domingo, 29 de junho de 2008

Agência de inteligencia do governo espiona movimentos sociais

O QUE MUDOU ?


Abin monitora grupos sociais


SETOR DE INTELIGÊNCIA
Para a agência, protestos como os que a Via Campesina deflagrou no
início do mês devem ser constantes neste ano, por causa das eleições.

Desde abril, a área de informações do governo já tinha informações
sobre os planos dos movimentos sociais de endurecerem suas ações.
Entre as estratégias planejadas, estava a paralisação de atividades de
empresas de setores estratégicos — o que acabou ocorrendo ao longo
deste mês, quando a Via Campesina lançou, em 10 de junho, uma jornada
de lutas contra o modelo do agronegócio brasileiro, colocando na rua
cerca de 5 mil pessoas, em protestos por 14 estados. Os principais
alvos das manifestações e ocupações foram companhias como a Vale,
Votorantim e Odebrecht. Na avaliação de analistas de inteligência, a
situação tende a permanecer sem solução. Um dos motivos é o ano
eleitoral, quando nenhum prefeito ou governador quer colocar suas
polícias em confronto com manifestantes.

Em um primeiro momento, a preocupação do governo era apenas com ações
que afetassem empresas como a Petrobras. Em seguida, as atenções se
voltaram para instituições que lidam com informações estratégicas,
como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrocupecuária (Embrapa), centro
de referência da área na América Latina. "Uma das preocupações é a
destruição de pesquisas que levam anos para serem concretizadas",
observa um analista da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Por
último, o governo focou nas grandes indústrias e mineradoras, depois
que sem-terras bloquearam a entrada da Vale, no Pará.

Repressão
A partir da jornada de lutas lançada pela Via Campesina, ficou claro
para o governo que a estratégia dos movimentos sociais agora é apostar
em várias ações ao mesmo tempo. O agente da Abin que conversou com o
Correio diz que trabalha na avaliação sobre a situação, mas não vai
muito além disso. "Nós levantamos as informações e passamos para os
setores de segurança dos estados, a quem cabe tomar alguma
providência", explica o agente. As ações dos movimentos sociais também
estão sendo acompanhadas pela Coordenação-Geral de Defesa
Institucional (CGDI) da Polícia Federal, setor que monitora conflitos
que podem surgir no país. Ao contrário da Abin, a PF pode atuar, desde
que as manifestações sejam em instalações da União. Caso contrário,
caberá às polícias estaduais qualquer tipo de repressão.

A tendência, segundo os analistas, é que o quadro não mude pelo menos
até outubro, quando são realizadas as eleições municipais. "Todo
político, nesse período de campanha, não quer ver sua polícia
reprimindo trabalhadores. Os próprios movimentos sabem e abusam
disso", observa um delegado da PF ligado à área de controle de
conflitos. Exemplo disso, segundo a área de inteligência, são
justamente os protestos da Via Campesina. Nos 14 estados onde houve
manifestações, apenas no Rio Grande do Sul a polícia entrou em
confronto com os manifestantes. Nos demais locais, policiais
acompanharam as ações de perto, mas sem atuar. Em nota, a Via
Campesina afirmou que as ações deflagradas eram uma forma de expressão
legítima em uma democracia.

...
-Correio brazilense-
Edson Luiz - Da equipe do Correio
Terça-feira, 24 de junho de 2008 Pág. 13
BRASIL

Nenhum comentário: