockholm - - Sweden46 8 4622690 / gardini@atmo.sewww.sacrificio.se
Sinopse:
A confiança dos consumidores está em baixa desde o 11 de Setembro. Uma guerra bem sucedida contra o Iraque parecia ser a única forma de reconquistar essa confiança (e a nossa felicidade).
Estará no consumo a nossa salvação? Temos uma escolha?
O filme explora, com imagens e música, o tema da reunião do G8 em Gênova (Itália) e então em Cuba, Estados Unidos, Xangai, Suécia e Índia.
Uma odisséia visual intensa filmada ao longo de três anos em oito países. Desde os confrontos explosivos das manifestações em Gênova em 2001 às bonecas para uso sexual de 7000 dólares, Surplus explora a natureza destrutiva da cultura consumista.
Sobre um pano de fundo onde coabitam os líderes mundiais mais cínicos e lideres do pessoal das grandes empresas e fanáticos da Microsoft, o filme foca-se no controverso guru da anti-globalização, John Zerzan, cujo apelo à provocação de danos sobre a propriedade inspirou muita gente à intervenção direta nas ruas. Uma montagem impressionante numa série de imagens de cortar a respiração transforma a noção estatística, segundo a qual 20% da população mundial absorve 80% dos recursos globais, numa intensa experiência emocional.
Atualização do Futuro Primitivo
John Zerzan
Estamos acostumados a fazer sinônimas a inteligência e a cultura simbólica, apesar deste suposto estar claramente em contradição com a historia da existência humana. Da mesma maneira, tentamos medir a inteligência em relação à divisão do trabalho e a domesticação: as marcas da alienação básica.
Estamos descobrindo um pouco mais acerca de uma inteligência que sabemos que viveu com a natureza em vez de dominá-la, sem hierarquia ou violência organizada. (os caçadores de cabeças, o canibalismo, a escravidão, a guerra. Tudo isso apareceu com o começo da agricultura).
Traduzido do espanhol por edp. Também em Re-Evolución!, Asociación Salvajemente Verde (www.anticivilizacion.tk)
Estratégias de dominação
... nossa dificuldade para encontrar as formas de luta adequadas não provém de que ainda ignoramos em que consiste o poder?... o poder é a guerra, a guerra continuada com outros meios ...Michel FoucaultO mundo capitalista, sua expansão e seus limites são construídos sobre a base da concorrência. A concorrência e o incremento constante do lucro, a luta pelo poder, a apropriação ilimitada de recursos de todos os tipos e a confrontação permanente de horizontes políticos e civilizatórios é o motor que estimula o desenvolvimento incessante das forças produtivas e de todos os mecanismos que contribuem para fixar as regras e margens do jogo do poder e para entrar na arena em condições de ganhador.
Trata-se, sem dúvida, de um processo social que, como reconhece experimentadamente George Soros, está longe de responder a leis naturais de comportamento.
Em uma sociedade regida pela concorrência e o conflito, o triunfo próprio e a derrota do adversário constituem seu ethos e o elemento ordenador das relações sociais. Se a aproximação à análise do sistema mundial se faz a partir dos sujeitos em conflito e não de suas expressões coisificadas, é possível perceber o problema da concorrência como um campo de batalha no qual a posição e as estratégias empregadas são os elementos de definição de resultados.
Por fim, "as forças presentes da história não obedecem nem a um destino nem a uma mecânica, e sim ao acaso da luta". (Foucault:1977, p. 20)
Edição do original: Estratégias de dominação e mapas de construção da hegemonia mundial
Ana Esther Ceceña: Cientista social da revista Chiapas e representante do Instituto de Investigaciones Econômicas (UNAM) do México.
Tradução para o português: Maria Lúcia Badejo
situa interMAN
Na sociedade hoje dominante, que produz massivamente tristes pseudo-jogos da não-participação, uma atividade artística verdadeira é forçosamente classificada no campo da criminalidade. É semi-clandestina. Surge na forma de escândalo.
Ao se tornar todo mundo, por assim dizer, situacionista, se verá a uma inflação multidimensional de tendências, de experiências, de "escolas" radicalmente diferentes e isto não já sucessivamente, mas simultaneamente.
Tende naturalmente a uma produção coletiva e, sem dúvida, anônima (pelo menos na medida em que, ao não estar às obras armazenadas como mercadorias, tal cultura não estará dominada pela necessidade de deixar traços).
Mas antes inclusive deste corredor sem saída do capitalismo, a arte era essencialmente unilateral, sem resposta.
Uma nova força humana, que a estrutura existente não poderá dominar, cresce dia a dia com o irresistível desenvolvimento técnico e a insatisfação de seus usos possíveis em nossa vida social carente de sentido.
Internationalle Situationniste nº 4, 17 de maio de 1960
Traduzido para o português pelos editores da Biblioteca Virtual Revolucionária (www.geocities.com/autonomiabvr/).
repressão aos indivíduos.
Pela primeira vez na história da humanidade, enormes massas humanas, mais especificamente jovens, informalmente se organizaram em todo o mundo ocidental, para lutar com paz e amor. O que se contesta são tabus culturais e morais, os costumes e os padrões de nossa sociedade judaico-cristã, nossas tradições e preconceitos. Enfim, nossas instituições sociais.
Para reconhecermos o que é uma instituição social basta ir de encontro a ela.
Desde os primórdios o controle sobre o saber tem sido instrumento vital aos que sustentam o poder. Parece que não se percebe, que quando se intenta socializar a produção o que se pretende em última instância, é a socialização do consumo. Isto inclui
o saber. Ele não pode ser patrimônio de classes sociais. Nem de um modo de produção específico. Ele é da humanidade.
Penso que quando John Lennon cantou "o sonho acabou", na música God, ele não
estava desistindo de uma nova consciência social, de um modo de ser que o fez, e
a muitos, sonhar. Aqueles versos soam como um alerta contra atitudes extremas.
Contra a idolatria. Naquele momento se falava no fim da era de aquários. Momento
de reavaliação. Início de uma nova atitude. Era preciso que aqueles versos
soassem como um "se toque". "Encare a realidade de frente". "Seja mais você, com
suas opiniões". Ele convocava a todos a mudar o mundo em suas entranhas. Já havia a certeza que só se modifica a sociedade por dentro. Dela participando. Pondo em prática e defendendo as nossas idéias no dia-a-dia. Na vida cotidiana. Em casa, na rua e no trabalho. No interior da família, do casamento, no comportamento sexual e social.
Retirado do original:
A CONTRACULTURA - ONTEM E HOJE
ARMANDO Ferreira de ALMEIDA Júnior: Economista, com tese de mestrado sobre
"Relações de produção em um Perímetro Irrigado da Codevasf, em Juazeiro-BA" -
1986.
Mail: mariangela@e-net.com.br
Projeto Nacional de Desenvolvimento
Em junho de 2003, um grupo de mais de 300 economistas brasileiros divulgou um manifesto no qual advertia para o agravamento da crise social em face do aprofundamento, pelo Governo Lula, da política macroeconômica herdada do governo anterior.
É nossa convicção que, a despeito do aprofundamento da crise social, não há sinais de reversão da atual política econômica. Ao contrário, o governo tem reafirmado que não quer mudar. Portanto, é nosso dever de cidadania insistir na denúncia de que esta política econômica não atende aos interesses da maioria e que aumentará cada vez mais os problemas sociais. A suposta estabilização macroeconômica, apoiada em políticas monetária e fiscal restritivas, ocorre em detrimento da estabilidade social. As taxas de desemprego e de subemprego nas principais regiões metropolitanas se elevam a um quarto da população ativa, o que configura, de longe, a maior crise social de nossa história, levando a uma escalada da marginalização social, da criminalidade e da insegurança.
Além de travar a economia, o superávit primário -agora elevado para 4,5% do PIB - e os juros básicos de agiotagem - elevados novamente para, agora, 17,25% a.a. - são uma verdadeira máquina de transferência de renda de pobres para ricos, na medida em que implicam a tributação indireta dos pobres, e o aumento da tributação direta da classe média, para o pagamento dos juros da dívida pública aos ricos.
Do ponto de vista político, é importantíssimo que o povo brasileiro tenha assegurado os direitos garantidos pela Constituição, de decidir por plebiscito e/ou consulta popular todos os temas que afetam toda a sociedade, como os acordos internacionais da ALCA, OMC, Mercosul-UEE, transgênicos, entre outros. Por isso nos somamos à iniciativa da OAB, CNBB e MST de iniciar uma campanha pela regulamentação do direito ao exercício do plebiscito pelo povo, de onde todo poder emana.A política econômica atual é coerente com a manutenção dos privilégios da camada mais rica da população, dos setores financeiros e daqueles voltados para a exportação.
Esperamos que o povo se conscientize da necessidade de se mobilizar, mais uma vez, para lutar contra as políticas neoliberais e pela construção de uma ordem social mais justa.
22 de novembro de 2004.
Cineclube "Cinema Pensar"
Educando a liberdade do olhar.
Apresentação
Na falta de um eixo entre o cinemão e o humano pensante, onde arte não tem interação diretamente com a vida e sim com superficialidades da indústria, o cineclube Cinema-Pensar vem para transcender as barreiras comerciais e ativar idéias revolucionárias. Não se pretende colocar em ação qualquer tipo de expressão audiovisual que deixe a existência humana em segundo plano.
Fazer o diferencial pela arte, pela cultura, pelo cinema, por ideais e ideologias, a intenção inicial não é mudar o sistema e sim alertar para como as pessoas estão reagindo ao sistema, deixando claro que não precisamos soar subjetivos, oníricos, metafísicos ou intelectuais para tal. É preciso conhecer a nós mesmos, a nossa sociedade, as grandes corporações, a televisão e a mídia de uma maneira geral.
Pensar o cinema não é prioridade, a prioridade é pensar a vida, a sociedade, a exclusão, a imoralidade, o ‘feísmo’ cultural e o da alma, o governo; e a partir disso termos nosso próprio embate.
O que queremos? Mudar a nós mesmos ou ao próximo?
Essas e outras opiniões serão expostas para serem discutidas e pensadas de acordo com a contemporaneidade que nos assusta.
A atitude precisa ser tomada diante da insatisfação. O cineclube é uma iniciativa.
Objetivo
O cineclube "Cinema-Pensar" tem como objetivo exibir filmes com temáticas pouco abordadas e criar grupos de discussão para esses filmes.
O principal objetivo é aflorar o espírito idealista e revolucionário presente em todos nós, para que com isso possamos ir realizando nossas idéias de um mundo mais justo, de um mundo melhor.
A troca de informações entre os participantes do cineclube pode vir a ter resultados em âmbito primeiramente local e com a pós – modernidade e a globalização poderemos dar "voz" para pessoas de todo mundo que se interessem pelas causas tratadas. Causas essas que não vão ficar apenas no mínimo de um cineclube, podendo se expandir para todos os meios de arte e comunicação, como por exemplo: exposições, leituras de textos, poesias, palestras e diversas formas da expressão humana.
Primeiro filme a ser exibido:
"Surplus" de Erik Gandini
Documentário sonoro sobre a sociedade de consumo e o capitalismo selvagem e como esse sistema está trazendo desvantagens para a raça humana.
Organização:
Alunos e ex-alunos de cinema, amantes da arte e da tecnologia e CMI
Contato:
http://www.midiatatica.org/ip
Rio de Janeiro
Abril de 2005
Educando a liberdade do olhar.
Apresentação
Na falta de um eixo entre o cinemão e o humano pensante, onde arte não tem interação diretamente com a vida e sim com superficialidades da indústria, o cineclube Cinema-Pensar vem para transcender as barreiras comerciais e ativar idéias revolucionárias. Não se pretende colocar em ação qualquer tipo de expressão audiovisual que deixe a existência humana em segundo plano.
Fazer o diferencial pela arte, pela cultura, pelo cinema, por ideais e ideologias, a intenção inicial não é mudar o sistema e sim alertar para como as pessoas estão reagindo ao sistema, deixando claro que não precisamos soar subjetivos, oníricos, metafísicos ou intelectuais para tal. É preciso conhecer a nós mesmos, a nossa sociedade, as grandes corporações, a televisão e a mídia de uma maneira geral.
Pensar o cinema não é prioridade, a prioridade é pensar a vida, a sociedade, a exclusão, a imoralidade, o ‘feísmo’ cultural e o da alma, o governo; e a partir disso termos nosso próprio embate.
O que queremos? Mudar a nós mesmos ou ao próximo?
Essas e outras opiniões serão expostas para serem discutidas e pensadas de acordo com a contemporaneidade que nos assusta.
A atitude precisa ser tomada diante da insatisfação. O cineclube é uma iniciativa.
Objetivo
O cineclube "Cinema-Pensar" tem como objetivo exibir filmes com temáticas pouco abordadas e criar grupos de discussão para esses filmes.
O principal objetivo é aflorar o espírito idealista e revolucionário presente em todos nós, para que com isso possamos ir realizando nossas idéias de um mundo mais justo, de um mundo melhor.
A troca de informações entre os participantes do cineclube pode vir a ter resultados em âmbito primeiramente local e com a pós – modernidade e a globalização poderemos dar "voz" para pessoas de todo mundo que se interessem pelas causas tratadas. Causas essas que não vão ficar apenas no mínimo de um cineclube, podendo se expandir para todos os meios de arte e comunicação, como por exemplo: exposições, leituras de textos, poesias, palestras e diversas formas da expressão humana.
Primeiro filme a ser exibido:
"Surplus" de Erik Gandini
Documentário sonoro sobre a sociedade de consumo e o capitalismo selvagem e como esse sistema está trazendo desvantagens para a raça humana.
Organização:
Alunos e ex-alunos de cinema, amantes da arte e da tecnologia e CMI
Contato:
http://www.midiatatica.org/ip
Rio de Janeiro
Abril de 2005
HAICAI & TANKA
A POESIADE ORIGEM JAPONESA
O haicai é fruto do "haikai no renga" (ou tanka), muito em voga antes e na época de Bashô, que nada mais era do que um poema seqüencial, em que um poeta compunha a primeira estrofe (hokku), um terceto com 5/7/5 sílabas (ou sons). Os poemas naquela época (tanka/waka) eram apenas cantados ou declamados. Não havia poemas escritos.
Em seguida, vinha outro poeta, que o completava, compondo a segunda estrofe; um dístico, com 7/7 sílabas (ou sons). E as estrofes iam se sucedendo espontaneamente, chegando a centenas. É claro que isso não se dava em um só dia. Um "haikai no renga", para ser completado, levava anos, pois também não havia, por parte dos que o compunham, o que chamaríamos de "ansiedade" em vê-lo concluído, em dia e hora certos.
Sendo o hokku "a partida", para o desenvolvimento de um longo poema, era ele que estabelecia "a cor", "o matiz" ( o assunto) para o restante a encadear, ou simplesmente o argumento principal.
Embora iguais na forma, há uma significativa diferença entre "haikai no renga" e "tanka" (ou waka). O primeiro é composto por dois poetas, ou seja, um compõe o "hokku", que é a estrofe inicial, e outro vate compõe a derradeira estrofe (estrofe seguinte), um dístico de 7/7 sílabas. No caso do "tanka", o poema (mesmo igual ao antecedente) é composto por um único poeta (as duas estrofes). Em palavras mais claras: - o "tanka" é produção individual, enquanto o "Renga-Haikai" é produção coletiva.
Dizíamos anteriormente que o "haikai no renga" (conhecido na época simplesmente por haikai) era muito extenso. Uma centena de estrofes denominava-se hyakuin; um milhar, senku. Por uma questão de gosto ou preferência, Bashô era adepto do KASEN, um encadeamento de apenas 36 estrofes (do haikai no renga).
Trocando tudo isso em miúdos, como apregoa o bom povo, na tentativa de sermos entendidos até por uma criancinha de colo, tornaríamos a explicar que o "haikai no renga" era formado distintamente por duas estrofes, sendo o "hokku" (centrado sempre no kigo) a inicial ou superior, intitulada "Kami no ku", em três versos (5/7/5) e a inferior, "Shimo no ku", uma dupla de 7/7, que é a estrofe terminal, também denominada "Matsu no ku". Outro dado que gostaríamos de deixar bastante claro é que o "tanka" não tem (ou não exige) referência à natureza ou sazonalidade (embora isso casualmente possa acontecer). Está centrado no social ou nas paixões humanas (atributos/qualidades).
Reza a tradição que o mais antigo exemplo de haikai escrito, de que se tem notícia, tem como autor o poeta Fugiwara-no-Sadaye (1162-1242), que viveu no tempo do imperador Gotoba (1180-1239), cujo texto é o seguinte:
"Espalhadas flores
quer pegar e pega apenas
o vento de chuva."
-Consta que o primeiro haicai produzido no Brasil é de autoria de Hyôkotsu, escrito momentos após desembarcar no porto de Santos, em 18.06.1908, do navio Kasato Maru, que trazia os primeiros imigrantes japoneses (793) para o nosso país. Eis o poema:
"A nau imigrante
chegando: vê-se lá no alto
a cascata seca."
DEFININDO O HAICAI
É um poema universal, já que canta a natureza através do kigo. O que identifica ou caracteriza o haicai é justamente o kigo (a pronúncia correta é kìgo), "termo ou palavra de estação".
O kigo é representado por meio de um vocábulo, uma frase ou uma expressão (no poema), ou ainda pelo "colorido" das imagens, emoções ou sensações que o mesmo encerra, de acordo com os conhecimentos do poeta e do seu talento ou mesmo de sua vivência, nesse campo.
A concepção hodierna de haicai, em nosso país, é a de que se trata de um poema breve, escrito em tercetos, onde uma palavra ou expressão nos remete à estação do ano: mas não basta essa conformação para que o produto final, em três versos, possa ser considerado um haicai perfeito. O kigo deve representar o "aqui" e o "agora", como o "flash" de uma máquina fotográfica, que capta e fixa uma imagem de um determinado momento do tempo. É aquilo e pronto! O haicai, finalmente, é um canto de louvor à natureza.
Por ser um poema conciso, devemos evitar, na sua contextura, o raciocínio, idéias pré-concebidas ou conclusões. Nele não há espaço para a razão. É simplesmente POESIA.
Outro fator importante que podemos abordar é que o haicai não é um poema pequeno. Casualmente sua estrutura é desse porte. Ninguém o "imagina" de um modo "extenso" e depois vai polindo, os versos, até que alcancem a marca das cinco/sete/cinco sílabas (ou sons).
Como forma literária, para esse caso, não deverá haver termo de comparação. O haicai "nasce" (assim) espontaneamente. Como não se diz que uma rosa é grande e um miosótis, pequeno. "Ele é o que é".
A poesia do haicai ou se realiza ou não se realiza. Se não se realiza, o produto final é um lindo poema, porém não pode ser considerado haicai. Essa é a opinião de vários mestres (atuais) do haicai.
HAICAI NO BRASIL
Com raras exceções, entrando aqui os grupos de São Paulo (capital) e Santos, não se pratica, no Brasil, um haicai que chamaríamos de autêntico. Por ignorância ou mesmo por preguiça, a maioria busca o mais fácil, ou seja, amontoar três versinhos, uns sobre os outros, e, muitas vezes, perfeitamente metrificados. Compõem um terceto, mas não um haicai.
O haicai deve ser tratado, poema que é, como um todo. Uma somatória de dezessete sílabas (ou sons), distribuídas em três versos, com uma delicada mensagem sobre a natureza, indicada pelo kigo (estação do ano). Mas tudo isso sem exageros. No haicai devemos evitar grandes explicações, metáforas preciosíssimas, títulos ou rimas. O haicai é simples, do povo. Nasceu e deverá continuar assim. É claro que o poeta, vez por outra, tem o direito de extrapolar tudo isso, pois é ele quem tem vida, inspiração. Mas se o seu desejo é a prática do haicai (autêntico) de Bashô, os modelos (ou normas) estão ao alcance de qualquer um. Afinal de contas, existem leis para tudo e o haicai não é uma exceção.
Alguns sabichões andam por aí inventando (cada um diz o que quer) que possuindo o japonês uma escrita ideográfica (?), diferente da nossa, é impossível conciliar o número de sons desse idioma com o número de sílabas, na língua portuguesa. Enganam-se. Se o alfabeto nipônico é completamente estranho ao nosso, sua pronúncia é idêntica... e eu diria quase igual. Podemos ler textos em português, com os sons japoneses, que eles entenderão no ato.
Saber metrificar não é coisa do passado, pois a metrificação é "apenas" um recurso "a mais" que a poesia nos oferece. Um toque de ternura, nas mãos do poeta. E metrificar não é tão difícil como se possa imaginar, pois "até eu" consegui aprender.
Todo poeta que deseja ser completo necessita estar familiarizado com a metrificação. No exterior, todos os poetas metrificam. A implicância, me parece, é só no Brasil.
Vocês já imaginaram um compositor que não sabe música? Um pintor que desconhece rudimentos sobre tintas e matizes? Um escultor que não dá a menor "pelota" para a forma? Quanto mais pudermos aprender sobre a arte que abraçamos, mais haveremos de nos desenvolver nela e de colher seus apetecidos frutos. Ser poeta pelas metades é "caretice".
