terça-feira, 19 de janeiro de 2010

[JORNAL O ESTADO] Indígenas estupradas como forma de desmoralização

sexta, 15 de janeiro de 2010. Fortaleza, Ceará, Brasil.


As mulheres são as principais vítimas da violência praticada contra a
população indígena no mundo. As índias têm mais chance de ser estupradas do
que outras mulheres. A constatação é de relatório inédito da Organização das
Nações Unidas (ONU), divulgado ontem (14). O relatório também cita pesquisas
mostrando que mais de uma em cada três índias é estuprada durante a vida.
De acordo com o líder Marcos Terena, articulador do Comitê Intertribal -
Memória e Ciência Indígena (ITC), o estupro é uma forma de desmoralizar as
comunidades e também uma espécie de limpeza étnica. “A forma mais fácil de
destruir um povo é desmoralizá-lo. Atingir a parte mais vulnerável do grupo
tem esse objetivo”, disse Terena, durante a divulgação do relatório.

O racismo contra os indígenas é apontado no relatório como fator de
violência, acrescentou Terena. “Em sua forma mais extrema, a discriminação
pode levar a graves violações, como homicídio e estupro”, diz o documento.
“Este tipo de discriminação é difícil de quantificar e verificar porque, ou
não é documentado, ou não desagrega por etnia”, ponderou.

*Alvo indireto*
Além de violência física, as mulheres indígenas também são alvo indireto de
conflitos armados ou de desastres naturais. Por causa desses problemas,
muitas vezes, ficam sem acesso à educação, à terra e a recursos econômicos,
embora “sejam responsáveis pelos cuidados de saúde e bem-estar de sua
família e comunidade”, relata o texto.

O documento da ONU também revela que as mulheres indígenas lideram os
índices de mortalidade materna. Assim como a população indígena, em geral,
“experimenta níveis desproporcionais” de mortalidade infantil, desnutrição,
doenças cardiovasculares, Aids, além de outras doenças infecciosas como
malária e tuberculose.

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