quinta-feira, 12 de julho de 2007

"LE RÉVOLTE"

Max Stirner ?!...O anarquista entre os anarquistas, egoísta, niilista, o rude precursor de Nietzsche?! Ele mesmo. É bem verdade que ele é malvisto no mundo da filosofia, sendo, quando muito, mencionado de passagem.

Filósofo neo-hegeliano ou da esquerda hegeliana, o ‘SÃO MAX’ ou ‘SANCHO’, pequeno-burguês, se torna vil, desqualificado, perigoso à Filosofia,logo à “Sociedade de Bem” por Karl Marx e Friedrich Engels... Ao começar ler a 3ª parte da Ideologia Alemã ‘SÃO MAX’, se verifica em tom de extrema arrogância que Marx&Engels, dissertando que os ideais de Stirner nada mais são, do que mero delírio ou uma imbecialidade de um estudante de Filosofia de Berlim, sem uma causa a defender, que tinha aulas com nada mais e nada menos que Schleiermacher, Marheineke e Hegel. As 530 páginas de ‘Ideologia Alemã’ dedicam 337 desta, meramente para assolapar Stirner.

‘Pobre homem! O bourgeois2 francês ou inglês queixa-se da falta de débouchés3 (...) O pequeno-burguês alemão, que só participou ativamente no movimento da bourgeoisie no plano das idéias (MARX, K.& ENGELS, F; 13, 1978)

Apesar de Karl Marx definir que as forças produtivas, através da técnica, fora, de fato, o motor para revolução que é o capitalismo hoje (Dowbor, 1997), além disso, argumenta, em sua tese, que na própria contradição em que se vive o proletariado (o seu fim, o seu objetivo é trabalhar, trabalhar e dar lucro ao burguês...), e é desse destino, que ele se libertará, é através do Trabalho (a sua função) que está a sua Libertação. Sweet dream ...

Com o Trabalho, no caso especifico o sistema que o faz sobreviver, o capitalismo progrediu de tão forma, que hoje as grandes fábricas não necessitam de ‘exercito de reserva’ para obter o excente (o lucro), agora possui a mecatrônica em lugar de operários, além da especulação financeira dos blocos econômicos, para definir em que lugar do planeta os juros são melhores para aplicar o capital. A sociedade Comunista, que um dia, em um futuro, como está no manifesto de 1848 de Marx&Engels, os libertariam, não aconteceu (nem durou um século, somente 75 anos) que vimos e vivíamos era meramente uma outra forma de capitalismo, como diria os frankfurtianos - o Capitalismo de Estado ou capitalismo organizado. O Trabalho que os alienam com suas estruturas (super e infraestrutura), o trabalhador reconhece hoje o que produz não há nada de sua individualidade naquilo que produziu. Stirner entra agora, soterraradamente...Vai querer discutir com neo-hegelianos que o Eu ou Ego como conhecemos hoje fora assolapado, jogado as traças... Você, eu , todos nós somos mais um, ou melhor um número, marcado à boi no pasto, fichado, vigiado pelo RG... O mote, a idéia central, o âmago de tudo e todos que Stirner explicita em sua obra “O ÚNICO E SUA PROPRIEDADE”, é EU, o Ùnico. Seu livro com um pouco mais de 300 páginas, divido em 2 partes.

“A história Universal nada mais é do que uma longa ofensa ao principio único que eu sou, principio vivo, concreto, principio de vitória que se quis dobrar ao jugo de abstrações sucessivas- Deus, o Estado, A sociedade, a Humanidade e o partido"(CAMUS,Albert; ‘Homem Revoltado’, 83, 1997)

Stirner ou melhor, Johann Caspar Schmidt, conhecido pelo pseudônimo Max Stirner4. Contemporâneo do ‘socialista–autoritário’ Karl Marx e dos ‘socialistas–utópicos’ Proudhon, Bacunine e Kropotinine, fora uma grande critico dos ideais de sociedades positivistas, explorados pelos socialistas citados...