Mas, como dizia no início deste capítulo, o que se faz (mais) no Brasil, no momento, é escrever tercetos. E para escrever tercetos não precisa saber nada sobre Bashô, Issa, kidai ou kigo. Se souber, melhor. Mas escrever tercetos também é válido. Só não estaremos praticando o haicai, que, como disse folhas atrás, é coisa bem diferente.
OUTRAS FORMAS DE EXPRESSÃO JAPONESAS
Além do terceto, que não dispõe de regras para a sua elaboração e pode ser escrito por qualquer pessoa, não necessitando nem mesmo ser poeta, informaríamos da existência do senryu (ú), outra forma poética de expressão que está sendo bastante praticada, no momento, no mundo inteiro, incluindo o Brasil. E, verdade seja dita, poemas muito bonitos, mas que apesar de seus pontos positivos não são haicais. O senryu é um "parente chegado" do haicai. Consta que vem do "centro" do "haikai no renga", enquanto o haicai, propriamente dito, é a sua primeira estrofe (hokku).
No Japão, o "senryu" é praticado por trabalhadores e mesmo executivos. São versos leves e circunstanciais, que falam do cotidiano e expressam as condições de vida do japonês moderno. O importante, no senryu, é a mensagem (cômica, irônica, satírica).
O "senryu", a princípio, era uma das mais conhecidas formas de "zappai" (forma cômica). Hoje, seu sentido evoluiu.
Vejam alguns exemplos de senryu e poderão notar que é um poema que agrada e mesmo empolga, se bem escrito, embora não seja haicai:
"Passar o fim de semana
como perfeitos estrangeiros, ou quem são
minha mulher e meus filhos?"
Tudo isso em função da triste situação de um chefe de família japonês, continuamente longe de casa, distante de seus entes queridos, em busca do ganha-pão. Um tipo muito encontrado no Japão de hoje é o "tashin-funin", o "solitário transferido".
Alguns casamentos chegam ao divórcio (separação) devido a esse estado de coisas. O "senryu" abaixo reflete melhor todo esse drama nipônico:
"Um envelope na caixa do correio.
De uma namorada?
Não, de meu filho."
Eis aí uma mostra amarga do que existe hoje no Japão... e talvez no mundo inteiro, que se reflete até na literatura. E essa "coisa ruim" já se implantou também no Brasil. O senryu, não. O problema social.
CONSIDERAÇÕES FINAISSOBRE O ASSUNTO
Ninguém poderá dizer, com a máxima certeza, o que seja um haicai BOM. Desde que ele siga os preceitos deixados pelos poetas tradicionais, será sempre um haicai. Particularmente, devo deixar aqui transcrito que no haicai deve existir sempre a noção de sinceridade (makoto); a expressão de uma realidade condizente com a verdade interior do poeta.
Um artifício bastante utilizado na composição do haicai é o "kireji", que não possui explicações, em nosso idioma. É uma maneira "sui generis" de se expressar, do povo japonês, mais ou menos assim: ah! oh!, etc. Para identificá-lo, geralmente usamos um travessão, numa rápida mudança do assunto que está sendo tratado, no poema.
Onji seria a somatória dos dezessete sons ou pausas do haicai.
Kidai é o tema do haicai.
Kigo é o vocábulo (palavra, frase ou expressão) que simboliza ou representa um elemento da natureza – referência sazonal. Muitas vezes, kigo e kidai se confundem no poema. Mas seria entrar em pormenores e "delicadezas", que poderiam trazer maiores confusões ao leitor.
Muito mais teríamos ou poderíamos aqui expressar, sobre essa pérola nipônica. Não o faremos para não tornar este assunto extenso e maçante. Nem tivemos a intenção de exaurir o tema. Trata-se, este pequeno estudo, de uma singela orientação ao haicaísta iniciante, que verá nele uma espécie de primeiro degrau para o desenvolvimento de seu aprendizado, sobre esse poema.
A POESIADE ORIGEM JAPONESA
O haicai é fruto do "haikai no renga" (ou tanka), muito em voga antes e na época de Bashô, que nada mais era do que um poema seqüencial, em que um poeta compunha a primeira estrofe (hokku), um terceto com 5/7/5 sílabas (ou sons). Os poemas naquela época (tanka/waka) eram apenas cantados ou declamados. Não havia poemas escritos.
Em seguida, vinha outro poeta, que o completava, compondo a segunda estrofe; um dístico, com 7/7 sílabas (ou sons). E as estrofes iam se sucedendo espontaneamente, chegando a centenas. É claro que isso não se dava em um só dia. Um "haikai no renga", para ser completado, levava anos, pois também não havia, por parte dos que o compunham, o que chamaríamos de "ansiedade" em vê-lo concluído, em dia e hora certos.
Sendo o hokku "a partida", para o desenvolvimento de um longo poema, era ele que estabelecia "a cor", "o matiz" ( o assunto) para o restante a encadear, ou simplesmente o argumento principal.
Embora iguais na forma, há uma significativa diferença entre "haikai no renga" e "tanka" (ou waka). O primeiro é composto por dois poetas, ou seja, um compõe o "hokku", que é a estrofe inicial, e outro vate compõe a derradeira estrofe (estrofe seguinte), um dístico de 7/7 sílabas. No caso do "tanka", o poema (mesmo igual ao antecedente) é composto por um único poeta (as duas estrofes). Em palavras mais claras: - o "tanka" é produção individual, enquanto o "Renga-Haikai" é produção coletiva.
Dizíamos anteriormente que o "haikai no renga" (conhecido na época simplesmente por haikai) era muito extenso. Uma centena de estrofes denominava-se hyakuin; um milhar, senku. Por uma questão de gosto ou preferência, Bashô era adepto do KASEN, um encadeamento de apenas 36 estrofes (do haikai no renga).
Trocando tudo isso em miúdos, como apregoa o bom povo, na tentativa de sermos entendidos até por uma criancinha de colo, tornaríamos a explicar que o "haikai no renga" era formado distintamente por duas estrofes, sendo o "hokku" (centrado sempre no kigo) a inicial ou superior, intitulada "Kami no ku", em três versos (5/7/5) e a inferior, "Shimo no ku", uma dupla de 7/7, que é a estrofe terminal, também denominada "Matsu no ku". Outro dado que gostaríamos de deixar bastante claro é que o "tanka" não tem (ou não exige) referência à natureza ou sazonalidade (embora isso casualmente possa acontecer). Está centrado no social ou nas paixões humanas (atributos/qualidades).
Reza a tradição que o mais antigo exemplo de haikai escrito, de que se tem notícia, tem como autor o poeta Fugiwara-no-Sadaye (1162-1242), que viveu no tempo do imperador Gotoba (1180-1239), cujo texto é o seguinte:
"Espalhadas flores
quer pegar e pega apenas
o vento de chuva."
-Consta que o primeiro haicai produzido no Brasil é de autoria de Hyôkotsu, escrito momentos após desembarcar no porto de Santos, em 18.06.1908, do navio Kasato Maru, que trazia os primeiros imigrantes japoneses (793) para o nosso país. Eis o poema:
"A nau imigrante
chegando: vê-se lá no alto
a cascata seca."
DEFININDO O HAICAI
É um poema universal, já que canta a natureza através do kigo. O que identifica ou caracteriza o haicai é justamente o kigo (a pronúncia correta é kìgo), "termo ou palavra de estação".
O kigo é representado por meio de um vocábulo, uma frase ou uma expressão (no poema), ou ainda pelo "colorido" das imagens, emoções ou sensações que o mesmo encerra, de acordo com os conhecimentos do poeta e do seu talento ou mesmo de sua vivência, nesse campo.
A concepção hodierna de haicai, em nosso país, é a de que se trata de um poema breve, escrito em tercetos, onde uma palavra ou expressão nos remete à estação do ano: mas não basta essa conformação para que o produto final, em três versos, possa ser considerado um haicai perfeito. O kigo deve representar o "aqui" e o "agora", como o "flash" de uma máquina fotográfica, que capta e fixa uma imagem de um determinado momento do tempo. É aquilo e pronto! O haicai, finalmente, é um canto de louvor à natureza.
Por ser um poema conciso, devemos evitar, na sua contextura, o raciocínio, idéias pré-concebidas ou conclusões. Nele não há espaço para a razão. É simplesmente POESIA.
Outro fator importante que podemos abordar é que o haicai não é um poema pequeno. Casualmente sua estrutura é desse porte. Ninguém o "imagina" de um modo "extenso" e depois vai polindo, os versos, até que alcancem a marca das cinco/sete/cinco sílabas (ou sons).
Como forma literária, para esse caso, não deverá haver termo de comparação. O haicai "nasce" (assim) espontaneamente. Como não se diz que uma rosa é grande e um miosótis, pequeno. "Ele é o que é".
A poesia do haicai ou se realiza ou não se realiza. Se não se realiza, o produto final é um lindo poema, porém não pode ser considerado haicai. Essa é a opinião de vários mestres (atuais) do haicai.
HAICAI NO BRASIL
Com raras exceções, entrando aqui os grupos de São Paulo (capital) e Santos, não se pratica, no Brasil, um haicai que chamaríamos de autêntico. Por ignorância ou mesmo por preguiça, a maioria busca o mais fácil, ou seja, amontoar três versinhos, uns sobre os outros, e, muitas vezes, perfeitamente metrificados. Compõem um terceto, mas não um haicai.
O haicai deve ser tratado, poema que é, como um todo. Uma somatória de dezessete sílabas (ou sons), distribuídas em três versos, com uma delicada mensagem sobre a natureza, indicada pelo kigo (estação do ano). Mas tudo isso sem exageros. No haicai devemos evitar grandes explicações, metáforas preciosíssimas, títulos ou rimas. O haicai é simples, do povo. Nasceu e deverá continuar assim. É claro que o poeta, vez por outra, tem o direito de extrapolar tudo isso, pois é ele quem tem vida, inspiração. Mas se o seu desejo é a prática do haicai (autêntico) de Bashô, os modelos (ou normas) estão ao alcance de qualquer um. Afinal de contas, existem leis para tudo e o haicai não é uma exceção.
Alguns sabichões andam por aí inventando (cada um diz o que quer) que possuindo o japonês uma escrita ideográfica (?), diferente da nossa, é impossível conciliar o número de sons desse idioma com o número de sílabas, na língua portuguesa. Enganam-se. Se o alfabeto nipônico é completamente estranho ao nosso, sua pronúncia é idêntica... e eu diria quase igual. Podemos ler textos em português, com os sons japoneses, que eles entenderão no ato.
Saber metrificar não é coisa do passado, pois a metrificação é "apenas" um recurso "a mais" que a poesia nos oferece. Um toque de ternura, nas mãos do poeta. E metrificar não é tão difícil como se possa imaginar, pois "até eu" consegui aprender.
Todo poeta que deseja ser completo necessita estar familiarizado com a metrificação. No exterior, todos os poetas metrificam. A implicância, me parece, é só no Brasil.
Vocês já imaginaram um compositor que não sabe música? Um pintor que desconhece rudimentos sobre tintas e matizes? Um escultor que não dá a menor "pelota" para a forma? Quanto mais pudermos aprender sobre a arte que abraçamos, mais haveremos de nos desenvolver nela e de colher seus apetecidos frutos. Ser poeta pelas metades é "caretice".
Mas, como dizia no início deste capítulo, o que se faz (mais) no Brasil, no momento, é escrever tercetos. E para escrever tercetos não precisa saber nada sobre Bashô, Issa, kidai ou kigo. Se souber, melhor. Mas escrever tercetos também é válido. Só não estaremos praticando o haicai, que, como disse folhas atrás, é coisa bem diferente.
OUTRAS FORMAS DE EXPRESSÃO JAPONESAS
Além do terceto, que não dispõe de regras para a sua elaboração e pode ser escrito por qualquer pessoa, não necessitando nem mesmo ser poeta, informaríamos da existência do senryu (ú), outra forma poética de expressão que está sendo bastante praticada, no momento, no mundo inteiro, incluindo o Brasil. E, verdade seja dita, poemas muito bonitos, mas que apesar de seus pontos positivos não são haicais. O senryu é um "parente chegado" do haicai. Consta que vem do "centro" do "haikai no renga", enquanto o haicai, propriamente dito, é a sua primeira estrofe (hokku).
No Japão, o "senryu" é praticado por trabalhadores e mesmo executivos. São versos leves e circunstanciais, que falam do cotidiano e expressam as condições de vida do japonês moderno. O importante, no senryu, é a mensagem (cômica, irônica, satírica).
O "senryu", a princípio, era uma das mais conhecidas formas de "zappai" (forma cômica). Hoje, seu sentido evoluiu.
Vejam alguns exemplos de senryu e poderão notar que é um poema que agrada e mesmo empolga, se bem escrito, embora não seja haicai:
"Passar o fim de semana
como perfeitos estrangeiros, ou quem são
minha mulher e meus filhos?"
Tudo isso em função da triste situação de um chefe de família japonês, continuamente longe de casa, distante de seus entes queridos, em busca do ganha-pão. Um tipo muito encontrado no Japão de hoje é o "tashin-funin", o "solitário transferido".
Alguns casamentos chegam ao divórcio (separação) devido a esse estado de coisas. O "senryu" abaixo reflete melhor todo esse drama nipônico:
"Um envelope na caixa do correio.
De uma namorada?
Não, de meu filho."
Eis aí uma mostra amarga do que existe hoje no Japão... e talvez no mundo inteiro, que se reflete até na literatura. E essa "coisa ruim" já se implantou também no Brasil. O senryu, não. O problema social.
CONSIDERAÇÕES FINAISSOBRE O ASSUNTO
Ninguém poderá dizer, com a máxima certeza, o que seja um haicai BOM. Desde que ele siga os preceitos deixados pelos poetas tradicionais, será sempre um haicai. Particularmente, devo deixar aqui transcrito que no haicai deve existir sempre a noção de sinceridade (makoto); a expressão de uma realidade condizente com a verdade interior do poeta.
Um artifício bastante utilizado na composição do haicai é o "kireji", que não possui explicações, em nosso idioma. É uma maneira "sui generis" de se expressar, do povo japonês, mais ou menos assim: ah! oh!, etc. Para identificá-lo, geralmente usamos um travessão, numa rápida mudança do assunto que está sendo tratado, no poema.
Onji seria a somatória dos dezessete sons ou pausas do haicai.
Kidai é o tema do haicai.
Kigo é o vocábulo (palavra, frase ou expressão) que simboliza ou representa um elemento da natureza – referência sazonal. Muitas vezes, kigo e kidai se confundem no poema. Mas seria entrar em pormenores e "delicadezas", que poderiam trazer maiores confusões ao leitor.
Muito mais teríamos ou poderíamos aqui expressar, sobre essa pérola nipônica. Não o faremos para não tornar este assunto extenso e maçante. Nem tivemos a intenção de exaurir o tema. Trata-se, este pequeno estudo, de uma singela orientação ao haicaísta iniciante, que verá nele uma espécie de primeiro degrau para o desenvolvimento de seu aprendizado, sobre esse poema.
DICÁRIO: NOÇÕES PARA COMPOSIÇÃO DE HAICAIS*
I) O Haicai "é um poema constituído de três versos, dos quais dois são pentassílabos e um, o segundo, heptassílabo, que resumem uma impressão, um drama, às vezes deliciosamente, não raro profundamente", na lição de Afrânio Peixoto, fazendo sempre que possível, uma referência às estações do ano e seu reflexo na alma do poeta, de forma simples e com sentido completo.
II) Os versos devem estar ligados entre si, sem economias de palavras ou do uso de apóstrofos. Devem ser livres de mutilações e inversões.
III) Os adjetivos devem ser usados com moderação. Os substantivos e os verbos são a essência da comunicação verbal. Os adjetivos devem aparecer apenas para colorir, perfumar, temperar etc.
Evitam-se frases vazias ou expressões comuns apenas para "encher lingüiça". O espaço das 17 sílabas poéticas deve ser bem explorado.
IV) Face a tradição, é perfeitamente dispensável o uso de título e rima no poema.
V) Na composição, o haicaísta atento capta a instantaneidade, qual uma fotografia, registrando um momento de transitoriedade.
VI) Usam-se palavras simples e de fácil compreensão, evitando-se sempre o raciocínio.
VII) Por emanar da sensibilidade do poeta, deve-se evitar expressões de causalidade ou de sentimentalismo vazio.
VIII) Por fim, cabe registrar que quando nos propomos a escrever Haicais , devemos ter em mente que a linguagem utilizada será diferente da empregada na trova, no soneto e, até mesmo, na tanca. Nestes, valoriza-se a mensagem, com seu conteúdo moral ou filosófico, de crítica ou pedagógico. O Haicai, por outro lado, é apenas uma imagem. Por isso, não são cabíveis ditados ou máximas populares, bem como emitir juízos de valor.
IX) Por ser o registro de uma imagem, no conteúdo do Haicai não encontramos a presença do "eu-lírico", nem da licença poética, tão comuns na poesia ocidental.
X) No mais, para compor bons Haicais é indispensável praticá-lo e estudá-lo constantemente.
*Panfleto distribuído durante oI Encontro de Haicai de Niterói, em 15 de novembro de 2003.
Antônio Seixas
Primavera de 2003
I) O Haicai "é um poema constituído de três versos, dos quais dois são pentassílabos e um, o segundo, heptassílabo, que resumem uma impressão, um drama, às vezes deliciosamente, não raro profundamente", na lição de Afrânio Peixoto, fazendo sempre que possível, uma referência às estações do ano e seu reflexo na alma do poeta, de forma simples e com sentido completo.
II) Os versos devem estar ligados entre si, sem economias de palavras ou do uso de apóstrofos. Devem ser livres de mutilações e inversões.
III) Os adjetivos devem ser usados com moderação. Os substantivos e os verbos são a essência da comunicação verbal. Os adjetivos devem aparecer apenas para colorir, perfumar, temperar etc.
Evitam-se frases vazias ou expressões comuns apenas para "encher lingüiça". O espaço das 17 sílabas poéticas deve ser bem explorado.
IV) Face a tradição, é perfeitamente dispensável o uso de título e rima no poema.
V) Na composição, o haicaísta atento capta a instantaneidade, qual uma fotografia, registrando um momento de transitoriedade.
VI) Usam-se palavras simples e de fácil compreensão, evitando-se sempre o raciocínio.
VII) Por emanar da sensibilidade do poeta, deve-se evitar expressões de causalidade ou de sentimentalismo vazio.
VIII) Por fim, cabe registrar que quando nos propomos a escrever Haicais , devemos ter em mente que a linguagem utilizada será diferente da empregada na trova, no soneto e, até mesmo, na tanca. Nestes, valoriza-se a mensagem, com seu conteúdo moral ou filosófico, de crítica ou pedagógico. O Haicai, por outro lado, é apenas uma imagem. Por isso, não são cabíveis ditados ou máximas populares, bem como emitir juízos de valor.
IX) Por ser o registro de uma imagem, no conteúdo do Haicai não encontramos a presença do "eu-lírico", nem da licença poética, tão comuns na poesia ocidental.
X) No mais, para compor bons Haicais é indispensável praticá-lo e estudá-lo constantemente.
*Panfleto distribuído durante oI Encontro de Haicai de Niterói, em 15 de novembro de 2003.
Antônio Seixas
Primavera de 2003
BUNRAKU - Teatro de bonecos
O bunraku, teatro de bonecos profissional, foi criado ao longo dos séculos 17 e 18 no Japão.Ao lado do kabuki, do nô e do kyogen, é considerado uma das modalidades do teatro clássico japonês. O termo bunraku vem de Bunraku-za, nome do único teatro comercial do gênero, que se manteve até a era moderna. O bunraku também é chamado ningyo joruri, um nome que remete a sua origem e essência. Ningyo quer dizer "boneco"e joruri designa um tipo de narração dramática cantada, acompanhada pelo shamisen, um instrumento musical de três cordas.
Paralelamente ao kabuki, o bunraku desenvolveu-se como uma parte da vibrante cultura mercantil do período Edo (1600-1868). Apesar do uso de bonecos, não é um espetáculo para crianças. Muitas de suas peças mais famosas foram escritas pelo maior dramaturgo japonês, Chikamatsu Monzaemon (1653-1724). A encenação com bonecos tão refinados requer manipuladores de notável habilidade, treinados ao longo de muitos anos.
História do Bunraku
No período Heian (794-1185), artistas itinerantes conhecidos como kugutsumawashi viajavam pelo Japão representando de porta em porta, em troca de doações. Nesta forma de entretenimento de rua, que continuou por todo o período Edo, o titereiro manipulava os bonecos com as duas mãos, num palco que consistia numa caixa pendurada em seu pescoço. Acredita-se que alguns kagutsumawashi tenham-se fixado em Nishinomiya e na ilha de Awaji, próximo à atual cidade de Kobe. No século 16, alguns deles foram chamados a Kyoto para representar para a família imperial e comandantes militares. Foi por volta dessa época que nasceu a combinação de teatro de bonecos e da narração em estilo joruri.
