segunda-feira, 15 de março de 2004

Fim de semana legal:

Sabado acordo apressadamente pois atrasado para trampar. Chego praticamente na hora. Há um movimento incomum de pessoas na redondeza, a maioria mulheres. Descubro que vai ter uma palestra de Pedagogia. Faço questão de passar pelo meio da fila de entrada do auditório. Tem mais feia do que bonita.

Hoje somos eu e Nathalia, que está triste porque ontem ficou até as onze no trampo. Era ultimo dia de matricula de alunos - sou funcionário do setor financeiro de uma instituição de ensino superior. A parada ontem 'bombou'!
Ela devia ter me ligado que eu vinha dar uma força. Estava no andar de cima tendo uma aula chata porém interessante pelo ponto de vista debatetório da ocasião: aula de Edição Cinematográfica: Vertov e as Vanguardas era o assunto em pauta.
O foda é que a galera fica com uma cara de bunda nessa sexta- feira chuvosa e, grande parte da turma tem outra aula depois (até quase onze da noite - hora em que já estou em casa).

Voltando a sabado: Não tinha nada para fazer, como todo sabado que trabalho. Apenas umas coisinhas a pôr em dia. Arrumar uma papelada.
Não tinha nada para fazer. O responsável pela Secretaria pediu que lançasse no sistema matricula de alunos que participaram de uma palestra a qual eles tinham que fazer um relatório resumido da atividade. A palestra foi sobre: Colocar em prática seus sonhos. Ser multi- funcional etc. Era um bolo enorme e eu ainda tinha que digitar a entrevista com a banda Nancyta e os Grazzers, feita por mim no primeiro dia do Festival Ruído.
Isso foi o sabado até às 12 horas. Fora o bate- papo com o pessoal da Secretaria no café da manhã que organizamos. Falavamos sobre carrinho de rolimã, policia e ladrão, arma de chapinha, video game ... infância enfim.

Daí fui lá na Casa de Cultura da Estacio na Barra para deixar o material do Mother (Joan's) e do Sensorial (Estereo), bandas que toco. Encontrei no ponto de ônibus a parte cultural do jornal do dia onde li os filmes lançados e o horário dos dois que pretendo ver o mais breve possivel : O documentário sobre o Glauber e o da familia pedófila (Na Captura dos Friedman).

Então ouvi um beck indo para o ponto de ônibus indo à casa do Edio. Almocei lá e fomos ensaiar com o MJ, que toca hoje mais tarde.

Ensaio redondo. A banda está numa fase de entrosamento legal. Ao terminarmos, estudio cheio de gente de outras bandas, pedi para o dono de lá, o Alberico, uma serra para concertar meu prato de ataque que foi destruido por um monstro no ultimo show do Sensorial em Villar dos Teles (péssima experiencia). O Edio havia deixado comigo o dinheiro do ensaio, que eu coloquei sobre um 'case' há vinte centímetros dos meus olhos. O alberico trouxe a serra, o Edio veio falar comigo algo sobre não me lembro o quê, desci para tentar serrar o prato (impossível. Só uma tico-tico mesmo. Na real, tenho que comprar outro prato mas, como tenho gasto com a DV Cam e com a porra do meu PC...). Lá em baixo Edio me pede a grana. Saio correndo pois havia esquecido sobre o case. É claro que a procura foi em vão. Fiz questão de comunicar a todos que estavam naquele estúdio para que não dessem mole com nada seu.
Segundo o berico, o suspeito nº 1 estivera reclamando (enquanto ensaiavamos) que estava sem grana e que teria que vender seus CDs.
Logo quando subi correndo atrás da grana e não a encontrei, perguntei para ele e mais dois caras, que eram quem estavam ali quando larguei a grana. Eles não viram grana nenhuma, é claro. Mas teve uma coisa que me chamou a atenção: chegou uma mina perguntando onde se conseguia cerveja por ali. O suspeito nº 1 foi levar a moça lá. O Alberico falou que o histórico do rapaz o condena. Fiz questão de aguardar o retorno deles do bar para conferir se o cara sem grana estaria com uma garrafa de vodca na mão. Realmente só vi uma latinha na mão da moça , mas chamei o cara e falei para ele:

_ Aí, a parada sumiu mesmo!

_ Porquê, estais desconfiando de mim? responde o animal assustado.

_ Não! de maneira nenhuma. Só estou te alertando para que não dê mole com seus CDs porque tem ladrão por aí.

Pronto. Era só isso que eu queria.

Paguei 24 pratas do meu bolso e fomos embora. No carro rolou um papo de que ele jogou o feitiço no local e eu caí de besta. (o nº 2 eram todos os outros).