Nascera em Bayreuth, 25 de Outubro de 1806 e morrera em Berlim, 26 de Junho de 1856. Filho de um casal de classe média baixa, Albert Christian Heinrich Schmidt e Sophia Eleonora. Seu pai morreu em 1807 e em 1809 sua mãe casou-se novamente com um farmacêutico, Ballerstedt, e eles se mudaram para Kulm na Prússia oriental.

Em 1819 foi para Bayreuth fazer o prestigioso Gymnasium morando com uma tia. Em 1826 foi para a Universidade de Berlim estudar filosofia com Schleiermacher, Marheineke e Hegel. Continuou seus estudos na Universidade de Erlangen em 1829, transferindo-se, na mesma época, para a Universidade de Könisberg, retornando e concluindo seus estudos em Berlim entre 1832 e 1834. Colaborou no Gazetta Renana, em 1845, que tinha como chefe da seção o judeu Karl Henrich Marx.

Nunca se afirmara Anarquista, como os maçônicos Proudhon e Bacunine e muito menos à Anarquia positivista do príncipe russo Piotr Kropotkine. Todavia, importantíssimo para ela, como o mecenas de Karl Marx, Friedrich Engels afirma que essa iracundisse, essa coisa incômoda, essa vontade de destruir, essa ‘a marca’ que movimento dito Anarquista, viera sim, dos ideais niilistas de Max Stirner. Ou indo mais além, essa visão de que todos possuem que anarquimoS é uma coisa Perigosa, Terrorista à Ravachol, vêm das idéias de Stirner5...

Com sua escrita sarcástica e inquietante foi um escritor amaldicionado pela sua própria obra. Coloca o dedo na ferida da Humanidade (e na época da Alemanha). Já que ‘Deus’ estava morto pela Razão, Stirner dá ‘cruzado bem dado no queixo’ na ‘sociedade pensante do bem da Europa’. É claro, que logo de cara, fora proibido. Num tom que nos deixa incomodados, ríspido e verdadeiramente inspirado, reecentra a questão: só poderei ser realmente proprietário do meu corpo, caso destruir o Estado dentro de mim. Stirner faz uma crítica radicalmente anti-autoritária e individualista da sociedade moderna (a pensar: Stirner precursor da pós-modernidade de Gatarri, Deleuze, Foucault, Derrida e/ou da Somaterapia, a terapia anarquista inventada por Roberto Freire?!...). Oferece ainda um vislumbre da existência humana que descreve o ego como uma não-entidade criativa além da linguagem e da realidade, ao contrário do que pregava boa parte da tradição filosófica da época.


________________________________________ 1 - Texto original está no jornal Anarquista ‘TESÃO-PRAZER&ANARkIA’ , n°2, março 2007; http://br.geocities.com/jornaltesao2/02pagina15.pdf
2 - Burguês , em Francês.
3 - Causa, em Francês.
4 - Em alemão ‘stirn’ significada, em português, testa e‘max’, grande, máximo. Recebera esse apelido pelos ‘jovens hegelianos’ ou ‘hegelianos de esquerda’, os Die Freien - Os Livres - no Hipple's Weinstube, em Berlim. Local onde se reuniam sob a liderança dos irmãos Bruno Bauer e Edgar Bauer- com freqüencia assiudidade Engels e Bakunin. Nesta época conhecera uma garota, para época, libertária, a Marie Dahnhardt, com quem viria se casar em 1843 e dedicaria em 1844 a obra: "O único e sua propriedade".
5- Ver Sergio Augusto Queiroz Norte “Bakunin: Sangue Suor e Barricadas”, Campinas,editora Papirus, p.28

Flávio Rogério, 29, sOCIÓLOGO pela PUC-Campinas, professor da rede estadual, professor de Geopolítica do Cursinho Popular IDENTIDADE e PREMAESP.

Um comentário:

Unknown disse...

Já tinha lido em um e-mail. Mto bom!
Agora só falta as poesias.
Beijo da xpo!