Uma forma ancestral do joruri pode ser encontrada nos biwa hoshi, artistas itinerantes cegos, que cantavam o Heike Monogatari, um épico militar sobre a guerra entre os clãs Taira e Minamoto, acompanhados ao som do biwa, instrumento musical semelhante ao alaúde. No século 16, o shamisen substituiu o biwa e o estilo joruri se desenvolveu. O nome jururi vem de umas das primeiras e mais populares obras apresentadas nesse estilo: a lenda do romance entre o guerreiro Minamoto no Yoshitsune e a bela Senhora Jururi.
A arte do teatro de bonecos, combinada com a narrativa cantada e o acompanhamento do shamisen, ganhou popularidade no início do século 17, na cidade do Edo (atual Tóquio), onde recebeu o apoio do shogun e de outros comandantes militares. Muitas das peças daquela época representavam as aventuras de Kimpira, um herói lendário, famoso por sua bravura e ousadia. Foi na cidade mercantil de Osaka, contudo, que o ningyo joruri atingiu seu melhor momento, através do talento de dois homens: o tayu (narrador) Takemoto Gidayu e o dramaturgo Chikamatsu Monzaemon.
Depois de abrir o teatro de bonecos Takemoto-za em Osaka, no ano de 1684, Gidayu dominou o juriri com seu estilo vigoroso, chamado gidayu-bushi. Chikamatsu começou a escrever dramas históricos (jidai-mono) para Gidayu em 1685. Depois disso, de passou mais de uma década escrevendo peças para o kabuki. Em 1703, voltou ao Takemoto-za e, a partir de 1705, dedicou-se exclusivamente ao teatro de bonecos até o fim de sua vida. Muito se discutiu sobre os motivos que o levaram a retornar ao bunraku depois de sua incursão pelo kabuki. Provavelmente, ele estaria insatisfeito com a relação entre autor e ator. As estrelas do kabuki, na época, consideravam a peça apenas uma matéria-prima para a expressão de seus talentos pessoais.
Em 1703, Chikamatsu lançou um novo tipo de teatro de bonecos: o drama doméstico (sewa-mono), que trouxe nova prosperidade ao Takemoto-za. Apenas um mês depois que o empregado de uma loja e uma cortesã cometeram duplo suicídio, Chikamatsu dramatizou o incidente na peça "Os amantes Suicidas de Sonezaki". O conflito entre as obrigações sóciais (giri) e os sentimentos (ninjo) encontrados nesta peça comoveram as platéias da época.
Dramas domésticos, como a série de peças sobre amantes suicidas de Chikamatsu, logo ganharam a preferência do público. Os dramas históricos, entretanto, também continuaram populares e refinaram-se à medida que a audiência se habituou à profundidade psicológica dos dramas domésticos. Um exemplo disso é o Kanadehon Chushingura, talvez a peça mais famosa de bunraku. Baseada no incidente real dos 47 ronin (samurais sem senhor) de 1701-1703, esta peça foi encenada pela primeira vez em 1748. No famoso incidente, o senhor feudal Asano Naganori ousou desembainhar a espada no castelo de Edo, em reação aos insultos proferidos por Kira Yoshinaka, chefe do protocolo do shogun Tokugawa. Por causa disso, Asano foi forçado a cometer suicídio e seu clã foi banido. Seus 47 leais vassalos planejaram e executaram uma vingança, assassinando Kira dois anos mais tarde. Mesmo muitos anos depois, as montagens teatrais ainda mudavam o local, a data e o nome das personagens, para não ofender o shogun Tokugawa. Esta peça popular foi logo adaptada para o kabuki e continua a ter grande importância os repertórios.
Ao longo do século 18, o bunraku desenvolveu-se numa relação de competição e cooperação com o kabuki. Na encenação, os atores do kabuki imitavam os movimentos característicos dos bonecos de bunrabu e o estilo de canto tayu, enquanto os titereiros adaptavam os floreios estilísticos de atores famosos do kabuki. Nas produções, muitas obras de bunraku, especialmente as de Chikamatsu, foram adaptadas para o kabuki, ao passo que espetáculos vistosos ao estilo kabuki foram encenados no bunraki.
Gradualmente ofuscado pelo sucesso do kabuki, o bunraku entrou em declínio comercial a partir do fim do século 18. Um a um, todos os teatros fecharam suas portas, exceto o Bunraku-za. Desde o pós-guerra, o bunraku depende do apoio governamental para sobreviver, embora sua popularidade tenha crescido nos últimos anos. Atualmente, sob os auspícios das Associações de Bunraku, apresentações regulares são realizadas no Teatro Nacional de Tóquio e no Teatro Nacional de Bunraku de Osaka. Fora do Japão, turnês de bunraku foram recebidas com grande entusiasmo em diversos países.
Bonecos e encenação
Medindo de metade a dois terços da estatura de uma pessoa, os bonecos de bunraku são montados com peças independentes: cabeça de madeiras, armação dos ombros, tronco, braços, pernas e trajes. A cabeça é sustentada por um cabo com fios para mover os olhos, a boca e as sobrancelhas. Esse cabo encaixa-se num orifício no centro da armação dos ombros. Dessa mesma armação, pendem braços e pernas, ligados através de fios. Um aro de bambu simula o quadril. O traje ajusta-se sobre o ombro e o tronco. Os bonecos femininos na maioria das vezes possuem faces imóveis e, como o longo kimono cobre toda a metade inferior do corpo, não precisam ter pernas.
Há cerca de 70 tipos diferentes de cabeças. Classificadas em diversas categorias como "moça solteira" ou "rapaz valente", cada cabeça é usada para vários papéis, embora seja comumente designada pelo o nome da personagem de sua primeira apresentação.
O omozukai (manipulador principal) introduz sua mão esquerda por uma abertura nas costas do traje e segura o cabo de sustentação da cabeça. Com sua mão direita, ele move o braço direito do boneco. Sustentar com a mão esquerda o boneco de um guerreiro, que chega a pesar 20kg , pode ser um exercício de resistência. O braço esquerdo é movimentado pelo hidarizukai(primeiro assistente)enquanto as pernas são manipuladas pelo ashizukai (segundo assistente), que ainda produz efeitos sonoros e marca o ritmo do shamisen com as batidas de seus pés. Nos bonecos femininos, o ashizukai movimenta o tecido do kimono simulando os movimentos das pernas
Na época de Chikamatsu, cada boneco era manipulado por um único titereiro, que não era visto pelo público. A interação de três manipuladores só surgiu no século 18. Hoje em dia, todos os três titereiros permanecem em cena. Eles usam trajes pretos e um capuz, que os torna simbolicamente invisíveis. Considerado uma celebridade no universo do bunraku, o manipulador principal freqüentemente trabalha sem o capuz e, em alguns casos, veste um traje branco.
Assim como os manipuladores, também o shamisen e o narrador tayu só apareceram às vistas do público no século 18, quando foi criada para eles uma plataforma especial, à direta do palco, onde se apresentam até hoje. O tayu possui, tradicionalmente, o status mais elevado dentro de uma troupe de bunraku: como narrador, ele cria a atmosfera da peça e dá voz apropriada a cada papel.
O shamisen proporciona mais do que um simples acompanhamento musical. Como os manipuladores, o narrador e o músico não se olham durante a apresentação, este último se encarrega de marcar, com o som das cordas do shamisen, o andamento da peça. Em apresentações grandes ou inspiradas na grandiloqüência do kabuki, múltiplos pares tayu-shamisen são empregados.
Uma peça de bunraku: Sonezaki Shinju ( Os Amantes Suicidas de Sonezaki)
Esta obra-prima de Chikamatsu Monzaemon introduziu o drama doméstico no repertório do bunraku. As peças desse gênero enfocam os conflitos entre as emoções humanas e as severas restrições e obrigações da vida em sociedade. O enorme sucesso desta peça propiciou o surgimento de outras com o mesmo tema
Cena 1: Tokubei, empregado de uma loja, encontra por caso sua amada, a cortesã Ohatsu, no Santuário de Ikutama, em Osaka. Ela chora, queixando-se de sua ausência. Tokubei justifica-se, dizendo que teve problemas. Cedendo à insistência da amada, ele lhe conta toda a história.
O tio de Tokubei, para quem ele trabalha, pediu-lhe para se casar com uma sobrinha de sua esposa. Tokubei recusou, por causa de seu amor por Ohatsu. A madrasta de Tokubei, contudo, concordou com o casamento e, sem ele saber, recebeu o dinheiro do dote e levou-o consigo para o interior. No momento em que Tokubei novamente recusou a casar-se, seu tio enfurecido cobrou de volta o dote. Quando enfim conseguiu recuperar o dinheiro, Tokubei emprestou-o seu amigo Kuheiji,que agora estava demorando a devolve-lo.
Nesse momento, Kuheiji aparece no templo, bêbado, acompanhado de dois amigos. Tokubei pede o dinheiro de volta, mas Kuheiji nega tê-lo emprestado. Ele e seus amigos batem em Tokubei e vão embora. Tokubei, então, declara sua inocência e insinua que vai se retratar através do suicídio
Cena 2: À noite, Ohatsu está de volta à Casa Temma, onde trabalha. Ainda abalada com o que aconteceu durante o dia, ela sai por um momento, assim que avista Tokubei. Ambos choram e ele diz que a única saída que lhe resta é o suicídio.
Ohatsu ajuda Tokubei a esconder-se sob o alpendre onde está sentada e logo chegam Kuheiji e seus amigos. Kuheiji continua a acusar Tokubei, mas Ohatsu diz estar ciente de sua inocência. Então, como se falasse para si mesma, ela pergunta a Tokubei se ele está disposto a morrer. Sem ser visto pelos outros, ele responde passando o pé dela pelo seu pescoço.(como os bonecos femininos normalmente não possuem pernas, um pé especial é feito para esta cena.).
Kuheiji diz que se Tokubei se matar, ele mesmo cuidará de Ohatsu, mas ela o repreende, chamando-o de ladrão e mentiroso. Ohatsu diz estar certa de que Tokubei está pronto para morrer com ela, da mesma forma que ela está disposta a morrer ao lado dele. Feliz com essa declaração de amor, Tokubei encosta o pé de Ohatsu em sua testa.
Quando os visitantes se vão e a casa está tranqüila, Ohatsu consegue sair novamente.
Cena 3: A caminho do Bosque de Sonezaki, Tokubei e Ohatsu conversam sobre seu amor. Num trecho poético, o narrador fala da transitoriedade da vida. Ao ouvir as vozes vindas de uma casa de chá à beira da estrada, cantando sobre um suicídio amoroso, Tokubei se pergunta se ele e Ohatsu também serão, um dia, tema de uma canção como aquela.
No bosque, Ohatsu corta a faixa de seu kimono, com essa faixa eles se amarram um ao outro, de modo a parecerem belos no momento da morte. Tokubei pede perdão ao seu tio e Ohatsu aos seus pais, pelos problemas que estão causando. Entoando uma oração ao Buda Amida ( Amiitabbha), Tokubei apunhala a amada e depois a si mesmo.
O bunraku, teatro de bonecos profissional, foi criado ao longo dos séculos 17 e 18 no Japão.Ao lado do kabuki, do nô e do kyogen, é considerado uma das modalidades do teatro clássico japonês. O termo bunraku vem de Bunraku-za, nome do único teatro comercial do gênero, que se manteve até a era moderna. O bunraku também é chamado ningyo joruri, um nome que remete a sua origem e essência. Ningyo quer dizer "boneco"e joruri designa um tipo de narração dramática cantada, acompanhada pelo shamisen, um instrumento musical de três cordas.
Paralelamente ao kabuki, o bunraku desenvolveu-se como uma parte da vibrante cultura mercantil do período Edo (1600-1868). Apesar do uso de bonecos, não é um espetáculo para crianças. Muitas de suas peças mais famosas foram escritas pelo maior dramaturgo japonês, Chikamatsu Monzaemon (1653-1724). A encenação com bonecos tão refinados requer manipuladores de notável habilidade, treinados ao longo de muitos anos.
História do Bunraku
No período Heian (794-1185), artistas itinerantes conhecidos como kugutsumawashi viajavam pelo Japão representando de porta em porta, em troca de doações. Nesta forma de entretenimento de rua, que continuou por todo o período Edo, o titereiro manipulava os bonecos com as duas mãos, num palco que consistia numa caixa pendurada em seu pescoço. Acredita-se que alguns kagutsumawashi tenham-se fixado em Nishinomiya e na ilha de Awaji, próximo à atual cidade de Kobe. No século 16, alguns deles foram chamados a Kyoto para representar para a família imperial e comandantes militares. Foi por volta dessa época que nasceu a combinação de teatro de bonecos e da narração em estilo joruri.
Uma forma ancestral do joruri pode ser encontrada nos biwa hoshi, artistas itinerantes cegos, que cantavam o Heike Monogatari, um épico militar sobre a guerra entre os clãs Taira e Minamoto, acompanhados ao som do biwa, instrumento musical semelhante ao alaúde. No século 16, o shamisen substituiu o biwa e o estilo joruri se desenvolveu. O nome jururi vem de umas das primeiras e mais populares obras apresentadas nesse estilo: a lenda do romance entre o guerreiro Minamoto no Yoshitsune e a bela Senhora Jururi.
A arte do teatro de bonecos, combinada com a narrativa cantada e o acompanhamento do shamisen, ganhou popularidade no início do século 17, na cidade do Edo (atual Tóquio), onde recebeu o apoio do shogun e de outros comandantes militares. Muitas das peças daquela época representavam as aventuras de Kimpira, um herói lendário, famoso por sua bravura e ousadia. Foi na cidade mercantil de Osaka, contudo, que o ningyo joruri atingiu seu melhor momento, através do talento de dois homens: o tayu (narrador) Takemoto Gidayu e o dramaturgo Chikamatsu Monzaemon.
Depois de abrir o teatro de bonecos Takemoto-za em Osaka, no ano de 1684, Gidayu dominou o juriri com seu estilo vigoroso, chamado gidayu-bushi. Chikamatsu começou a escrever dramas históricos (jidai-mono) para Gidayu em 1685. Depois disso, de passou mais de uma década escrevendo peças para o kabuki. Em 1703, voltou ao Takemoto-za e, a partir de 1705, dedicou-se exclusivamente ao teatro de bonecos até o fim de sua vida. Muito se discutiu sobre os motivos que o levaram a retornar ao bunraku depois de sua incursão pelo kabuki. Provavelmente, ele estaria insatisfeito com a relação entre autor e ator. As estrelas do kabuki, na época, consideravam a peça apenas uma matéria-prima para a expressão de seus talentos pessoais.
Em 1703, Chikamatsu lançou um novo tipo de teatro de bonecos: o drama doméstico (sewa-mono), que trouxe nova prosperidade ao Takemoto-za. Apenas um mês depois que o empregado de uma loja e uma cortesã cometeram duplo suicídio, Chikamatsu dramatizou o incidente na peça "Os amantes Suicidas de Sonezaki". O conflito entre as obrigações sóciais (giri) e os sentimentos (ninjo) encontrados nesta peça comoveram as platéias da época.
Dramas domésticos, como a série de peças sobre amantes suicidas de Chikamatsu, logo ganharam a preferência do público. Os dramas históricos, entretanto, também continuaram populares e refinaram-se à medida que a audiência se habituou à profundidade psicológica dos dramas domésticos. Um exemplo disso é o Kanadehon Chushingura, talvez a peça mais famosa de bunraku. Baseada no incidente real dos 47 ronin (samurais sem senhor) de 1701-1703, esta peça foi encenada pela primeira vez em 1748. No famoso incidente, o senhor feudal Asano Naganori ousou desembainhar a espada no castelo de Edo, em reação aos insultos proferidos por Kira Yoshinaka, chefe do protocolo do shogun Tokugawa. Por causa disso, Asano foi forçado a cometer suicídio e seu clã foi banido. Seus 47 leais vassalos planejaram e executaram uma vingança, assassinando Kira dois anos mais tarde. Mesmo muitos anos depois, as montagens teatrais ainda mudavam o local, a data e o nome das personagens, para não ofender o shogun Tokugawa. Esta peça popular foi logo adaptada para o kabuki e continua a ter grande importância os repertórios.
Ao longo do século 18, o bunraku desenvolveu-se numa relação de competição e cooperação com o kabuki. Na encenação, os atores do kabuki imitavam os movimentos característicos dos bonecos de bunrabu e o estilo de canto tayu, enquanto os titereiros adaptavam os floreios estilísticos de atores famosos do kabuki. Nas produções, muitas obras de bunraku, especialmente as de Chikamatsu, foram adaptadas para o kabuki, ao passo que espetáculos vistosos ao estilo kabuki foram encenados no bunraki.
Gradualmente ofuscado pelo sucesso do kabuki, o bunraku entrou em declínio comercial a partir do fim do século 18. Um a um, todos os teatros fecharam suas portas, exceto o Bunraku-za. Desde o pós-guerra, o bunraku depende do apoio governamental para sobreviver, embora sua popularidade tenha crescido nos últimos anos. Atualmente, sob os auspícios das Associações de Bunraku, apresentações regulares são realizadas no Teatro Nacional de Tóquio e no Teatro Nacional de Bunraku de Osaka. Fora do Japão, turnês de bunraku foram recebidas com grande entusiasmo em diversos países.
Bonecos e encenação
Medindo de metade a dois terços da estatura de uma pessoa, os bonecos de bunraku são montados com peças independentes: cabeça de madeiras, armação dos ombros, tronco, braços, pernas e trajes. A cabeça é sustentada por um cabo com fios para mover os olhos, a boca e as sobrancelhas. Esse cabo encaixa-se num orifício no centro da armação dos ombros. Dessa mesma armação, pendem braços e pernas, ligados através de fios. Um aro de bambu simula o quadril. O traje ajusta-se sobre o ombro e o tronco. Os bonecos femininos na maioria das vezes possuem faces imóveis e, como o longo kimono cobre toda a metade inferior do corpo, não precisam ter pernas.
Há cerca de 70 tipos diferentes de cabeças. Classificadas em diversas categorias como "moça solteira" ou "rapaz valente", cada cabeça é usada para vários papéis, embora seja comumente designada pelo o nome da personagem de sua primeira apresentação.
O omozukai (manipulador principal) introduz sua mão esquerda por uma abertura nas costas do traje e segura o cabo de sustentação da cabeça. Com sua mão direita, ele move o braço direito do boneco. Sustentar com a mão esquerda o boneco de um guerreiro, que chega a pesar 20kg , pode ser um exercício de resistência. O braço esquerdo é movimentado pelo hidarizukai(primeiro assistente)enquanto as pernas são manipuladas pelo ashizukai (segundo assistente), que ainda produz efeitos sonoros e marca o ritmo do shamisen com as batidas de seus pés. Nos bonecos femininos, o ashizukai movimenta o tecido do kimono simulando os movimentos das pernas
Na época de Chikamatsu, cada boneco era manipulado por um único titereiro, que não era visto pelo público. A interação de três manipuladores só surgiu no século 18. Hoje em dia, todos os três titereiros permanecem em cena. Eles usam trajes pretos e um capuz, que os torna simbolicamente invisíveis. Considerado uma celebridade no universo do bunraku, o manipulador principal freqüentemente trabalha sem o capuz e, em alguns casos, veste um traje branco.
Assim como os manipuladores, também o shamisen e o narrador tayu só apareceram às vistas do público no século 18, quando foi criada para eles uma plataforma especial, à direta do palco, onde se apresentam até hoje. O tayu possui, tradicionalmente, o status mais elevado dentro de uma troupe de bunraku: como narrador, ele cria a atmosfera da peça e dá voz apropriada a cada papel.
O shamisen proporciona mais do que um simples acompanhamento musical. Como os manipuladores, o narrador e o músico não se olham durante a apresentação, este último se encarrega de marcar, com o som das cordas do shamisen, o andamento da peça. Em apresentações grandes ou inspiradas na grandiloqüência do kabuki, múltiplos pares tayu-shamisen são empregados.
Uma peça de bunraku: Sonezaki Shinju ( Os Amantes Suicidas de Sonezaki)
Esta obra-prima de Chikamatsu Monzaemon introduziu o drama doméstico no repertório do bunraku. As peças desse gênero enfocam os conflitos entre as emoções humanas e as severas restrições e obrigações da vida em sociedade. O enorme sucesso desta peça propiciou o surgimento de outras com o mesmo tema
Cena 1: Tokubei, empregado de uma loja, encontra por caso sua amada, a cortesã Ohatsu, no Santuário de Ikutama, em Osaka. Ela chora, queixando-se de sua ausência. Tokubei justifica-se, dizendo que teve problemas. Cedendo à insistência da amada, ele lhe conta toda a história.
O tio de Tokubei, para quem ele trabalha, pediu-lhe para se casar com uma sobrinha de sua esposa. Tokubei recusou, por causa de seu amor por Ohatsu. A madrasta de Tokubei, contudo, concordou com o casamento e, sem ele saber, recebeu o dinheiro do dote e levou-o consigo para o interior. No momento em que Tokubei novamente recusou a casar-se, seu tio enfurecido cobrou de volta o dote. Quando enfim conseguiu recuperar o dinheiro, Tokubei emprestou-o seu amigo Kuheiji,que agora estava demorando a devolve-lo.