Paramos numa lanchonete para um lanchinho. O meu açaí demorou para ficar pronto enquanto conversávamos - encontramos o Plet, do Sensorial, que foi lá comer com a gente. Ele estava à caminho do Cine Íris.
Li em voz alta um capítulo curtinho de um livro que o Pablo (baixista do MJ e monarquista) puxou de um político brasileiro qualquer dos anos cinquenta. Era algo como anarquismo (idiotismo, indicatismo, sei lá) mas com o Estado hierárquico de base. Fico devendo o nome do autor e o título do livro.
Meu açaí chegou e, lá pelo meio do copo (depois do Plet ameaçar botar pimenta e cathchup no meu copo) sou forçado a dar umas mastigadas numa substancia sólida, como ... vidro. Coloquei para fora o que sobrou daquela substancia e era ... vidro. Educadamente cuspi o que tinha na minha boca na lata de lixo e fui chamar o gerente com o pedacinho nos dedos. Resultado: obtive de volta meus R$ 2,50 (eu sugeri que me fosse retornado o correspondente a metade do valor total do produto, já que consumi a metade, mas o homem me voltou tudo. Calou minha boca e ainda ganhou uns "Boa noite!".

Então vamos para o 911 em Bento Ribeiro!
Estava rolando um estresse entre minha pessoa e o Victor, baterista de outra banda. Era para levar tudo de bateria e minhas coisas ficaram na casa do Plet. Precisaria de duas estantes de prato e a maquina da caixa. Já tinha ligado pro Victor no dia anterior e ele disse que não teria como emprestar porquê as coisas dele eram programadas para a altura dele (ele usa bateria eletrônica? pensei) etc
o MJ levou os microfones que seriam usados por todas as bandas. Nada mais justo que o cara ceder. Na pior das hipóteses não haveria show pois também não emprestariamos os microfones.
Mas ele cedeu e me emprestou as duas estantes. Fiquei até envergonhado de mostrar meu prato todo fudido.

O show do MJ foi o melhor dessa formação (mais de um ano), segundo Edio, o fundador da banda. Os 'ganços' (erros dos musicos) não atrapalharam o bom andamento e alegria geral da nação que nos assistiu. Ressalva à primeira vez que tocamos minha musica, 'O Feto Incompleto'. Primeira vez que canto em uma banda num palco para um público. Tocamos uma cover de 'Beat on the Brat', dos Ramones.

As outras bandas também fizeram uma apresentação bem legal. Palmas para o Inverdônia. A DownYard (banda do baterista viado) nem vi, fiquei sabendo que não era a melhor da noite. A ultima banda apareceu de ultima hora. Era a banda local. Uns moleques de cabelo encaracolado tipo Valderrama. Ska- qualquer coisa.

Tinha bastante gente no local. Temos que voltar a tocar lá. Até para eu chegar na menina que me interessou aos olhos.

A noite acaba e voltamos para casa. Foi festa de um ano do meu sobrinho, Raphael. Comi varios pedaços de bolo e cama, ou melhor, chão. Minha cama está amontoada de embrulhos e sacolas.
Coloco o relógio para me acordar às 11h.

Domingo foi mais relax. Teria a gravação da trilha do curta- metragem 'Loucura Casual' mas foi adiado pois o Quarto Quente Estudios estava pintando.

Só rolou a gravação do diálogo do 'Hera', outro curta da facul. Correu tudo bem e saí de lá às nove e meia correndo para o show de bandas na Taquara. A gabi (do MJ) me ligou e disse que já haviam tocado duas bandas. Peguei o 268, desci na Merk, peguei carona no 691 e cheguei no local quando tocava a ultima. Só para os pais deles e para as outras bandas. Saí dali pois estava cheio de sono.
Um ônibus cheio parava num ponto perto dali e saiam os torcedores {Flamengo e Botafogo (1 x O para o Bota)}. Já era tarde e o jogo terminara há horas.
Apertei o passo pois a rua é meio escura. De repente ouço lá de trás:

_ A cabine ali, cara!

OBS: No cruzamento da Nelson Cardoso com a Tindiba, no Largo da Taquara, tem um posto policial.

Quando olho para trás vejo um negão a um metro de mim preparado para o boxe. Levo dois socões na cabeça. Só tenho tempo de gritar:

_ Peraí, irmão, sou flamenguista!

Deu certo. O cara desiste de me espancar e diz para eu andar. Não! correr.

Sorte minha ele não ter acertado meu rosto.
Depois pensei que devia ter gritado para ele bater em alguém do seu tamanho, podia ter chamado a policia, mas na hora só queria chegar em casa, saciar meu estômago, botar gelo na cuca e dormir.
Não comuniquei a ninguém em casa pois não adiantaria mesmo.

Estou agora ouvindo o Are Tou experienced? do Jimi Hendrix e deixa eu ir trabalhar.

EDP em 15/03/04 às 10:32 am