Nesse momento, Kuheiji aparece no templo, bêbado, acompanhado de dois amigos. Tokubei pede o dinheiro de volta, mas Kuheiji nega tê-lo emprestado. Ele e seus amigos batem em Tokubei e vão embora. Tokubei, então, declara sua inocência e insinua que vai se retratar através do suicídio
Cena 2: À noite, Ohatsu está de volta à Casa Temma, onde trabalha. Ainda abalada com o que aconteceu durante o dia, ela sai por um momento, assim que avista Tokubei. Ambos choram e ele diz que a única saída que lhe resta é o suicídio.
Ohatsu ajuda Tokubei a esconder-se sob o alpendre onde está sentada e logo chegam Kuheiji e seus amigos. Kuheiji continua a acusar Tokubei, mas Ohatsu diz estar ciente de sua inocência. Então, como se falasse para si mesma, ela pergunta a Tokubei se ele está disposto a morrer. Sem ser visto pelos outros, ele responde passando o pé dela pelo seu pescoço.(como os bonecos femininos normalmente não possuem pernas, um pé especial é feito para esta cena.).
Kuheiji diz que se Tokubei se matar, ele mesmo cuidará de Ohatsu, mas ela o repreende, chamando-o de ladrão e mentiroso. Ohatsu diz estar certa de que Tokubei está pronto para morrer com ela, da mesma forma que ela está disposta a morrer ao lado dele. Feliz com essa declaração de amor, Tokubei encosta o pé de Ohatsu em sua testa.
Quando os visitantes se vão e a casa está tranqüila, Ohatsu consegue sair novamente.
Cena 3: A caminho do Bosque de Sonezaki, Tokubei e Ohatsu conversam sobre seu amor. Num trecho poético, o narrador fala da transitoriedade da vida. Ao ouvir as vozes vindas de uma casa de chá à beira da estrada, cantando sobre um suicídio amoroso, Tokubei se pergunta se ele e Ohatsu também serão, um dia, tema de uma canção como aquela.
No bosque, Ohatsu corta a faixa de seu kimono, com essa faixa eles se amarram um ao outro, de modo a parecerem belos no momento da morte. Tokubei pede perdão ao seu tio e Ohatsu aos seus pais, pelos problemas que estão causando. Entoando uma oração ao Buda Amida ( Amiitabbha), Tokubei apunhala a amada e depois a si mesmo.
sexta-feira, 18 de março de 2005
ASNO ENDOSSA DESERTO
Pouca gente
Desocupado desolado expia
Pouco inteligente carrega isto
Há cem anos, o mesmo: dez mandamentos.
O deserto seria um bom lugar
Desci o lustre
Minha calça rasgou num prego
Este é o caminho certo
O gramado sujo de esterco
O ronco do motor
A graxa na corrente
Nos ares como na época de Chucky Berry
Derivados do petróleo
Sofremos por não sabermos ouvi-los
Desperdiçamos chances
Isso se repete
Incapacidade de chegar ao topo
Pouca gente
Desocupado desolado expia
Pouco inteligente carrega isto
Há cem anos, o mesmo: dez mandamentos.
O deserto seria um bom lugar
Desci o lustre
Minha calça rasgou num prego
Este é o caminho certo
O gramado sujo de esterco
O ronco do motor
A graxa na corrente
Nos ares como na época de Chucky Berry
Derivados do petróleo
Sofremos por não sabermos ouvi-los
Desperdiçamos chances
Isso se repete
Incapacidade de chegar ao topo
120200
O passado retorna como a imaginação
As memórias de ontem
Lembranças do que aconteceu
Enquanto andávamos,
enquanto falávamos,
enquanto ríamos
Aqui e lá, a mesma coisa
Alguém vivo viu, sentiu e sofreu
A pulsação primordial à vida
A contração. E depois dela,
Apertado e desconfortável
É a vida
Daqui pra algum lugar
De algum lugar pra cá
Não se sai daqui
Corpos misturados re-são
Recicle os objetos errantes
Almejam o andar mais alto
E insistes em temer seus filhos
Destrua as carcaças defeituosas
O próximo será igual a você
Mais destemido e ingênuo
O esforçado
O eremita
O cigano
O amigo
O contrário
O côncavo
O suficiente
O continente
Tudo pelo mesmo de sempre
A morte por químicos
Flor sem perfume
O passado retorna como a imaginação
As memórias de ontem
Lembranças do que aconteceu
Enquanto andávamos,
enquanto falávamos,
enquanto ríamos
Aqui e lá, a mesma coisa
Alguém vivo viu, sentiu e sofreu
A pulsação primordial à vida
A contração. E depois dela,
Apertado e desconfortável
É a vida
Daqui pra algum lugar
De algum lugar pra cá
Não se sai daqui
Corpos misturados re-são
Recicle os objetos errantes
Almejam o andar mais alto
E insistes em temer seus filhos
Destrua as carcaças defeituosas
O próximo será igual a você
Mais destemido e ingênuo
O esforçado
O eremita
O cigano
O amigo
O contrário
O côncavo
O suficiente
O continente
Tudo pelo mesmo de sempre
A morte por químicos
Flor sem perfume
segunda-feira, 14 de março de 2005
PALESTRA NO TEMPLO VAISNAVA (RJ)
“a função das partes é servir ao todo, assim como as pernas, mãos, dedos e ouvidos destinam-se a servir ao corpo inteiro.
Sempre estamos prestando serviço a alguém, seja nossa família, país ou sociedade. Se não temos ninguém a quem servir, as vezes criamos um animal de estimação e prestamo-lo serviço.
Estamos constitucionalmente destinados a prestar serviço, porém, apesar de servirmos da melhor forma possível, não ficamos satisfeitos, tampouco a pessoa a quem prestamos serviço fica satisfeita.
Na plataforma material todos estão frustrados. O serviço deve ser corretamente orientado. Se quisermos servir a uma arvore teremos que molhar-lhe a raiz”.
“a função das partes é servir ao todo, assim como as pernas, mãos, dedos e ouvidos destinam-se a servir ao corpo inteiro.
Sempre estamos prestando serviço a alguém, seja nossa família, país ou sociedade. Se não temos ninguém a quem servir, as vezes criamos um animal de estimação e prestamo-lo serviço.
Estamos constitucionalmente destinados a prestar serviço, porém, apesar de servirmos da melhor forma possível, não ficamos satisfeitos, tampouco a pessoa a quem prestamos serviço fica satisfeita.
Na plataforma material todos estão frustrados. O serviço deve ser corretamente orientado. Se quisermos servir a uma arvore teremos que molhar-lhe a raiz”.
OBJETOS DOS SENTIDOS
SERVO DO SERVO
o vendedor serve ao freguês
o artesão serve ao capitalista
um amigo serve a outro amigo
a mãe serve ao filho
sob influencia do tempo
e circunstancia particulares
qualquer que seja seu estado
prestar serviço aos outros
é ocupação eterna
nenhuma parte do corpo pode
ser feliz sem cooperar
com o estômago
transcendental serviço amoroso a verdade suprema
professas pertencer a determinada espécie
designação temporária
um cristão pode mudar de fé
um americano pode ser banido de seu país
protestante ex-macumbeiro
adulto ex-criança
NÃO DESEJAR INCESSANTEMENTE E ESTAR SATISFEITO COM O QUE LHE É FORNECIDO DEVIDO AO SEU SACRIFÍCIO
os olhos desejam contemplar belas formas
os ouvidos querem ouvir sons agradáveis
o paladar, saborear alimentos saborosos
é aí que está o perigo
desfrutar discriminadamente
se não regular isso
tentando inutilmente satisfazer
os sentidos, terás de conviver
com diferentes reações
que irão ser a causa de sofrimento
estamos sofrendo por que estamos
distantes de nossa origem
a felicidade que experimentamos
através do contato com os objetos
dos sentidos é temporária
e ilusória
A ALMA ESTÁ EM TODA PARTE
eu a perdi
sou um pedaço querendo usufruir como o todo
contemplo os objetos dos sentidos
ilusão: confusão da memória
desenvolver apego, luxuria, ira
perda da inteligência
cair no poço material
se obtém a liberdade
destruindo a aversão
energia externa
em todas as partes
eternamente e sem perder esta consciência
A VONTADE SUBJULGADA DO INVIVÍDUO
todo tipo de fundamentalismo
é automaticamente criticado
por quem está de fora
destruir-se-á tudo
para se recuperar valores
matar não é necessariamente
um ato pecaminoso
se o objeto da ação é:
a defesa da causa beneficente
é contraditório
matar ser
uma ação boa
SRI
ver
com a mesma visão
um erudito
uma vaca
um elefante
um cachorro
um comedor de cachorros
pois todos os corações contém paramatma
CONFORTO
objetivo da vida para o homem moderno
comer
beber
manter relações sexuais
divertir-se e gozar a vida
desenvolvimento econômico
avanço da consciência materialista
uma vida prolongada
que só se preocupe com o seu umbigo
não é muito importante
ILUSÃO
traduz em sons
o ambiente
pelos se arrepiam
olhos cheios d’água
cobiça deriva da paixão
a conquista da morte
jamais tocado pela
contaminação da
atividade mundana
das qualidades materiais
e do tempo
a ti
orações
se prostram
adoram
meditam
és tudo que é desejável
paixão e ignorância
sofrimento, ilusão e medo
bondade é renunciar
ao interesse egoísta
dedicar todo o ser
a fonte da existência
destemor
Narayana
sábios
pleno controle da fala
sempre presente
sentidos, coração, objetos
QUEM AGE SÃO AS TRÊS GUNAS
executar serviço sem desejo de lucro
sem alegar alguma posse
sem letargia nem inveja
livrar-se do cativeiro
das ações fruitivas
o apego e a aversão relacionados
com os objetos dos sentidos
são obstáculos no caminho da evolução
executa seus deveres prescritos mesmo com defeito
seguir o caminho dos outros é perigoso
SERVO DO SERVO
o vendedor serve ao freguês
o artesão serve ao capitalista
um amigo serve a outro amigo
a mãe serve ao filho
sob influencia do tempo
e circunstancia particulares
qualquer que seja seu estado
prestar serviço aos outros
é ocupação eterna
nenhuma parte do corpo pode
ser feliz sem cooperar
com o estômago
transcendental serviço amoroso a verdade suprema
professas pertencer a determinada espécie
designação temporária
um cristão pode mudar de fé
um americano pode ser banido de seu país
protestante ex-macumbeiro
adulto ex-criança
NÃO DESEJAR INCESSANTEMENTE E ESTAR SATISFEITO COM O QUE LHE É FORNECIDO DEVIDO AO SEU SACRIFÍCIO
os olhos desejam contemplar belas formas
os ouvidos querem ouvir sons agradáveis
o paladar, saborear alimentos saborosos
é aí que está o perigo
desfrutar discriminadamente
se não regular isso
tentando inutilmente satisfazer
os sentidos, terás de conviver
com diferentes reações
que irão ser a causa de sofrimento
estamos sofrendo por que estamos
distantes de nossa origem
a felicidade que experimentamos
através do contato com os objetos
dos sentidos é temporária
e ilusória
A ALMA ESTÁ EM TODA PARTE
eu a perdi
sou um pedaço querendo usufruir como o todo
contemplo os objetos dos sentidos
ilusão: confusão da memória
desenvolver apego, luxuria, ira
perda da inteligência
cair no poço material
se obtém a liberdade
destruindo a aversão
energia externa
em todas as partes
eternamente e sem perder esta consciência
A VONTADE SUBJULGADA DO INVIVÍDUO
todo tipo de fundamentalismo
é automaticamente criticado
por quem está de fora
destruir-se-á tudo
para se recuperar valores
matar não é necessariamente
um ato pecaminoso
se o objeto da ação é:
a defesa da causa beneficente
é contraditório
matar ser
uma ação boa
SRI
ver
com a mesma visão
um erudito
uma vaca
um elefante
um cachorro
um comedor de cachorros
pois todos os corações contém paramatma
CONFORTO
objetivo da vida para o homem moderno
comer
beber
manter relações sexuais
divertir-se e gozar a vida
desenvolvimento econômico
avanço da consciência materialista
uma vida prolongada
que só se preocupe com o seu umbigo
não é muito importante
ILUSÃO
traduz em sons
o ambiente
pelos se arrepiam
olhos cheios d’água
cobiça deriva da paixão
a conquista da morte
jamais tocado pela
contaminação da
atividade mundana
das qualidades materiais
e do tempo
a ti
orações
se prostram
adoram
meditam
és tudo que é desejável
paixão e ignorância
sofrimento, ilusão e medo
bondade é renunciar
ao interesse egoísta
dedicar todo o ser
a fonte da existência
destemor
Narayana
sábios
pleno controle da fala
sempre presente
sentidos, coração, objetos
QUEM AGE SÃO AS TRÊS GUNAS
executar serviço sem desejo de lucro
sem alegar alguma posse
sem letargia nem inveja
livrar-se do cativeiro
das ações fruitivas
o apego e a aversão relacionados
com os objetos dos sentidos
são obstáculos no caminho da evolução
executa seus deveres prescritos mesmo com defeito
seguir o caminho dos outros é perigoso
Cinema Desconstrução é isso mesmo. O momento, paixão, dor, incompreensão
e enfrentar preconceitos.
E esse vai ser meu manifesto desconstrução por umas semanas.
O dogma é fazer o que quiser e ser contra qualquer um que queira registrar a liberdade no 'marcas e patentes'. E é perder tudo o que mais a gente quer no mundo se for o caso, mas nunca ceder ao que te parece sujo.
Também não vale só falar que é inovador e essas babaquices, tem que fazer cinema errado, mostrar cinema errado, transgredir e ter inimigos caretas - não que tu procure, é apenas inerente e impossível de evitar.
Tem que ser corajoso, morar em Sierra Maestra, ser mau falado pelas senhoras de família que pensam que o filme sobre a vida do pelé ou do garrincha é uma emoção e que garotas que filmam curtas punks são putas.
E tem que, as vezes, ser verborrágico e arrogante como o Glauber. Outras vezes sentir muita tristeza e ficar bem quietinho falando com as pessoas que nunca vão te ouvir num monólogo
solitário.
E tem que saber que depois que seu filme passar vai rolar um mar constrangedor de silencios. E quando as luzes acenderem as pessoas vão te olhar esquisito. Alguém sempre vai dizer que tem medo de você. E alguém sempre vai dizer que odeia você. Mas alguém sempre vai querer transar com você porque cinema desconstrução, no fundo, é tri pop e muito roquenrou.
Entretanto, a única coisa que fica sempre igual nos manifestos descontrução, que todos os desconstruidos do universo devem usar no final, quando tudo estiver perdido e você não tiver uma chance de dizer que não fez por mal mas por paixão e por que você não pode mentir,
é o seguinte:
VIVA O ERRO E FAÇA UM FILME ESQUISITO!
biAh weRTHer
orgulhosa realizadora de cinema desconstrução
e enfrentar preconceitos.
E esse vai ser meu manifesto desconstrução por umas semanas.
O dogma é fazer o que quiser e ser contra qualquer um que queira registrar a liberdade no 'marcas e patentes'. E é perder tudo o que mais a gente quer no mundo se for o caso, mas nunca ceder ao que te parece sujo.
Também não vale só falar que é inovador e essas babaquices, tem que fazer cinema errado, mostrar cinema errado, transgredir e ter inimigos caretas - não que tu procure, é apenas inerente e impossível de evitar.
Tem que ser corajoso, morar em Sierra Maestra, ser mau falado pelas senhoras de família que pensam que o filme sobre a vida do pelé ou do garrincha é uma emoção e que garotas que filmam curtas punks são putas.
E tem que, as vezes, ser verborrágico e arrogante como o Glauber. Outras vezes sentir muita tristeza e ficar bem quietinho falando com as pessoas que nunca vão te ouvir num monólogo
solitário.
E tem que saber que depois que seu filme passar vai rolar um mar constrangedor de silencios. E quando as luzes acenderem as pessoas vão te olhar esquisito. Alguém sempre vai dizer que tem medo de você. E alguém sempre vai dizer que odeia você. Mas alguém sempre vai querer transar com você porque cinema desconstrução, no fundo, é tri pop e muito roquenrou.
Entretanto, a única coisa que fica sempre igual nos manifestos descontrução, que todos os desconstruidos do universo devem usar no final, quando tudo estiver perdido e você não tiver uma chance de dizer que não fez por mal mas por paixão e por que você não pode mentir,
é o seguinte:
VIVA O ERRO E FAÇA UM FILME ESQUISITO!
biAh weRTHer
orgulhosa realizadora de cinema desconstrução
A MENTE, REFLEXO DO MUNDO EXTERIOR
“É o que eu queria
Todo mundo cantando
caminhando e cantando
todo mundo. Cedo, cedo”
Querias falar comigo?
Pó! Olha só! É mesmo?
Que satisfação!
sem nenhum som
até que ponto flui
Até que. se cria
O que eu ia dizer é que
dar com os burros n’agua
talento é dinheiro
meu amor, perco em terceiros
MEDO DA ZABUMBA
amargura, amargurado
em plena emoção
mergulhador, respirador
que lindo! que lindo!
tem que ver aqui
medo de orgulho
tem que ver na pestana, na peixeira
Olha aí! tem que mostrar.
agora é só fruto
tu é malandro
vai tomar uma varetada no meio da cabeça
microfonia, sirene, cachorros, maquina
vai começar mais certo. cheio de agonia
escrevendo o som. duplicata sem valor
é o velho mesmo. é o velho, rapa.
tem nota. tome corda
acorda! onde é que ia te levar?
Ah, não! você!
não passou na minha cara
agora ta passando o quê?
A BOMBA POLUIÇÃO?
A BANDA POLUIÇÃO!
você reparou nisso?
não reparou.
você regenerou
Botou nele isso
agora vamos embora
lá fora estão nos esperando.
querendo abrir a porta
nós vamos embora
estamos esperando osenhor
meio a meio
tem que rir pra não chorar, se não já era
conflituo e capacito
como no méier
no méier é que é bom
fique à vontade
trouxe a calculadora
o impasse
é proibido ganhar
é moda cochilar
é proibido cochilar
ta de bobeira aí, pó!
acordeom afinado à esquerda.
que a felicidade contenta
é por ganhar dinheiro
é impossível a oportunidade
um companheiro meu faleceu
é proibido cochilar no harinama
está rolando um na orla
é proibido cochilar
tá amarrado!
virou crente
é bom ouvir você, mente.
“É o que eu queria
Todo mundo cantando
caminhando e cantando
todo mundo. Cedo, cedo”
Querias falar comigo?
Pó! Olha só! É mesmo?
Que satisfação!
sem nenhum som
até que ponto flui
Até que. se cria
O que eu ia dizer é que
dar com os burros n’agua
talento é dinheiro
meu amor, perco em terceiros
MEDO DA ZABUMBA
amargura, amargurado
em plena emoção
mergulhador, respirador
que lindo! que lindo!
tem que ver aqui
medo de orgulho
tem que ver na pestana, na peixeira
Olha aí! tem que mostrar.
agora é só fruto
tu é malandro
vai tomar uma varetada no meio da cabeça
microfonia, sirene, cachorros, maquina
vai começar mais certo. cheio de agonia
escrevendo o som. duplicata sem valor
é o velho mesmo. é o velho, rapa.
tem nota. tome corda
acorda! onde é que ia te levar?
Ah, não! você!
não passou na minha cara
agora ta passando o quê?
A BOMBA POLUIÇÃO?
A BANDA POLUIÇÃO!
você reparou nisso?
não reparou.
você regenerou
Botou nele isso
agora vamos embora
lá fora estão nos esperando.
querendo abrir a porta
nós vamos embora
estamos esperando osenhor
meio a meio
tem que rir pra não chorar, se não já era
conflituo e capacito
como no méier
no méier é que é bom
fique à vontade
trouxe a calculadora
o impasse
é proibido ganhar
é moda cochilar
é proibido cochilar
ta de bobeira aí, pó!
acordeom afinado à esquerda.
que a felicidade contenta
é por ganhar dinheiro
é impossível a oportunidade
um companheiro meu faleceu
é proibido cochilar no harinama
está rolando um na orla
é proibido cochilar
tá amarrado!
virou crente
é bom ouvir você, mente.
DIFERENÇA ENTRE PENSAR, FALAR E AGIR
não tenho como julgar outrem
tomar decisões baseadas em achismos
o cara diz que não precisarei pagar pois não ficarei
mas eu disse que não ficaria direito
ele se disse amigo e eu não sou
o que é verdade
não pode ser só isso que me faz não querer tocar com ele
quero tocar com ele pelas suas amizades
eu me recuso a continuar
preciso tocar pelo som- pela musica
musica
meu instinto diz: não toque mais no mj
cresça!
pegar aquela linha foi criancice
tu nem solta pipa
MAREEN E DELPHINE 271204 2am
sem fronteiras a vida se completa
noite de natal
virada com a família
depressão
dia seguinte quente
há uma festa pra ir
amor não correspondido
rumo à vazia Lapa
promessa de um novo mundo ou desilusão
o efeito do vinho
duas francesas
mareen e delphine
26 e 28 respectivamente
artista de picadeiro e dj
lindas
há 1 mês no brasil
à trabalho
o diretor é um charlatão
o namorado está em curitiba
há 3 dias no rj
na casa do tio rico de mareen
a boemia da Lapa
toda fechada
só os podrões nas ruas
ta na rua e sinuca abertos
a escadaria... a de sempre
falamos um pouco sobre tudo
de quedas d’agua a lojas de disco
delphine conversa melhor por saber espanhol
mareen tem-se que apelar pro inglês
Ela assistiu um show do Fugazi
saideira no sinuca
...
MAREEN E DELPHINE 301204 00:40h
(afobado come cru) ou “o latino tentou me beijar” ou nos ensinam a querer ser o melhor na vida
:
22h: encontro marcado
desde cedo na Lapa vazia
Chegaram assim que conhecemos Juan, o andarilho
samba!
vamos beber
segundas intensões
Parece que elas atraem negros
já é o terceiro que para pra encher o saco desde a primeira vez
posso estar explodindo por dentro
se não verbalizar ninguém saberá
pilha colocada pra irmos pro ap.
samba!!
eu o faria mas o animal falou mais alto
fomos.
depois de varias caipirinhas
arrisquei um beijo em mareen
em vão
espero que continuemos bons amigos
sem fronteiras a vida se completa
noite de natal
virada com a família
depressão
dia seguinte quente
há uma festa pra ir
amor não correspondido
rumo à vazia Lapa
promessa de um novo mundo ou desilusão
o efeito do vinho
duas francesas
mareen e delphine
26 e 28 respectivamente
artista de picadeiro e dj
lindas
há 1 mês no brasil
à trabalho
o diretor é um charlatão
o namorado está em curitiba
há 3 dias no rj
na casa do tio rico de mareen
a boemia da Lapa
toda fechada
só os podrões nas ruas
ta na rua e sinuca abertos
a escadaria... a de sempre
falamos um pouco sobre tudo
de quedas d’agua a lojas de disco
delphine conversa melhor por saber espanhol
mareen tem-se que apelar pro inglês
Ela assistiu um show do Fugazi
saideira no sinuca
...
MAREEN E DELPHINE 301204 00:40h
(afobado come cru) ou “o latino tentou me beijar” ou nos ensinam a querer ser o melhor na vida
:
22h: encontro marcado
desde cedo na Lapa vazia
Chegaram assim que conhecemos Juan, o andarilho
samba!
vamos beber
segundas intensões
Parece que elas atraem negros
já é o terceiro que para pra encher o saco desde a primeira vez
posso estar explodindo por dentro
se não verbalizar ninguém saberá
pilha colocada pra irmos pro ap.
samba!!
eu o faria mas o animal falou mais alto
fomos.
depois de varias caipirinhas
arrisquei um beijo em mareen
em vão
espero que continuemos bons amigos
MACACO PELADO 1
antepassados répteis
admirável meio novo
avós comedores de insetos
evolui-se conforme a necessidade
vizinhos corredores e assassinos
no mundo das arvores
maiores e mais pesados
de saltadores ao solo
o clima os expulsa do ‘paraíso’
quem melhor se adapta, sobrevive
competição com os carnívoros e herbívoros
comedor de frutos!
filhotes e pequenos doentes são suas presas agora
antepassados répteis
admirável meio novo
avós comedores de insetos
evolui-se conforme a necessidade
vizinhos corredores e assassinos
no mundo das arvores
maiores e mais pesados
de saltadores ao solo
o clima os expulsa do ‘paraíso’
quem melhor se adapta, sobrevive
competição com os carnívoros e herbívoros
comedor de frutos!
filhotes e pequenos doentes são suas presas agora
SHEILA+MATUTO-VILAR 25122004
tudo me foi tirado
câmera, amigos, namorada
violão, guitarra, computador
entorpecente, bondade, paixão
sempre fico mal
em aniversário e fim de ano
com meus amigos comprometidos
sobrei
o relacionamento com eles é musical
ou de sair da realidade
tudo bem!
vou me dar uma moral agora
vou tomar aulas de bateria
fazer curso de áudio
e procurar emprego
+capoeira+
tudo me foi tirado
câmera, amigos, namorada
violão, guitarra, computador
entorpecente, bondade, paixão
sempre fico mal
em aniversário e fim de ano
com meus amigos comprometidos
sobrei
o relacionamento com eles é musical
ou de sair da realidade
tudo bem!
vou me dar uma moral agora
vou tomar aulas de bateria
fazer curso de áudio
e procurar emprego
+capoeira+
NÃO VOU MAIS PROCURAR PELA FLOR
eu quis te-la
eu quis ser dela
não há amor sem correspondência
amante do ex
q c foda!
quem não pode me dar o que eu quero
quem não deve fazer parte dos meus dias
cruze e seja feliz
seja feliz, pobre criança!
quero quem me queira
que me empurre
desilusão!
ano sem realizações
profissionais e de relacionamento
magoas!
felicidade perdida
procurar outras?
eu quis te-la
eu quis ser dela
não há amor sem correspondência
amante do ex
q c foda!
quem não pode me dar o que eu quero
quem não deve fazer parte dos meus dias
cruze e seja feliz
seja feliz, pobre criança!
quero quem me queira
que me empurre
desilusão!
ano sem realizações
profissionais e de relacionamento
magoas!
felicidade perdida
procurar outras?
REALIZAR O AMOR. 221204
é o corpo que morre
mas em condições normais
o homem está acelerando o tempo
algo errado
tenho raiva
desiludido com os humanos
fui enganado
não sou preparado pra esse mundo
cada um, uma maneira de amar
palavra falha
varias maneiras de amar
espero pela quarta
espumando pelas tripas
latrinas de escremento
O amor não está
Ela está na minha cabeça
tentando me manter na loucura
Demais!
Demais!
é o corpo que morre
mas em condições normais
o homem está acelerando o tempo
algo errado
tenho raiva
desiludido com os humanos
fui enganado
não sou preparado pra esse mundo
cada um, uma maneira de amar
palavra falha
varias maneiras de amar
espero pela quarta
espumando pelas tripas
latrinas de escremento
O amor não está
Ela está na minha cabeça
tentando me manter na loucura
Demais!
Demais!
TV
existem pessoas interessadas e as que são pagas para distrair e entreter.
necessidade cultural
raciocínio desenvolvido
sensibilidade aguçada
objeto eletrônico
companheiro inseparável
evolução tecnológica
desnecessária à humana
televisão
passado e futuro
num piscar de olhos
num clique do controle
telas planas gigantes
capital suficiente para brincar de ter
computador
secretária eletrônica
fax
internet
só o desejo é o velho
alienação por corpos
janela para os mundos
radio
um passo ao conhecimento futuro de vidas que nos guiam
existem pessoas interessadas e as que são pagas para distrair e entreter.
necessidade cultural
raciocínio desenvolvido
sensibilidade aguçada
objeto eletrônico
companheiro inseparável
evolução tecnológica
desnecessária à humana
televisão
passado e futuro
num piscar de olhos
num clique do controle
telas planas gigantes
capital suficiente para brincar de ter
computador
secretária eletrônica
fax
internet
só o desejo é o velho
alienação por corpos
janela para os mundos
radio
um passo ao conhecimento futuro de vidas que nos guiam
+ 1 DIA ACORDADO, HK! 16/01/98
Como erguer os braços
indo no sentido contrário
como saber demais
como apaziguar o sistema
imunizado
como detetizar fazendas
como substituir combustível?
a resposta para essas e outras perguntas é
fazendo filmes
uma mensagem do primo eu para os ouvidos internos
fazendo filmes
fazendo filmes
cenas da rua
imagens em movimento
isto é tudo, cante
isto é tudo, tristeza
isto é tudo, sim
é tudo mentira
Como erguer os braços
indo no sentido contrário
como saber demais
como apaziguar o sistema
imunizado
como detetizar fazendas
como substituir combustível?
a resposta para essas e outras perguntas é
fazendo filmes
uma mensagem do primo eu para os ouvidos internos
fazendo filmes
fazendo filmes
cenas da rua
imagens em movimento
isto é tudo, cante
isto é tudo, tristeza
isto é tudo, sim
é tudo mentira
TO’U, Be&F. 21/12 10:50
o que escrever sobre o mesmo tema de sempre
às perfeitas
as muito elas existem
impressionamte-mente sim
eu estou dentro do que penso
eu sou o centro do que vejo
eu sou um isqueiro no oceano
eu estou por fora do que vejo
eu queria fazer isso para as muito
eu sei, agora
isto é para as perfeitas douradas
nada
nada que eu tente
nada
tudo não me faz esquecer
até quinta agora só isto
por favor, me deixe raciocinar normalmente
saia!saia!
o que escrever sobre o mesmo tema de sempre
às perfeitas
as muito elas existem
impressionamte-mente sim
eu estou dentro do que penso
eu sou o centro do que vejo
eu sou um isqueiro no oceano
eu estou por fora do que vejo
eu queria fazer isso para as muito
eu sei, agora
isto é para as perfeitas douradas
nada
nada que eu tente
nada
tudo não me faz esquecer
até quinta agora só isto
por favor, me deixe raciocinar normalmente
saia!saia!
PALESTRA:
CENTRAL DO BRASIL
Não interferimos na luz natural, não nos distanciamos dela, aproveitamo-na.
luz, cores e som servem para que as pessoa sintam-nas e não as vejam simplesmente.
sentimento do choro- a tentativa de trazer o maximo da realidade:
Quem somos, de onde viemos, pra onde vamos?
-reencontro consigo mesmo
- se dão conta da terrível indiferença do nosso tempo.
cinema e emoção;
“ a generosidade da personagem lhe abre outras portas, possibilidades”
“quanto mais local – se fecha pra dentro- se é mais universal se consegue ser”. Talvez nem sempre.
-Cinema deveria ser um instrumento de conhecimento.
CENTRAL DO BRASIL
Não interferimos na luz natural, não nos distanciamos dela, aproveitamo-na.
luz, cores e som servem para que as pessoa sintam-nas e não as vejam simplesmente.
sentimento do choro- a tentativa de trazer o maximo da realidade:
Quem somos, de onde viemos, pra onde vamos?
-reencontro consigo mesmo
- se dão conta da terrível indiferença do nosso tempo.
cinema e emoção;
“ a generosidade da personagem lhe abre outras portas, possibilidades”
“quanto mais local – se fecha pra dentro- se é mais universal se consegue ser”. Talvez nem sempre.
-Cinema deveria ser um instrumento de conhecimento.
CALIC(O)- [do grego chálix, ikos]. Elemento de composição=”pedra”; cascalho=calicose- [de caliccos+ose] subs. fem.. Pneumologia. Silicose
CALIGO- [do tax. caligo] s.m. zool.
1-grande gênero de borboletas brussolíneas que habitam a América do Sul.
2- Qualquer espécie desse gênero, como p. ex., a caligo eurylocus, vulgarmente conhecida como borboleta-coruja, que tem uma grande mancha que lembra o olho da coruja, na parte posterior de cada asa.
3- qualquer espécie desse gênero
CALIGO- [do tax. caligo] s.m. zool.
1-grande gênero de borboletas brussolíneas que habitam a América do Sul.
2- Qualquer espécie desse gênero, como p. ex., a caligo eurylocus, vulgarmente conhecida como borboleta-coruja, que tem uma grande mancha que lembra o olho da coruja, na parte posterior de cada asa.
3- qualquer espécie desse gênero
29/08/2002
Estratégias de dominação e mapas de construção da hegemonia mundial
* Ana Esther Ceceña
Tradução: Maria Lúcia Badejo
... nossa dificuldade para encontrar as formas de luta adequadas não provém de que ainda ignoramos em que consiste o poder?
... o poder é a guerra, a guerra continuada com outros meios ...
Michel Foucault
O mundo capitalista, sua expansão e seus limites são construídos sobre a base da concorrência. A concorrência e o incremento constante do lucro, a luta pelo poder, a apropriação ilimitada de recursos de todos os tipos e a confrontação permanente de horizontes políticos e civilizatórios é o motor que estimula o desenvolvimento incessante das forças produtivas e de todos os mecanismos que contribuem para fixar as regras e margens do jogo do poder e para entrar na arena em condições de ganhador. Neste sentido, é da concorrência e desta situação consubstancial de conflito que emergem as possibilidades, conteúdos e alcances da conformação do sistema mundial e de seus espaços de vulnerabilidade.
Trata-se, sem dúvida, de um processo social que, como reconhece experimentadamente George Soros, está longe de responder a leis naturais de comportamento, e no qual os sujeitos (as classes, os grupos, os povos) são os que constroem a história. Uma história marcada pelo conflito, plena de contradições e na qual o poder é simultaneamente combatido e disputado e tem que ser reconquistado e redesenhado dia após dia.
A história é uma construção social, é cenário de atuação, dissipação e reconformação de sujeitos e, entre estes, sem dúvida, o sujeito mais organizado, com maior coerência e mecanismos de sustentabilidade no mundo contemporâneo é o da alta burguesia assentada nos Estados Unidos. Esta burguesia, a mais globalizada de todas, soube construir um Estado capaz de expressar seus interesses e ideologia particulares como da sociedade em seu conjunto, não só nacional mas mundial, e fazê-los valer utilizando todos os elementos a seu alcance: militares, tecnológicos, financeiros, diplomáticos e culturais. As formas de representação deste poderoso sujeito histórico variam e sua prática social de domínio e acumulação de poder se expressam de maneira diversa, de acordo com seus planos de atuação e com o conjunto dinâmico de elementos que compõem a complexidade concreta em que se joga a capacidade hegemônica global.
A hegemonia é, em todos os terrenos, a busca principal e o emblema da vitória. Em uma sociedade regida pela concorrência e o conflito, o triunfo próprio e a derrota do adversário constituem seu ethos e o elemento ordenador das relações sociais. Se a aproximação à análise do sistema mundial se faz a partir dos sujeitos em conflito e não de suas expressões coisificadas, é possível perceber o problema da concorrência como um campo de batalha no qual a posição e as estratégias empregadas são os elementos de definição de resultados.
A Hegemonia e seus planos de construção
A hegemonia é uma categoria complexa,. que articula a capacidade de liderança nas diferentes dimensões da vida social. O hegêmone, ou líder, que neste caso é necessariamente um sujeito coletivo, tem que ser capaz de dirigir pela força e pela razão, por convicção e por imposição. Ou seja, a hegemonia emerge de um reconhecimento coletivo que compreende tanto qualidades e preceitos morais que adquirem estatuto universal como a energia ou força para sancionar seu cumprimento.
Gramsci, preocupado não tanto com a relação entre estados, mas com a organização da classe operária e sua capacidade para formular uma interpretação do mundo que transcendesse a da burguesia, define-a justamente como a capacidade para transformar a concepção própria, particular, em verdade universal, seja porque as condições materiais que a geraram e a ação do sujeito coletivo que a sustenta conseguem construir amplos consensos, seja porque todos os mecanismos de correção social e estabelecimento de normatividades afins a esta concepção do mundo se impõem como essência moral e valores compartilhados, mediante o recurso à violência em todas as suas formas, justificando, assim, a sanção à dissidência em qualquer um dos campos da vida social.
A hegemonia é mais uma construção de imaginários que, em conseqüência, leva à reorganização das práticas sociais mas a construção de imaginários não é uma externalidade do sistema social, e sim seu produto mais profundo. "A hegemonia nasce da fábrica e para execer-se só tem necessidade de uma mínima quantidade de intermediários profissionais da política e da ideologia". Para Gramsci a essência da concepção do mundo está na vida cotidiana, na relação concreta e específica dos trabalhadores italianos com o mundo, relação que começa por seu espaço de socialização fundamental: a fábrica. Ou seja, a concepção do mundo não é imposta por Leviatan, este contribui para forjá-la garantindo o cumprimento das normas morais reconhecidas coletivamente (ainda que por um coletivo contraditório), mas a realidade imediata do trabalhador é a que traça seus horizontes de compreensão e de possibilidade.
A hegemonia só é possível mediante um compromisso estabelecido coletivamente que leva a avalizar e compartilhar as regras de um jogo que, se não oferece perspectivas de ganhar, pelo menos não atenta contra a coesão social; a governabilidade está garantida sempre e quando se jogue, sem mudar as normas, mesmo sabendo que o jogo não nos pertence, ainda que nos inclua.
A hegemonia entendida assim, como reconhecimento de uma ordem social natural ou inapelável, mediante a incorporação de seus valores como universais e produto do compromisso coletivo, requer uma construção simultânea em vários planos:
- militar, criando as condições reais e imaginárias de invencibilidade;
- econômico, constituindo-se em paradigma de referência e em sancionador, em última instância;
- político, colocando-se como fazedor e árbitro das decisões mundiais;
- cultural, fazendo da própria concepção do mundo e seus valores a perspectiva civilizatória reconhecida universalmente.
Para os generais do Departamento de Defesa (DoD) dos Estados Unidos, cujo saber está orientado pela eficiência prática, a hegemonia se apresenta como objetivo inapelável e sua busca circunscreve-se ao projeto das melhores estratégias para assegura-la. Sua missão consiste em defender os interesses nacionais dos Estados Unidos em qualquer circunstância e qualquer parte da geografia mundial. A hegemonia, neste caso, definida diretamente como dominação ou liberdade para pôr e dispor aos quatro cantos do horizonte, é um pressuposto que antecede a formulação de sua política.
"A manutenção da força militar e a capacidade de usa-la em defesa dos interesses da nação e do povo é essencial para a estratégia e compromisso com o que os Estados Unidos se aproximam do século XXI (...) Como a única nação no mundo que tem a capacidade para projetar um poderio militar de envergadura planetária para conduzir com efetividade operações militares de grande escala longe de suas fronteiras, os Estados Unidos têm uma posição única (...) Para manter esta posição de liderança, os Estados Unidos devem contar com forças rápidas e versáteis, capazes de enfrentar um amplo espectro de atividades e operações militares: desde a dissuasão e derrota de agressões em grande escala até a participação em contingências de pequena escala e o enfrentamento de ameaças assimétricas, como o terrorismo."
Os interesses vitais dos Estados Unidos, em torno dos quais se organiza toda a atividade do DoD, compreendem:
- proteger a soberania, o território e a população dos Estados Unidos;
- evitar a emergência de hegêmones ou coalizões regionais hostis;
- assegurar o acesso incondicional aos mercados decisivos, ao fornecimento de energia e aos recursos estratégicos;
- dissuadir e, se necessário, derrotar qualquer agressão contra os Estados Unidos ou seus aliados;
- garantir a liberdade dos mares, vias de tráfego aéreo e espacial e a segurança das linhas vitais de comunicação.
As dimensões do cenário
O cenário em que é dirimida a hegemonia mundial modificou-se substancialmente com dois acontecimentos paradigmáticos, cada um dos quais com implicações e seqüelas de diferente caráter:
A derrota na guerra do Vietnã, que provocou indiretamente uma crise de superprodução no setor militar e a urgência de racionalizar os enormes recursos empregados em uma aventura malograda.
A ruptura do mundo socialista, que provocou a repentina ampliação de territórios a ser controlados e incorporados.
O primeiro acontecimento acelerou a crise do fordismo ou da produção em massa desenvolvida sob os auspícios da escalada bélica e provocou uma profunda reestruturação nos processos de produção, que, em muitos momentos, abriu espaços de vulnerabilidade em áreas de definição tecnológica estratégica dos Estados Unidos e levou a um reposicionamento importante da Europa e da Ásia no novo cenário da valorização do capital. Entretanto, como veremos mais adiante, o jogo estratégico da burguesia assentada nos Estados Unidos terminou por recompor as condições de superioridade e liderança dos Estados Unidos na fixação do paradigma tecnológico e no controle dos recursos e dos territórios estratégicos.
O segundo acontecimento é resultado da guerra fria e, sem dúvida, uma conquista da força global articulada pelos Estados Unidos. A grande porção geográfica que representam esses territórios, o enorme número e amplo espectro de qualificações dos trabalhadores potenciais que aportam e as jazidas de petróleo, urânio e do resto dos minerais e outros recursos essenciais que contêm converte-os em um campo estratégico de disputa pelo poder ecpnômico mundial. A ruptura do ex-mundo socialista significa uma modificação de possibilidades relativas dos principais atores do jogo do poder, mas o risco político que ainda compreende, sua parcial ingovernabilidade e a incógnita acerca dos conflitos ativos que abriga impedem vislumbrar claramente o futuro de sua incorporação no acordo mundial.
As enormes riquezas naturais dessa região, que constituíam um dos elementos de contenção ao poder concentrado pelos Estados Unidos, ainda não são claramente vertidas sobre o mercado mundial, ainda que, efetivamente, sua fragmentação já não autorize a considerá-los como contrapeso. O mesmo ocorre ao ficar desarticulado o grande potencial bélico, científico e tecnológico desenvolvido pelo bloco socialista e que, em boa medida, está representado por seus cientistas ou pelos especialistas de diferentes tipos concentrados em seus sistemas de segurança (os criptógrafos da KGB, por exemplo). Isto justifica o interesse particular que concedem as estratégias de segurança nacional dos Estados Unidos à estabilidade política e à defesa das "causas da democracia" nesta região.
O cenário global de que dispõe o sistema mundial capitalista ampliou-se notavelmente. Entretanto, incrementou a incerteza e modificou seus elementos de risco: passou-se do risco controlado ou calculado ao imprescindível. A grande tecnologia bélica e a superioridade em efetivos treinados que foram postos em ação no Vietnã não puderam vencer o exército do povo, que, ainda que tenha lutado na guerra, era composto de civis sem disciplina nem treinamento bélico; foi uma guerra de resistência, não-convencional nem com normatividades preconcebidas, como as que ameaçam repetir-se, no futuro próximo, em versões tão variadas como as do mosaico cultural que subjaz à edificação capitalista simbolizada pelo pensamento único. Por outro lado, há um deslocamento difuso de um conjunto de "poderes" locais que desdobram ou questionam as organizações nacional-estatais militarizadas (aberta ou encobertamente), provocando uma relativa indefinição societal e a ruptura de normas estabelecidas; máfias, drogas, saques e um conjunto de forças desgovernadas que não reconhecem autoridade e funcionam com lógicas inesperadas tomaram o lugar do inimigo ordenado e previsível ou do aliado incondicional capaz de manter o controle social em sua jurisdição.
Efetivamente, o horizonte ampliou-se, mas seu controle se fez mais difuso. Nem o maior hegêmone, constituído agora como poder global, é capaz de dominar todas as forças sociais organizadas ou descontroladas que o formam. Neste contexto, o projeto de estratégias e o próprio pensamento estratégico são colocados em um lugar central dentro da organização da dominação e da concorrência. Isto repercute na totalidade militarista que foram adquirindo as relações mundiais, e que tem evidentes e profusas manifestações na vida cotidiana e na criação de imaginários, e explica por que a teoria e a práxis militares foram comendo os espaços de expressão do político.
Formas de representação do sujeito hegemônico
A discussão em torno das formas que assume a representação da classe ou de uma de suas partes, como expressão visível de uma concepção do mundo que corresponde ao imaginário criado pelo exercício cotidiano do poder, é muito ampla. O Estado, como espaço de síntese das contradições e dinâmicas sociais, não é nem pode ser concebido de maneira simplista como o instrumento da classe dominante, ainda que, de acordo com Michel Foucault, "...poder é essencialmente o que reprime". O Estado efetivamente representa os interesses e concepções dominantes da sociedade que lhe dá sustentação, mas não constitui sua expressão direta. O Estado é um espaço de mediação e é nessa medida que pode constituir-se em representação coletiva do imaginário social, construído sobre a base de relações de poder e de dominação entre as classes e grupos. O Estado é expressão das relações hegemônicas dentro do universo social que o constitui, sem perder a dimensão de suas contradições.
Sem entrar mais no terreno de uma discussão que exige uma reflexão à parte, o estudo da economia mundial, das relações mundiais de dominação e da construção da hegemonia nesse mesmo nível tem como um de seus referenciais fundamentais o Estado norte-americano. Este, efetivamente, aparece como o articulador e cabeça do capitalismo mundial, e como portador e avalista dos valores que, sendo-lhe próprios, são apresentados e resguardados como universais. O norte-americano, até agora, é o único Estado que tem a possibilidade real de ser representante, globalmente, de um poder também global, que emerge, entre outros, da escala planetária alcançada por seus processos econômicos, militares e, em certa medida, culturais.
Entretanto, esse poder global, no âmbito econômico (produtivo, tecnológico, comercial, financeiro) é produto da práxis capitalista da alta burguesia. O protagonista direto do processo de transnacionalização da economia é essa parte da classe dominante que se passou a chamar grande capital, termo que a identifica, mas que evita sua significação como sujeito.
A alta burguesia transnacional assentada nos Estados Unidos, à qual chamaremos alta burguesia norte-americana para abreviar (ainda que este termo requeira múltiplas precisões), é a portadora do emblema paradigmático do sistema mundial de produção, entendido em seu sentido mais amplo. Dentro do imaginário mundial, mesmo considerando o reconhecimento da liderança parcial de seus concorrentes-sócios, os símbolos do paradigma dominante continuam sendo erguidos pela IBM, Intel, Microsoft, Internet, Novartis, Monsanto, General Motors, Crysler, Exxon, Texaco, AT&T, ITT, Hughes, e tantos outros, como Coca-Cola e Sabritas, contribuem para definir os referenciais da vida e da reprodução social.
O trajeto entre o estabelecimento de lideranças e a construção de um reconhecimento geral de superioridade e direção só é possível mediante a conformação de um sujeito com múltiplas formas de representação articulada. O sujeito dominante do processo geral de reprodução ou do sistema capitalista mundial é constituído pela alta burguesia norte-americana que aparece sob a forma das grandes empresas transnacionais, dos volumosos fluxos de capital financeiro que vão fazendo e desfazendo economias e do Estado norte-americano, como portador do interesse geral e dos valores universais. Ou seja, o sujeito social dominante é um sujeito que se desdobra e que aparece, em nossa perspectiva, sob duas formas fundamentais: a do Estado norte-americano e a das grandes empresas transnacionais de base norte-americana. Por isso, as estratégias parciais de domínio e concorrência nos mercados, e a política do Estado no terreno da segurança nacional, mantêm uma coerência impecável em linhas gerais.
As estratégias de reafirmação da hegemonia
Entendemos que existe uma grande quantidade de mediações entre a ação individual e a síntese social que permite construir e/ou identificar um sujeito coletivo. Entretanto, desentranhá-las é parte de uma tarefa também coletiva à qual somente pretendo somar-me modestamente. Para isso, proponho realizar uma aproximação ao pensamento do Pentágono pela via de sua concepção do estratégico.
O projeto mais completo e sistemático sobre o ethos hegemônico está explicitado nos documentos oficiais do DoD e, particularmente, nos que se ocupam do projeto das estratégias de defesa da segurança nacional dos Estados Unidos, traçados a partir da última Quadrennial Defense Review (QDR).
A estratégia de segurança nacional para um novo século
O secretário de defesa, William Cohen, na ocasião em que apresentou seu informe de 1998 ao Congresso, assinalou que: "A América inicia o novo milênio como a única superpotência mundial, como a nação indispensável".
De acordo com o Annual report to te President and the Congress. National security strategy for a new century, "…os Estados Unidos se encontram em um período de oportunidade estratégico. A ameaça de guerra global retrocedeu e os valores fundamentais da nação de democracia representativa e economia de mercado são adaptados em muitos lugares do mundo (...) Suas alianças (...) se adaptam exitosamente".
Os objetivos gerais que o DoD deve garantir dentro esta estratégia de liderança para o novo milênio são:
- assegurar a criação de um ambiente internacional favorável aos interesses dos Estados Unidos;
- ter a preparação e presteza necessárias para responder ao amplo espectro de crise que ameaça os interesses dos Estados Unidos;
- ter a previsão necessária para estar preparados diante da incerteza do futuro próximo.
A política de defesa dos interesses nacionais dos Estados Unidos, que é a razão de ser do Estado norte-americano, está sintetizada nestes três objetivos, entretanto cada um deles encerra uma enorme complexidade e implica uma ação compartilhada e coerente de todas as representações desdobradas do sujeito hegemônico. Ou seja, o estratégico é um campo interdisciplinar no qual, sobretudo, é colocada em evidência "...l’articulation l’une avec l’autre de l’économie et de la violence comme double système de menace..."(Joxe:1997).
Com efeito, existe uma estreita vinculação entre os interesses econômicos e geoestratégicos, que tem como eixo a vantagem e/ou dominação tecnológica e manifesta-se o mesmo na estratégia de concorrência das empresas produtoras dos sistemas e equipamento de produção para uso civil que nos critérios de segurança aplicados à produção e concepção dos sistemas de comunicação ou armazenamento utilizados pelas forças militares norte-americanas.
"De 1940 até o presente, o Departamento de Defesa (DoD) encabeçou agressivamente a revolução na tecnologia de informação: a pesquisa e desenvolvimento em tecnologia de informação foi e continua sendo uma de suas competências fundamentais.
A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA) do DoD, líder em tecnologias avançadas, apóia a indústria para melhorar a arquitetura e aplicações da infra-estrutura nacional de informação (NII). O DoD, como maior usuário dos serviços de informação, faz substanciais investimentos em infra-estrutura de informação." (Deutch:1994)
O grau de objetivação dos conhecimentos e experiências em todos os planos da vida social alcançado pelas forças produtivas estabelece uma barreira ou sanção tecnológica empregada no terreno econômico como instrumento de eliminação da concorrência e de atração de rendas tecnológicas (de plusvalor extraordinário), ou seja, de construção de uma posição de superioridade e liderança; e, no terreno militar como elemento de superioridade estratégica e de controle ou submissão do inimigo (o outro que compõe a quase totalidade da população mundial).
1. Assegurar a criação de um ambiente internacional favorável aos interesses dos Estados Unidos
A criação de um ambiente favorável aos interesses dos Estados Unidos implica, na realidade, a subjugação de qualquer expectativa de autodeterminação por parte do resto do mundo, assim como uma renúncia de fato à história e cultura próprias. Como é evidente, esta renúncia ao próprio ser requer efetivamente a construção de um contexto que a faça possível e que, inclusive, a faça aparecer como vontade geral. O mercado e a democracia, os dois pilares ideológicos da ofensiva hegemônica, sintetizam esta política, entretanto, não se requer apenas a imposição ou indução de um imaginário amigável com estes princípios e, sobretudo, com o conteúdo que lhes confere a ideologia do pensamento único, ainda que o impacto e penetração dos meios de comunicação de massa seja um eficaz criador de consensos mediante a aculturação ou diretamente a assimilação cultural que promove. A persuasão neste terreno não parece, entretanto, suficiente, a julgar pela grande quantidade de movimentos de resistência ou confrontação aberta que desencadeou. Necessitam-se estímulos mais efetivos e confiáveis, como os que põe em prática o DoD:
"Além dos outros instrumentos de poder, como a diplomacia e os investimentos e o comércio econômicos, o DoD tem um papel essencial na conformação de um ambiente internacional seguro a partir da perspectiva da promoção e proteção dos interesses nacionais dos Estados Unidos (...) fortemente integrado com os esforços diplomáticos." (Cohen:1999. Sublinhados meus)
As finalidades declaradas são três:
Promover a estabilidade regional. Fortalecimento dos aliados e de seus compromissos e vínculos com os Estados unidos mediante, entre outros, transferência de equipamento e armamento e atividades de entretenimento.
Prevenir ou reduzir conflitos e ameaças. Esta é uma das peças chave da estratégia. As medidas de prevenção são enfocadas em: reduzir ou eliminar as potencialidades ou capacidades nuclear-biológico-químicas (NBC); prevenir e dissuadir o terrorismo e reduzir a vulnerabilidade dos Estados Unidos mediante o incremento na gama de atividades de inteligência; proteger a infra-estrutura decisiva e o pessoal do DoD; dissuadir a produção e afluência de drogas ilegais nos Estados Unidos e seus espaços circundantes; reduzir as condições estimuladoras de conflitos.
Dissuadir agressões mediante o emprego das forças norte-americanas de paz em regiões chave e mediante a demonstração explícita de seu poderio e capacidade para garantir a segurança de seus interesses e a vontade para fazê-los valer, onde e quando sejam desafiados.
Ou seja, haveria dois mecanismos para cumprir a alta missão atribuída ao DoD e que se estende a um território definido não pelas fronteiras, mas pelos interesses nacionais dos Estados Unidos: a aceitação universal desses interesses acima dos das outras nações e a inibição ou desativação prematura de qualquer indício de dissidência ou, o que dá na mesma, de autonomia de decisão do resto das nações ou povos do mundo.
2. Ter a preparação e presteza necessárias para responder ao amplo espectro de crise que ameaça os interesses dos Estados Unidos
Apesar dos avanços na construção de um ambiente favorável, o mundo continua sendo complexo, dinâmico e perigoso na perspectiva do próprio DoD, que identifica as seguintes tendências como ameaças a sua segurança:
- Conflitos transfronteiriços de larga escala (notoriamente, Iraque-Irã e as Coréias).
- Fracasso ou desaparecimento de alguns estados, previsto daqui ao ano 2015 (notoriamente, Iugoslávia, Albânia e Zaire).
- Perigos transnacionais: violentas organizações terroristas de motivação religiosa que eclipsaram as mais tradicionais, de motivação política e organizações terroristas com motivações étnicas ou nacionalistas. Complexização e sofisticação dos movimentos sociais identificados como terroristas ou de ameaça ao sistema. Tráfico de drogas e de armamento, que tendem a desgastar a legitimidade de governos amigos. Desastres ambientais. E, curiosamente localizados como perigo transnacional, "incontrolados fluxos de migrantes".
- Afluência de tecnologias potencialmente perigosas. O vínculo entre conhecimento letal e movimentos terroristas dedicados a catástrofes massivas representa um novo paradigma para a segurança nacional. Os conhecimentos letais enunciados são de três tipos, todos relacionados com os espaços estratégicos de controle tecnológico: os que concernem à fabricação e proliferação de armas nucleares, biológicas ou químicas (NBC); os que concernem à fabricação de veículos aéreos e meios para controlar o espaço e os que concernem à capacidade para gerar, utilizar ou inutilizar informação que possa ser empregada com fins de controle ou desestabilização.
- Há outros riscos relacionados com situações imprevisíveis (wild card scenarios), como a emergência de imprevistas ameaças tecnológicas; a perda de acesso às facilidades decisórias e às linhas de comunicação em regiões chave; a chegada de partidos hostis em países amigos. "A capacidade militar dos Estados Unidos deve ser suficientemente flexível para fazer frente a estes eventos inesperados."
3. Ter a previsão necessária para estar preparados diante da incerteza do futuro próximo
Esta iniciativa compõe-se de quatro partes principais:
- modernização tecnológica que incorpore inovações de fronteira;
- revolução nos assuntos militares desenvolvendo as habilidades militares. "...as revoluções tecnológicas afetaram a natureza do conflito". Por isso, propõe-se
- guarnecer-se mediante novas tecnologias que ofereçam às forças norte-americanas maior capacidade através de conceitos, doutrina e organizações avançados, que lhes permitam dominar qualquer campo futuro de batalha, incluindo os assiméticos." É preciso fortalecer "tanto a cultura quanto a capacidade ou aptidões." (Cohen:1988. Sublinhados meus)
- revolução na engenharia de infra-estrutura e apoio;
- proteger-se de futuras ameaças para ser capazes de manejar os riscos em um ambiente de recursos restritos. Para isso, é necessário manter um amplo esforço em pesquisa e desenvolvimento; vincular-se com indústrias especializadas em novas tecnologias e desenvolver programas de R & D que possibilitem a adoção ou adaptação das tecnologias comerciais às necessidades militares. Uma iniciativa de grande amplitude contra as ameaças futuras requer garantir que as forças norte-americanas tenham a capacidade de inteligência necessária.
O eixo tecnológico na estratégia de liderança mundial para o século XXI
O enorme acúmulo de conhecimentos concentrados e vertidos na criação de uma ampla e pormenorizada estrutura de automatização e apropriação da natureza tornou complexa a organização social em todas as suas dimensões, incluída, é claro, a militar. Por isso, e considerando a mudança no cenário mundial e a conseqüente "revolução nas questões militares" contemplada no ODR (Cohen:1998), a inovação tecnológica e a possibilidade de colocar-se na fronteira do conhecimento nos campos fundamentais adquirem a maior prioridade.
O fim da guerra fria, as escalas planetárias do processo de reprodução, dominação e concorrência e a variedade de cenários e universos culturais que compõem a totalidade mundial outorga às atividades de inteligência e prevenção (ou repressão antecipada) de conflitos uma enorme importância: "A inteligência representa a primeira linha de defesa" (Deutch:1994).
Isto não elimina a necessidade de estabelecer uma superioridade na qualidade dos armamentos e nos mecanismos correspondentes à guerra convencional, e sim multiplica os terrenos de busca tecnológica e outorga à centralização e processamento de informação um lugar estratégico. No dizer de Foucault, "o poder não tem necessidade de ciência, mas de uma massa de informações que, por sua posição estratégica, ele é capaz de explorar."(1977, p. 121)
Para isso, dentro dos que são considerados os possibilitadores decisivos desta linha estratégica encontram-se:
- um sistema de inteligência com alcance global;
- comunicações globalizadas e impedimento de interferência por parte do inimigo. Controle dos mares e espaço aéreo;
- superioridade em espaço. Reconhecimento, vigilância, inteligência, computadores, comunicações, controle e direção globais (command, control, comunications, computers, intelligence, surveillance and reconnaissance, C4ISR). Para manter a vantagem atual no espaço, mesmo quando mais usuários desenvolvam suas capacidades, os Estados Unidos devem dedicar suficientes recursos de inteligência para monitorar os usuários externos de ativos assentados espacialmente.
"Para ser realmente uma força de amplo espectro, os militares norte-americanos devem ser capazes de derrotar inclusive os adversários mais inovadores. Aqueles que se opõem aos Estados Unidos utilizarão de modo crescente estratégias e táticas não-convencionais para compensar a superioridade dos Estados Unidos."(Deutch:1994)
A tecnologia, no costume capitalista, é sem dúvida a maneira de estabelecer espaços privados de controle e vantagens que gerem condições para a construção e o exercício do poder. Este poder se constrói e se manifesta, como assinalou-se no início, nas quatro dimensões principais da organização e reprodução da sociedade mundial e, por isso, em todas elas é possível identificar uma infra-estrutura tecnológica que serve como eixo de articulação e, evidentemente, de dominação.
Para efeito de argumentar a coerência e colaboração entre as duas figuras de representação do sujeito hegemônico que mencionamos no início, é possível identificar alguns mecanismos de alta prioridade, tanto para as agências de segurança dos Estados Unidos como para a alta burguesia transnacional norte-americana.
Uso dual da tecnologia militar e civil. As pesquisas realizadas pela agência de pesquisa e desenvolvimento do DoD, ARPA, foram a base da graficação por computador; do tempo compartilhado; dos pacotes com interruptores que mais tarde deram lugar à Arpanet, de onde derivou a Internet; da inteligência artificial, que compreende o reconhecimento de voz, os sistemas especialistas e a visão digital, e da engenharia informática. Os esforços tecnológicos da ARPA vão desde pesquisa básica até aplicações avançadas e testbeds.
Já em 1994 a ARPA estabeleceu vários projetos experimentais de redes gigabit/segundo para explorar em arquitetura, manejo e segurança de redes e, atualmente, as linhas dorsais que dão suporte à rede Abilene nos Estados Unidos, instaladas pela MCI, têm uma velocidade de 8 gigabits por segundo, enquanto a melhor rede alemã, que é a que a segue, tem uma velocidade de 2 gigabits por segundo. A diferença qualitativa é abismal e estabelece uma brecha que tem repercussões em todas as atividades relacionadas com essas redes (Ornelas:2000).
Mesmo assim, o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação constituiu um componente essencial da plataforma de decolagem da produção mundial pós-fordista, ou seja, dos processos de trabalho off shore (maquilas no norte do México, o Sudeste Asiático e, mais tarde, o Caribe e a América Central) e das redes de produção altamente automatizadas e espacialmente desmembradas que conhecemos hoje.
"Muitos elementos de computação com modem têm suas origens nas pesquisas auspiciadas pelo DoD e a infra-estrutura de pesquisa criada por ele continua produzindo tecnologia necessária para o NII. A contribuição do DoD aos primeiros supercomputadores foi uma contribuição à massiva introdução de sistemas de funcionamento em paralelo no final dos anos 60 e continua apoiando o desenvolvimento da tecnologia computacional de fronteira com o programa de alto rendimento em computação e comunicações. (Deutch:1994)
A vinculação estreita entre a indústria civil e militar está presente em todos os campos importantes de desenvolvimento tecnológico, mas destacam-se entre eles, na atualidade, os seguintes:
- Criação de redes tecnológicas avançadas em coordenação com a indústria e as universidades, baseando-se no conceito de trama global (global grid) e para os fins militares e civis dos Estados Unidos.
- Alto rendimento em computação, criando sistemas capazes de realizar 100 bilhões de operações por segundo e, posteriormente, trilhões de operações por segundo.
- Tecnologia para sistemas inteligentes. Incluem deciframento (ou compreensão) de imagens, de linguagem humana e integração inteligente de informação cujos propósitos são desenvolver tecnologia de visão artificial para aplicações como a inspeção de sistemas de produção, permitir a interação direta e natural das forças militares com sistemas complexos com base na pesquisa lingüística e conseguir a integração e processamento de informação heterogênea e de fontes díspares pra apresentá-la aos usuários organizada de acordo com sua relevância.
- Melhoramento da tecnologia informática reduzindo o tempo de criação, incrementando a confiabilidade e melhorando sua manutenção.
- Eletrônica avançada. Substancial melhoria no equipamento (hardware) para a NII. As áreas de pesquisa compreendem supercondutores de alta temperatura, materiais de alto rendimento como o arseniuro de gálio e módulos multichip (MCMs) que permitem a integração de um sistema completo em um só módulo sem componentes separados. Com os MCMs os sistemas eletrônicos alcançam altos rendimentos, muito maior confiabilidade, menor consumo energético e menores custos de produção, permitem novos níveis de rendimento e miniaturização em equipamento de cálculo e comunicação.
- Deciframento do genoma humano
Criação de uma normatividade universal, tanto no terreno da guerra através de organismos como a OTAN e a ONU e da gestão econômica global mediante a implantação de critérios determinados supranacionalmente pelo Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial, entre outros, como no da produção através do estabelecimento de equivalentes ou referentes gerais tecnológicos que marcam as pautas da produção, a organização produtiva e a concorrência.
O DoD apóia a criação de normas internacionais para os serviços integrados de informação em amplitude de faixa e é pioneiro em pesquisa, desenvolvimento e avaliação de criptografia, de verificação de tecnologia de computação e de serviços e produtos seguros de informação. Foi o encarregado de promover um protocolo único para as comunicações internacionais (TCP/IP) e, portanto, garantiu com isso sua supremacia sobre o sistema de comunicações global.
Estas normas são fixadas de acordo com os critérios estratégicos de segurança, mas também com as condições e possibilidades de suas indústrias de engenharia de informação, de engenharia nuclear, etc. Desta forma mantém-se uma liderança imposta simultaneamente pelas razões da economia e da "persuasão militar".
O DOD é líder no uso global da tecnologia de informação. "Apenas as corporações verdadeiramente grandes têm sistemas internacionais de comunicação que se aproximam aos do DoD em tamanho e amplitude, e apenas as mais avançadas destas se aproximam da heterogeneidade, complexidade e diversidade de vínculos integrados que tem o sistema de comunicações do DoD". (Deutch:1994)
No caso destes sistemas tecnológicos, é tão importante a escala de utilização como a produção, já que sua inovação e as facilidades que outorga ao resto dos setores se multiplicam com a intensidade e amplitude de sua utilização.
A amplitude de alcance destes sistemas é base, também, da articulação de interesses em torno do controle de recursos estratégicos que são de utilidade múltipla mas essencial, como o petróleo, a biodiversidade ou o urânio. "Na América Latina houve (...) uma intensa atividade de teleprospecção coordenada pelas transnacionais petroleiras (Gulf, Exxon), os grandes fabricantes de geradores, turbinas e centrais elétricas nucleares (General Electric, Westinghouse) e – é claro -, os gigantes da indústria aeroespacial e de telecomunicações (Litton, Hughes, Aircraft) em busca de jazidas de petróleo, urânio e cobre na Amazônia (Brasil e Peru),Venezuela e Chile". (Rosaslanda:1998, p. 75). Litton e Hughes são empresas que funcionam sob o auspício quase total do DoD.
Conclusão
O estudo da concorrência econômica e do processo de concentração de capital é por si mesmo incapaz de dar conta da complexidade do processo de dominação e da construção da hegemonia mundial, apesar de sua essencialidade. A dominação econômica não pode se desinteressar da violência que lhe é imanente e que se evidencia na dimensão militar de organização do poder.
O sujeito hegemônico, sujeito desdobrado que desdobra sua estratégia de poder em todas as suas dimensões de representação, somente pode ser apreendido em sua integridade, que é também o assentamento de suas condições de possibilidade. E é neste horizonte de aproximação que se evidenciam os complexos e variados mecanismos de construção do poder hegemônico, mas também é ele que permite vislumbrar suas condições de vulnerabilidade e suas fronteiras consubstanciais ou limites civilizatórios. Por fim, "as forças presentes da história não obedecem nem a um destino nem a uma mecânica, e sim ao acaso da luta". (Foucault:1977, p. 20)
* Cientista social da revista Chiapas e representante do Instituto de Investigaciones Econômicas (UNAM) do México
Bibliografía citada:
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- Caputo, Orlando (1999), "La economía mundial actual y la ciencia económica. Algunas reflexiones para la discusión". In: Jaime Estay, Alicia Girón y Osvaldo Martínez (Coords), La globalización de la economía mundial. Principales dimensiones en el umbral del siglo XXI, BUAP-IIEc-CIEM-Porrúa, México.
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- Charnay, Jean-Paul (1990), Critique de la stratégie, L’Herne, París, 325 pp.
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- Foucault, M. 1977. La microfísica del poder, colección Genealogía del poder 3ª ed., Las ediciones de La Piqueta, Madrid, 1992, 189 pp.
- Gramsci, Antonio (19xx), Notas sobre Maquiavelo, Ed. Juan Pablos, México.
- Joxe, Alain (1997), La science de la guerre et la paix, projet non publiable.
- Martínez Peinado, Javier (1999), "Globalización: elementos para el debate". In: Jaime Estay, Alicia Girón y Osvaldo Martínez (Coords), La globalización de la economía mundial. Principales dimensiones en el umbral del siglo XXI, BUAP-IIEc-CIEM-Porrúa, México.
Marx, Karl (1972), Elementos fundamentales para la crítica de la economía política 1857-1858 (Grundrisse), t. II, Siglo XXI, México.
Ornelas Bernal, Raúl (2000), Les entreprises transnationales et la domination économique. La concurrence au sein du noyau technologique, Tesis de doctorado (inédita), Université de Paris X.
Rosaslanda, Octavio (1998), INTERNET: impulsor del desarrollo capitalista contemporáneo, Tesis, Facultad de Economía, UNAM, México.
Soros, George (1999), La crisis del capitalismo global. La sociedad abierta en peligro, Plaza y Janés, México.
Estratégias de dominação e mapas de construção da hegemonia mundial
* Ana Esther Ceceña
Tradução: Maria Lúcia Badejo
... nossa dificuldade para encontrar as formas de luta adequadas não provém de que ainda ignoramos em que consiste o poder?
... o poder é a guerra, a guerra continuada com outros meios ...
Michel Foucault
O mundo capitalista, sua expansão e seus limites são construídos sobre a base da concorrência. A concorrência e o incremento constante do lucro, a luta pelo poder, a apropriação ilimitada de recursos de todos os tipos e a confrontação permanente de horizontes políticos e civilizatórios é o motor que estimula o desenvolvimento incessante das forças produtivas e de todos os mecanismos que contribuem para fixar as regras e margens do jogo do poder e para entrar na arena em condições de ganhador. Neste sentido, é da concorrência e desta situação consubstancial de conflito que emergem as possibilidades, conteúdos e alcances da conformação do sistema mundial e de seus espaços de vulnerabilidade.
Trata-se, sem dúvida, de um processo social que, como reconhece experimentadamente George Soros, está longe de responder a leis naturais de comportamento, e no qual os sujeitos (as classes, os grupos, os povos) são os que constroem a história. Uma história marcada pelo conflito, plena de contradições e na qual o poder é simultaneamente combatido e disputado e tem que ser reconquistado e redesenhado dia após dia.
A história é uma construção social, é cenário de atuação, dissipação e reconformação de sujeitos e, entre estes, sem dúvida, o sujeito mais organizado, com maior coerência e mecanismos de sustentabilidade no mundo contemporâneo é o da alta burguesia assentada nos Estados Unidos. Esta burguesia, a mais globalizada de todas, soube construir um Estado capaz de expressar seus interesses e ideologia particulares como da sociedade em seu conjunto, não só nacional mas mundial, e fazê-los valer utilizando todos os elementos a seu alcance: militares, tecnológicos, financeiros, diplomáticos e culturais. As formas de representação deste poderoso sujeito histórico variam e sua prática social de domínio e acumulação de poder se expressam de maneira diversa, de acordo com seus planos de atuação e com o conjunto dinâmico de elementos que compõem a complexidade concreta em que se joga a capacidade hegemônica global.
A hegemonia é, em todos os terrenos, a busca principal e o emblema da vitória. Em uma sociedade regida pela concorrência e o conflito, o triunfo próprio e a derrota do adversário constituem seu ethos e o elemento ordenador das relações sociais. Se a aproximação à análise do sistema mundial se faz a partir dos sujeitos em conflito e não de suas expressões coisificadas, é possível perceber o problema da concorrência como um campo de batalha no qual a posição e as estratégias empregadas são os elementos de definição de resultados.
A Hegemonia e seus planos de construção
A hegemonia é uma categoria complexa,. que articula a capacidade de liderança nas diferentes dimensões da vida social. O hegêmone, ou líder, que neste caso é necessariamente um sujeito coletivo, tem que ser capaz de dirigir pela força e pela razão, por convicção e por imposição. Ou seja, a hegemonia emerge de um reconhecimento coletivo que compreende tanto qualidades e preceitos morais que adquirem estatuto universal como a energia ou força para sancionar seu cumprimento.
Gramsci, preocupado não tanto com a relação entre estados, mas com a organização da classe operária e sua capacidade para formular uma interpretação do mundo que transcendesse a da burguesia, define-a justamente como a capacidade para transformar a concepção própria, particular, em verdade universal, seja porque as condições materiais que a geraram e a ação do sujeito coletivo que a sustenta conseguem construir amplos consensos, seja porque todos os mecanismos de correção social e estabelecimento de normatividades afins a esta concepção do mundo se impõem como essência moral e valores compartilhados, mediante o recurso à violência em todas as suas formas, justificando, assim, a sanção à dissidência em qualquer um dos campos da vida social.
A hegemonia é mais uma construção de imaginários que, em conseqüência, leva à reorganização das práticas sociais mas a construção de imaginários não é uma externalidade do sistema social, e sim seu produto mais profundo. "A hegemonia nasce da fábrica e para execer-se só tem necessidade de uma mínima quantidade de intermediários profissionais da política e da ideologia". Para Gramsci a essência da concepção do mundo está na vida cotidiana, na relação concreta e específica dos trabalhadores italianos com o mundo, relação que começa por seu espaço de socialização fundamental: a fábrica. Ou seja, a concepção do mundo não é imposta por Leviatan, este contribui para forjá-la garantindo o cumprimento das normas morais reconhecidas coletivamente (ainda que por um coletivo contraditório), mas a realidade imediata do trabalhador é a que traça seus horizontes de compreensão e de possibilidade.
A hegemonia só é possível mediante um compromisso estabelecido coletivamente que leva a avalizar e compartilhar as regras de um jogo que, se não oferece perspectivas de ganhar, pelo menos não atenta contra a coesão social; a governabilidade está garantida sempre e quando se jogue, sem mudar as normas, mesmo sabendo que o jogo não nos pertence, ainda que nos inclua.
A hegemonia entendida assim, como reconhecimento de uma ordem social natural ou inapelável, mediante a incorporação de seus valores como universais e produto do compromisso coletivo, requer uma construção simultânea em vários planos:
- militar, criando as condições reais e imaginárias de invencibilidade;
- econômico, constituindo-se em paradigma de referência e em sancionador, em última instância;
- político, colocando-se como fazedor e árbitro das decisões mundiais;
- cultural, fazendo da própria concepção do mundo e seus valores a perspectiva civilizatória reconhecida universalmente.
Para os generais do Departamento de Defesa (DoD) dos Estados Unidos, cujo saber está orientado pela eficiência prática, a hegemonia se apresenta como objetivo inapelável e sua busca circunscreve-se ao projeto das melhores estratégias para assegura-la. Sua missão consiste em defender os interesses nacionais dos Estados Unidos em qualquer circunstância e qualquer parte da geografia mundial. A hegemonia, neste caso, definida diretamente como dominação ou liberdade para pôr e dispor aos quatro cantos do horizonte, é um pressuposto que antecede a formulação de sua política.
"A manutenção da força militar e a capacidade de usa-la em defesa dos interesses da nação e do povo é essencial para a estratégia e compromisso com o que os Estados Unidos se aproximam do século XXI (...) Como a única nação no mundo que tem a capacidade para projetar um poderio militar de envergadura planetária para conduzir com efetividade operações militares de grande escala longe de suas fronteiras, os Estados Unidos têm uma posição única (...) Para manter esta posição de liderança, os Estados Unidos devem contar com forças rápidas e versáteis, capazes de enfrentar um amplo espectro de atividades e operações militares: desde a dissuasão e derrota de agressões em grande escala até a participação em contingências de pequena escala e o enfrentamento de ameaças assimétricas, como o terrorismo."
Os interesses vitais dos Estados Unidos, em torno dos quais se organiza toda a atividade do DoD, compreendem:
- proteger a soberania, o território e a população dos Estados Unidos;
- evitar a emergência de hegêmones ou coalizões regionais hostis;
- assegurar o acesso incondicional aos mercados decisivos, ao fornecimento de energia e aos recursos estratégicos;
- dissuadir e, se necessário, derrotar qualquer agressão contra os Estados Unidos ou seus aliados;
- garantir a liberdade dos mares, vias de tráfego aéreo e espacial e a segurança das linhas vitais de comunicação.
As dimensões do cenário
O cenário em que é dirimida a hegemonia mundial modificou-se substancialmente com dois acontecimentos paradigmáticos, cada um dos quais com implicações e seqüelas de diferente caráter:
A derrota na guerra do Vietnã, que provocou indiretamente uma crise de superprodução no setor militar e a urgência de racionalizar os enormes recursos empregados em uma aventura malograda.
A ruptura do mundo socialista, que provocou a repentina ampliação de territórios a ser controlados e incorporados.
O primeiro acontecimento acelerou a crise do fordismo ou da produção em massa desenvolvida sob os auspícios da escalada bélica e provocou uma profunda reestruturação nos processos de produção, que, em muitos momentos, abriu espaços de vulnerabilidade em áreas de definição tecnológica estratégica dos Estados Unidos e levou a um reposicionamento importante da Europa e da Ásia no novo cenário da valorização do capital. Entretanto, como veremos mais adiante, o jogo estratégico da burguesia assentada nos Estados Unidos terminou por recompor as condições de superioridade e liderança dos Estados Unidos na fixação do paradigma tecnológico e no controle dos recursos e dos territórios estratégicos.
O segundo acontecimento é resultado da guerra fria e, sem dúvida, uma conquista da força global articulada pelos Estados Unidos. A grande porção geográfica que representam esses territórios, o enorme número e amplo espectro de qualificações dos trabalhadores potenciais que aportam e as jazidas de petróleo, urânio e do resto dos minerais e outros recursos essenciais que contêm converte-os em um campo estratégico de disputa pelo poder ecpnômico mundial. A ruptura do ex-mundo socialista significa uma modificação de possibilidades relativas dos principais atores do jogo do poder, mas o risco político que ainda compreende, sua parcial ingovernabilidade e a incógnita acerca dos conflitos ativos que abriga impedem vislumbrar claramente o futuro de sua incorporação no acordo mundial.
As enormes riquezas naturais dessa região, que constituíam um dos elementos de contenção ao poder concentrado pelos Estados Unidos, ainda não são claramente vertidas sobre o mercado mundial, ainda que, efetivamente, sua fragmentação já não autorize a considerá-los como contrapeso. O mesmo ocorre ao ficar desarticulado o grande potencial bélico, científico e tecnológico desenvolvido pelo bloco socialista e que, em boa medida, está representado por seus cientistas ou pelos especialistas de diferentes tipos concentrados em seus sistemas de segurança (os criptógrafos da KGB, por exemplo). Isto justifica o interesse particular que concedem as estratégias de segurança nacional dos Estados Unidos à estabilidade política e à defesa das "causas da democracia" nesta região.
O cenário global de que dispõe o sistema mundial capitalista ampliou-se notavelmente. Entretanto, incrementou a incerteza e modificou seus elementos de risco: passou-se do risco controlado ou calculado ao imprescindível. A grande tecnologia bélica e a superioridade em efetivos treinados que foram postos em ação no Vietnã não puderam vencer o exército do povo, que, ainda que tenha lutado na guerra, era composto de civis sem disciplina nem treinamento bélico; foi uma guerra de resistência, não-convencional nem com normatividades preconcebidas, como as que ameaçam repetir-se, no futuro próximo, em versões tão variadas como as do mosaico cultural que subjaz à edificação capitalista simbolizada pelo pensamento único. Por outro lado, há um deslocamento difuso de um conjunto de "poderes" locais que desdobram ou questionam as organizações nacional-estatais militarizadas (aberta ou encobertamente), provocando uma relativa indefinição societal e a ruptura de normas estabelecidas; máfias, drogas, saques e um conjunto de forças desgovernadas que não reconhecem autoridade e funcionam com lógicas inesperadas tomaram o lugar do inimigo ordenado e previsível ou do aliado incondicional capaz de manter o controle social em sua jurisdição.
Efetivamente, o horizonte ampliou-se, mas seu controle se fez mais difuso. Nem o maior hegêmone, constituído agora como poder global, é capaz de dominar todas as forças sociais organizadas ou descontroladas que o formam. Neste contexto, o projeto de estratégias e o próprio pensamento estratégico são colocados em um lugar central dentro da organização da dominação e da concorrência. Isto repercute na totalidade militarista que foram adquirindo as relações mundiais, e que tem evidentes e profusas manifestações na vida cotidiana e na criação de imaginários, e explica por que a teoria e a práxis militares foram comendo os espaços de expressão do político.
Formas de representação do sujeito hegemônico
A discussão em torno das formas que assume a representação da classe ou de uma de suas partes, como expressão visível de uma concepção do mundo que corresponde ao imaginário criado pelo exercício cotidiano do poder, é muito ampla. O Estado, como espaço de síntese das contradições e dinâmicas sociais, não é nem pode ser concebido de maneira simplista como o instrumento da classe dominante, ainda que, de acordo com Michel Foucault, "...poder é essencialmente o que reprime". O Estado efetivamente representa os interesses e concepções dominantes da sociedade que lhe dá sustentação, mas não constitui sua expressão direta. O Estado é um espaço de mediação e é nessa medida que pode constituir-se em representação coletiva do imaginário social, construído sobre a base de relações de poder e de dominação entre as classes e grupos. O Estado é expressão das relações hegemônicas dentro do universo social que o constitui, sem perder a dimensão de suas contradições.
Sem entrar mais no terreno de uma discussão que exige uma reflexão à parte, o estudo da economia mundial, das relações mundiais de dominação e da construção da hegemonia nesse mesmo nível tem como um de seus referenciais fundamentais o Estado norte-americano. Este, efetivamente, aparece como o articulador e cabeça do capitalismo mundial, e como portador e avalista dos valores que, sendo-lhe próprios, são apresentados e resguardados como universais. O norte-americano, até agora, é o único Estado que tem a possibilidade real de ser representante, globalmente, de um poder também global, que emerge, entre outros, da escala planetária alcançada por seus processos econômicos, militares e, em certa medida, culturais.
Entretanto, esse poder global, no âmbito econômico (produtivo, tecnológico, comercial, financeiro) é produto da práxis capitalista da alta burguesia. O protagonista direto do processo de transnacionalização da economia é essa parte da classe dominante que se passou a chamar grande capital, termo que a identifica, mas que evita sua significação como sujeito.
A alta burguesia transnacional assentada nos Estados Unidos, à qual chamaremos alta burguesia norte-americana para abreviar (ainda que este termo requeira múltiplas precisões), é a portadora do emblema paradigmático do sistema mundial de produção, entendido em seu sentido mais amplo. Dentro do imaginário mundial, mesmo considerando o reconhecimento da liderança parcial de seus concorrentes-sócios, os símbolos do paradigma dominante continuam sendo erguidos pela IBM, Intel, Microsoft, Internet, Novartis, Monsanto, General Motors, Crysler, Exxon, Texaco, AT&T, ITT, Hughes, e tantos outros, como Coca-Cola e Sabritas, contribuem para definir os referenciais da vida e da reprodução social.
O trajeto entre o estabelecimento de lideranças e a construção de um reconhecimento geral de superioridade e direção só é possível mediante a conformação de um sujeito com múltiplas formas de representação articulada. O sujeito dominante do processo geral de reprodução ou do sistema capitalista mundial é constituído pela alta burguesia norte-americana que aparece sob a forma das grandes empresas transnacionais, dos volumosos fluxos de capital financeiro que vão fazendo e desfazendo economias e do Estado norte-americano, como portador do interesse geral e dos valores universais. Ou seja, o sujeito social dominante é um sujeito que se desdobra e que aparece, em nossa perspectiva, sob duas formas fundamentais: a do Estado norte-americano e a das grandes empresas transnacionais de base norte-americana. Por isso, as estratégias parciais de domínio e concorrência nos mercados, e a política do Estado no terreno da segurança nacional, mantêm uma coerência impecável em linhas gerais.
As estratégias de reafirmação da hegemonia
Entendemos que existe uma grande quantidade de mediações entre a ação individual e a síntese social que permite construir e/ou identificar um sujeito coletivo. Entretanto, desentranhá-las é parte de uma tarefa também coletiva à qual somente pretendo somar-me modestamente. Para isso, proponho realizar uma aproximação ao pensamento do Pentágono pela via de sua concepção do estratégico.
O projeto mais completo e sistemático sobre o ethos hegemônico está explicitado nos documentos oficiais do DoD e, particularmente, nos que se ocupam do projeto das estratégias de defesa da segurança nacional dos Estados Unidos, traçados a partir da última Quadrennial Defense Review (QDR).
A estratégia de segurança nacional para um novo século
O secretário de defesa, William Cohen, na ocasião em que apresentou seu informe de 1998 ao Congresso, assinalou que: "A América inicia o novo milênio como a única superpotência mundial, como a nação indispensável".
De acordo com o Annual report to te President and the Congress. National security strategy for a new century, "…os Estados Unidos se encontram em um período de oportunidade estratégico. A ameaça de guerra global retrocedeu e os valores fundamentais da nação de democracia representativa e economia de mercado são adaptados em muitos lugares do mundo (...) Suas alianças (...) se adaptam exitosamente".
Os objetivos gerais que o DoD deve garantir dentro esta estratégia de liderança para o novo milênio são:
- assegurar a criação de um ambiente internacional favorável aos interesses dos Estados Unidos;
- ter a preparação e presteza necessárias para responder ao amplo espectro de crise que ameaça os interesses dos Estados Unidos;
- ter a previsão necessária para estar preparados diante da incerteza do futuro próximo.
A política de defesa dos interesses nacionais dos Estados Unidos, que é a razão de ser do Estado norte-americano, está sintetizada nestes três objetivos, entretanto cada um deles encerra uma enorme complexidade e implica uma ação compartilhada e coerente de todas as representações desdobradas do sujeito hegemônico. Ou seja, o estratégico é um campo interdisciplinar no qual, sobretudo, é colocada em evidência "...l’articulation l’une avec l’autre de l’économie et de la violence comme double système de menace..."(Joxe:1997).
Com efeito, existe uma estreita vinculação entre os interesses econômicos e geoestratégicos, que tem como eixo a vantagem e/ou dominação tecnológica e manifesta-se o mesmo na estratégia de concorrência das empresas produtoras dos sistemas e equipamento de produção para uso civil que nos critérios de segurança aplicados à produção e concepção dos sistemas de comunicação ou armazenamento utilizados pelas forças militares norte-americanas.
"De 1940 até o presente, o Departamento de Defesa (DoD) encabeçou agressivamente a revolução na tecnologia de informação: a pesquisa e desenvolvimento em tecnologia de informação foi e continua sendo uma de suas competências fundamentais.
A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA) do DoD, líder em tecnologias avançadas, apóia a indústria para melhorar a arquitetura e aplicações da infra-estrutura nacional de informação (NII). O DoD, como maior usuário dos serviços de informação, faz substanciais investimentos em infra-estrutura de informação." (Deutch:1994)
O grau de objetivação dos conhecimentos e experiências em todos os planos da vida social alcançado pelas forças produtivas estabelece uma barreira ou sanção tecnológica empregada no terreno econômico como instrumento de eliminação da concorrência e de atração de rendas tecnológicas (de plusvalor extraordinário), ou seja, de construção de uma posição de superioridade e liderança; e, no terreno militar como elemento de superioridade estratégica e de controle ou submissão do inimigo (o outro que compõe a quase totalidade da população mundial).
1. Assegurar a criação de um ambiente internacional favorável aos interesses dos Estados Unidos
A criação de um ambiente favorável aos interesses dos Estados Unidos implica, na realidade, a subjugação de qualquer expectativa de autodeterminação por parte do resto do mundo, assim como uma renúncia de fato à história e cultura próprias. Como é evidente, esta renúncia ao próprio ser requer efetivamente a construção de um contexto que a faça possível e que, inclusive, a faça aparecer como vontade geral. O mercado e a democracia, os dois pilares ideológicos da ofensiva hegemônica, sintetizam esta política, entretanto, não se requer apenas a imposição ou indução de um imaginário amigável com estes princípios e, sobretudo, com o conteúdo que lhes confere a ideologia do pensamento único, ainda que o impacto e penetração dos meios de comunicação de massa seja um eficaz criador de consensos mediante a aculturação ou diretamente a assimilação cultural que promove. A persuasão neste terreno não parece, entretanto, suficiente, a julgar pela grande quantidade de movimentos de resistência ou confrontação aberta que desencadeou. Necessitam-se estímulos mais efetivos e confiáveis, como os que põe em prática o DoD:
"Além dos outros instrumentos de poder, como a diplomacia e os investimentos e o comércio econômicos, o DoD tem um papel essencial na conformação de um ambiente internacional seguro a partir da perspectiva da promoção e proteção dos interesses nacionais dos Estados Unidos (...) fortemente integrado com os esforços diplomáticos." (Cohen:1999. Sublinhados meus)
As finalidades declaradas são três:
Promover a estabilidade regional. Fortalecimento dos aliados e de seus compromissos e vínculos com os Estados unidos mediante, entre outros, transferência de equipamento e armamento e atividades de entretenimento.
Prevenir ou reduzir conflitos e ameaças. Esta é uma das peças chave da estratégia. As medidas de prevenção são enfocadas em: reduzir ou eliminar as potencialidades ou capacidades nuclear-biológico-químicas (NBC); prevenir e dissuadir o terrorismo e reduzir a vulnerabilidade dos Estados Unidos mediante o incremento na gama de atividades de inteligência; proteger a infra-estrutura decisiva e o pessoal do DoD; dissuadir a produção e afluência de drogas ilegais nos Estados Unidos e seus espaços circundantes; reduzir as condições estimuladoras de conflitos.
Dissuadir agressões mediante o emprego das forças norte-americanas de paz em regiões chave e mediante a demonstração explícita de seu poderio e capacidade para garantir a segurança de seus interesses e a vontade para fazê-los valer, onde e quando sejam desafiados.
Ou seja, haveria dois mecanismos para cumprir a alta missão atribuída ao DoD e que se estende a um território definido não pelas fronteiras, mas pelos interesses nacionais dos Estados Unidos: a aceitação universal desses interesses acima dos das outras nações e a inibição ou desativação prematura de qualquer indício de dissidência ou, o que dá na mesma, de autonomia de decisão do resto das nações ou povos do mundo.
2. Ter a preparação e presteza necessárias para responder ao amplo espectro de crise que ameaça os interesses dos Estados Unidos
Apesar dos avanços na construção de um ambiente favorável, o mundo continua sendo complexo, dinâmico e perigoso na perspectiva do próprio DoD, que identifica as seguintes tendências como ameaças a sua segurança:
- Conflitos transfronteiriços de larga escala (notoriamente, Iraque-Irã e as Coréias).
- Fracasso ou desaparecimento de alguns estados, previsto daqui ao ano 2015 (notoriamente, Iugoslávia, Albânia e Zaire).
- Perigos transnacionais: violentas organizações terroristas de motivação religiosa que eclipsaram as mais tradicionais, de motivação política e organizações terroristas com motivações étnicas ou nacionalistas. Complexização e sofisticação dos movimentos sociais identificados como terroristas ou de ameaça ao sistema. Tráfico de drogas e de armamento, que tendem a desgastar a legitimidade de governos amigos. Desastres ambientais. E, curiosamente localizados como perigo transnacional, "incontrolados fluxos de migrantes".
- Afluência de tecnologias potencialmente perigosas. O vínculo entre conhecimento letal e movimentos terroristas dedicados a catástrofes massivas representa um novo paradigma para a segurança nacional. Os conhecimentos letais enunciados são de três tipos, todos relacionados com os espaços estratégicos de controle tecnológico: os que concernem à fabricação e proliferação de armas nucleares, biológicas ou químicas (NBC); os que concernem à fabricação de veículos aéreos e meios para controlar o espaço e os que concernem à capacidade para gerar, utilizar ou inutilizar informação que possa ser empregada com fins de controle ou desestabilização.
- Há outros riscos relacionados com situações imprevisíveis (wild card scenarios), como a emergência de imprevistas ameaças tecnológicas; a perda de acesso às facilidades decisórias e às linhas de comunicação em regiões chave; a chegada de partidos hostis em países amigos. "A capacidade militar dos Estados Unidos deve ser suficientemente flexível para fazer frente a estes eventos inesperados."
3. Ter a previsão necessária para estar preparados diante da incerteza do futuro próximo
Esta iniciativa compõe-se de quatro partes principais:
- modernização tecnológica que incorpore inovações de fronteira;
- revolução nos assuntos militares desenvolvendo as habilidades militares. "...as revoluções tecnológicas afetaram a natureza do conflito". Por isso, propõe-se
- guarnecer-se mediante novas tecnologias que ofereçam às forças norte-americanas maior capacidade através de conceitos, doutrina e organizações avançados, que lhes permitam dominar qualquer campo futuro de batalha, incluindo os assiméticos." É preciso fortalecer "tanto a cultura quanto a capacidade ou aptidões." (Cohen:1988. Sublinhados meus)
- revolução na engenharia de infra-estrutura e apoio;
- proteger-se de futuras ameaças para ser capazes de manejar os riscos em um ambiente de recursos restritos. Para isso, é necessário manter um amplo esforço em pesquisa e desenvolvimento; vincular-se com indústrias especializadas em novas tecnologias e desenvolver programas de R & D que possibilitem a adoção ou adaptação das tecnologias comerciais às necessidades militares. Uma iniciativa de grande amplitude contra as ameaças futuras requer garantir que as forças norte-americanas tenham a capacidade de inteligência necessária.
O eixo tecnológico na estratégia de liderança mundial para o século XXI
O enorme acúmulo de conhecimentos concentrados e vertidos na criação de uma ampla e pormenorizada estrutura de automatização e apropriação da natureza tornou complexa a organização social em todas as suas dimensões, incluída, é claro, a militar. Por isso, e considerando a mudança no cenário mundial e a conseqüente "revolução nas questões militares" contemplada no ODR (Cohen:1998), a inovação tecnológica e a possibilidade de colocar-se na fronteira do conhecimento nos campos fundamentais adquirem a maior prioridade.
O fim da guerra fria, as escalas planetárias do processo de reprodução, dominação e concorrência e a variedade de cenários e universos culturais que compõem a totalidade mundial outorga às atividades de inteligência e prevenção (ou repressão antecipada) de conflitos uma enorme importância: "A inteligência representa a primeira linha de defesa" (Deutch:1994).
Isto não elimina a necessidade de estabelecer uma superioridade na qualidade dos armamentos e nos mecanismos correspondentes à guerra convencional, e sim multiplica os terrenos de busca tecnológica e outorga à centralização e processamento de informação um lugar estratégico. No dizer de Foucault, "o poder não tem necessidade de ciência, mas de uma massa de informações que, por sua posição estratégica, ele é capaz de explorar."(1977, p. 121)
Para isso, dentro dos que são considerados os possibilitadores decisivos desta linha estratégica encontram-se:
- um sistema de inteligência com alcance global;
- comunicações globalizadas e impedimento de interferência por parte do inimigo. Controle dos mares e espaço aéreo;
- superioridade em espaço. Reconhecimento, vigilância, inteligência, computadores, comunicações, controle e direção globais (command, control, comunications, computers, intelligence, surveillance and reconnaissance, C4ISR). Para manter a vantagem atual no espaço, mesmo quando mais usuários desenvolvam suas capacidades, os Estados Unidos devem dedicar suficientes recursos de inteligência para monitorar os usuários externos de ativos assentados espacialmente.
"Para ser realmente uma força de amplo espectro, os militares norte-americanos devem ser capazes de derrotar inclusive os adversários mais inovadores. Aqueles que se opõem aos Estados Unidos utilizarão de modo crescente estratégias e táticas não-convencionais para compensar a superioridade dos Estados Unidos."(Deutch:1994)
A tecnologia, no costume capitalista, é sem dúvida a maneira de estabelecer espaços privados de controle e vantagens que gerem condições para a construção e o exercício do poder. Este poder se constrói e se manifesta, como assinalou-se no início, nas quatro dimensões principais da organização e reprodução da sociedade mundial e, por isso, em todas elas é possível identificar uma infra-estrutura tecnológica que serve como eixo de articulação e, evidentemente, de dominação.
Para efeito de argumentar a coerência e colaboração entre as duas figuras de representação do sujeito hegemônico que mencionamos no início, é possível identificar alguns mecanismos de alta prioridade, tanto para as agências de segurança dos Estados Unidos como para a alta burguesia transnacional norte-americana.
Uso dual da tecnologia militar e civil. As pesquisas realizadas pela agência de pesquisa e desenvolvimento do DoD, ARPA, foram a base da graficação por computador; do tempo compartilhado; dos pacotes com interruptores que mais tarde deram lugar à Arpanet, de onde derivou a Internet; da inteligência artificial, que compreende o reconhecimento de voz, os sistemas especialistas e a visão digital, e da engenharia informática. Os esforços tecnológicos da ARPA vão desde pesquisa básica até aplicações avançadas e testbeds.
Já em 1994 a ARPA estabeleceu vários projetos experimentais de redes gigabit/segundo para explorar em arquitetura, manejo e segurança de redes e, atualmente, as linhas dorsais que dão suporte à rede Abilene nos Estados Unidos, instaladas pela MCI, têm uma velocidade de 8 gigabits por segundo, enquanto a melhor rede alemã, que é a que a segue, tem uma velocidade de 2 gigabits por segundo. A diferença qualitativa é abismal e estabelece uma brecha que tem repercussões em todas as atividades relacionadas com essas redes (Ornelas:2000).
Mesmo assim, o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação constituiu um componente essencial da plataforma de decolagem da produção mundial pós-fordista, ou seja, dos processos de trabalho off shore (maquilas no norte do México, o Sudeste Asiático e, mais tarde, o Caribe e a América Central) e das redes de produção altamente automatizadas e espacialmente desmembradas que conhecemos hoje.
"Muitos elementos de computação com modem têm suas origens nas pesquisas auspiciadas pelo DoD e a infra-estrutura de pesquisa criada por ele continua produzindo tecnologia necessária para o NII. A contribuição do DoD aos primeiros supercomputadores foi uma contribuição à massiva introdução de sistemas de funcionamento em paralelo no final dos anos 60 e continua apoiando o desenvolvimento da tecnologia computacional de fronteira com o programa de alto rendimento em computação e comunicações. (Deutch:1994)
A vinculação estreita entre a indústria civil e militar está presente em todos os campos importantes de desenvolvimento tecnológico, mas destacam-se entre eles, na atualidade, os seguintes:
- Criação de redes tecnológicas avançadas em coordenação com a indústria e as universidades, baseando-se no conceito de trama global (global grid) e para os fins militares e civis dos Estados Unidos.
- Alto rendimento em computação, criando sistemas capazes de realizar 100 bilhões de operações por segundo e, posteriormente, trilhões de operações por segundo.
- Tecnologia para sistemas inteligentes. Incluem deciframento (ou compreensão) de imagens, de linguagem humana e integração inteligente de informação cujos propósitos são desenvolver tecnologia de visão artificial para aplicações como a inspeção de sistemas de produção, permitir a interação direta e natural das forças militares com sistemas complexos com base na pesquisa lingüística e conseguir a integração e processamento de informação heterogênea e de fontes díspares pra apresentá-la aos usuários organizada de acordo com sua relevância.
- Melhoramento da tecnologia informática reduzindo o tempo de criação, incrementando a confiabilidade e melhorando sua manutenção.
- Eletrônica avançada. Substancial melhoria no equipamento (hardware) para a NII. As áreas de pesquisa compreendem supercondutores de alta temperatura, materiais de alto rendimento como o arseniuro de gálio e módulos multichip (MCMs) que permitem a integração de um sistema completo em um só módulo sem componentes separados. Com os MCMs os sistemas eletrônicos alcançam altos rendimentos, muito maior confiabilidade, menor consumo energético e menores custos de produção, permitem novos níveis de rendimento e miniaturização em equipamento de cálculo e comunicação.
- Deciframento do genoma humano
Criação de uma normatividade universal, tanto no terreno da guerra através de organismos como a OTAN e a ONU e da gestão econômica global mediante a implantação de critérios determinados supranacionalmente pelo Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial, entre outros, como no da produção através do estabelecimento de equivalentes ou referentes gerais tecnológicos que marcam as pautas da produção, a organização produtiva e a concorrência.
O DoD apóia a criação de normas internacionais para os serviços integrados de informação em amplitude de faixa e é pioneiro em pesquisa, desenvolvimento e avaliação de criptografia, de verificação de tecnologia de computação e de serviços e produtos seguros de informação. Foi o encarregado de promover um protocolo único para as comunicações internacionais (TCP/IP) e, portanto, garantiu com isso sua supremacia sobre o sistema de comunicações global.
Estas normas são fixadas de acordo com os critérios estratégicos de segurança, mas também com as condições e possibilidades de suas indústrias de engenharia de informação, de engenharia nuclear, etc. Desta forma mantém-se uma liderança imposta simultaneamente pelas razões da economia e da "persuasão militar".
O DOD é líder no uso global da tecnologia de informação. "Apenas as corporações verdadeiramente grandes têm sistemas internacionais de comunicação que se aproximam aos do DoD em tamanho e amplitude, e apenas as mais avançadas destas se aproximam da heterogeneidade, complexidade e diversidade de vínculos integrados que tem o sistema de comunicações do DoD". (Deutch:1994)
No caso destes sistemas tecnológicos, é tão importante a escala de utilização como a produção, já que sua inovação e as facilidades que outorga ao resto dos setores se multiplicam com a intensidade e amplitude de sua utilização.
A amplitude de alcance destes sistemas é base, também, da articulação de interesses em torno do controle de recursos estratégicos que são de utilidade múltipla mas essencial, como o petróleo, a biodiversidade ou o urânio. "Na América Latina houve (...) uma intensa atividade de teleprospecção coordenada pelas transnacionais petroleiras (Gulf, Exxon), os grandes fabricantes de geradores, turbinas e centrais elétricas nucleares (General Electric, Westinghouse) e – é claro -, os gigantes da indústria aeroespacial e de telecomunicações (Litton, Hughes, Aircraft) em busca de jazidas de petróleo, urânio e cobre na Amazônia (Brasil e Peru),Venezuela e Chile". (Rosaslanda:1998, p. 75). Litton e Hughes são empresas que funcionam sob o auspício quase total do DoD.
Conclusão
O estudo da concorrência econômica e do processo de concentração de capital é por si mesmo incapaz de dar conta da complexidade do processo de dominação e da construção da hegemonia mundial, apesar de sua essencialidade. A dominação econômica não pode se desinteressar da violência que lhe é imanente e que se evidencia na dimensão militar de organização do poder.
O sujeito hegemônico, sujeito desdobrado que desdobra sua estratégia de poder em todas as suas dimensões de representação, somente pode ser apreendido em sua integridade, que é também o assentamento de suas condições de possibilidade. E é neste horizonte de aproximação que se evidenciam os complexos e variados mecanismos de construção do poder hegemônico, mas também é ele que permite vislumbrar suas condições de vulnerabilidade e suas fronteiras consubstanciais ou limites civilizatórios. Por fim, "as forças presentes da história não obedecem nem a um destino nem a uma mecânica, e sim ao acaso da luta". (Foucault:1977, p. 20)
* Cientista social da revista Chiapas e representante do Instituto de Investigaciones Econômicas (UNAM) do México
Bibliografía citada:
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- Caputo, Orlando (1999), "La economía mundial actual y la ciencia económica. Algunas reflexiones para la discusión". In: Jaime Estay, Alicia Girón y Osvaldo Martínez (Coords), La globalización de la economía mundial. Principales dimensiones en el umbral del siglo XXI, BUAP-IIEc-CIEM-Porrúa, México.
- Ceceña, Ana Esther (1998) (Coord), La tecnología como instrumento de poder, Ed. El Caballito, México.
- Ceceña, Ana Esther y Andrés Barreda (1995) (coord.), Producción estratégica y hegemonía mundial, Siglo XXI, México, 541 pp.
- Cohen, William (1998), Annual report to the President and the Congress. National security strategy for a new century, U. S. Department of Defense, Estados Unidos.
- Charnay, Jean-Paul (1990), Critique de la stratégie, L’Herne, París, 325 pp.
- Deutch, John (1994), DoD and the national information infrastructure, The Department of Defense
- Foucault, M. 1977. La microfísica del poder, colección Genealogía del poder 3ª ed., Las ediciones de La Piqueta, Madrid, 1992, 189 pp.
- Gramsci, Antonio (19xx), Notas sobre Maquiavelo, Ed. Juan Pablos, México.
- Joxe, Alain (1997), La science de la guerre et la paix, projet non publiable.
- Martínez Peinado, Javier (1999), "Globalización: elementos para el debate". In: Jaime Estay, Alicia Girón y Osvaldo Martínez (Coords), La globalización de la economía mundial. Principales dimensiones en el umbral del siglo XXI, BUAP-IIEc-CIEM-Porrúa, México.
Marx, Karl (1972), Elementos fundamentales para la crítica de la economía política 1857-1858 (Grundrisse), t. II, Siglo XXI, México.
Ornelas Bernal, Raúl (2000), Les entreprises transnationales et la domination économique. La concurrence au sein du noyau technologique, Tesis de doctorado (inédita), Université de Paris X.
Rosaslanda, Octavio (1998), INTERNET: impulsor del desarrollo capitalista contemporáneo, Tesis, Facultad de Economía, UNAM, México.
Soros, George (1999), La crisis del capitalismo global. La sociedad abierta en peligro, Plaza y Janés, México.
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