O Dicionário do Diabo (Ambrose Bierce).
AJUDAR : Fabricar um ingrato.
AMIZADE : Barco grande o bastante para levar dois quando o tempo está
bom, mas só um em caso de tormenta.
ANTIPATIA : Sentimento que inspira o amigo de um amigo.
AUTO-ESTIMA : Avaliação equivocada.
BOATO : Arma favorita dos assassinos de reputações.
CASAMENTO : Condição ou estado de uma comunidade composta de um
patrão, uma patroa e dois escravos, num total de duas pessoas.
CARRO FÚNEBRE : Carrinho de bebê da morte.
CRISTÃO : Aquele que crê que o Novo Testamento é um livro de
inspiração divina, admiravelmente indicado para as necessidades
espirituais do seu vizinho. Aquele que segue os ensinamentos de Cristo
até o limite em que não atrapalhem uma vida de pecado.
DESOBEDECER : Celebrar com uma cerimônia apropriada a caducidade de
uma ordem.
DEVASSO : Alguém que séria e obcecadamente perseguiu o prazer e teve a
desgraça de obtê-lo.
DISCUSSÃO : Método de fortalecer nos outros suas idéias erradas.
EGOÍSTA : Pessoa de mau gosto, mais interessada em si própria do que
em mim.
EMOÇÃO : Doença prostrante causada pela sujeição da cabeça ao coração.
Às vezes vem acompanhada de uma copiosa descarga de cloreto de sódio
hidratado proveniente dos olhos.
ENTUSIAMO : Doença nervosa que aflige os jovens e os inexperientes.
Paixão que precede um bocejo.
FAVOR : Um breve prólogo para dez volumes de cobrança.
FELICIDADE : Sensação agradável proveniente da contemplação da miséria
alheia.
FÊMEA : Alguém do sexo oposto ou injusto.
GALHO : Ramo de uma árvore ou perna de uma norte-americana.
GATO : Autômato flexível e indestrutível, fornecido pela natureza para
ser chutado quando as coisas vão mal no ambiente doméstico.
HABILIDADE : Um tolo substituto da inteligência.
HUMILDADE : Paciência necessária para se planejar uma vingança que
valha a pena.
IGNORANTE : Pessoa desacostumada a certos tipos de conhecimento
familiares a você e conhecedora de outros tipos que você ignora.
INDIFERENTE : Imperfeitamente sensível para diferenciar uma coisa da
outra.
LAMENTÁVEL : O estado de um inimigo ou oponente depois de um duelo
imaginário.
LAZER : Luxo vedado aos pobres.
MACACO : Animal arbóreo que se sente à vontade em árvores genealógicas.
MATAR : Criar uma vaga sem designar um sucessor.
NEPOTISMO : Prática que consiste em designar sua avó para um cargo
público, para o bem do partido.
NOVEMBRO : Décimo-primeiro dos doze avos do tédio.
OCIOSIDADE : Fazenda modelo onde o diabo experimenta as sementes de
novos pecados e promove o crescimento de vícios existentes.
OPORTUNIDADE : Ocasião favorável para se ter um desapontamento.
PASSATEMPO : Artifício que estimula o tédio. Exercício moderado para
inteligências debilitadas.
PENITENTE : Aquele que vive sofrendo ou aguardando punição.
QUADRO : Representação em duas dimensões de algo enfadonho em três.
RECÉM-CASADA : Mulher com brilhante perspectiva de felicidade pelas
costas.
SANTO : Pecador morto, revisado e editado.
SOLITÁRIO : Em má companhia
TRÉGUA : Amizade
VIOLINO : Um instrumento que faz cócegas no ouvido humano através da
fricção da cauda de um cavalo nas entranhas de um gato.
VOTO : Instrumento do poder de um homem livre para fazer de si mesmo
um idiota e de seu país um caos.
Genial
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Sobre Bierce :
Norte americano, nascido em 1842, Ambrose foi o décimo dos treze
filhos de Marcus Aurelios Bierce.
A casa onde cresceu , dizem os biógrafos, era estranha e tinha um
aspecto macabro. Seu pai era um fanático religioso, amante da poesia e
dominado pela mulher. O casal acabou perdendo os três filhos mais
novos, fazendo assim com que Ambrose se tornasse o caçula.
Já crescidos os irmãos Bierce se desentenderam e se dividiram em
grupos antagônicos, odiando-se mutuamente. Um deles se rebelou contra
o fanatismo religioso da família e fugiu para ser artista de circo.
Uma irmã, ao contrário, assumiu toda a superstição paterna e viajou
para ser missionária na África, onte teria sido, inclusive, devorada
por canibais.
Meio sem rumo, o jovem Bierce acabou entrando no exército através da
influência de um tio aventureiro. Nesta situação participou da guerra
da secessão onde apresentou uma destacada bravura e um certo
sentimento suicida. Acabou baleado na cabeça. Depois de curado, e
incomodado com a vida de segundo-tenente, pegou uma moeda, jogou para
cima e decidiu no "cara ou coroa" se seguiria a vida militar ou
entraria para o jornalimo. As forças armadas perderam. Na nova
carreira Ambrose se destacou pelas charges políticas e pelos
editoriais arrasadores impregnados de sarcasmo. Também foi autor de 68
histórias curtas (ou contos) cujos ingredientes principais são o
fantástico, o humor negro e a guerra.
O curioso é que ele teria passado algum tempo aqui no Brasil, mais
especificamente em Porto Alegre, atuando como correspondente de Buenos
Aires para o jornal Tribune de Nova Yorque. Ele teria enviado ao
Tribune um total de 62 cadernos, com 50 folhas cada um, onde analisava
os aspectos políticos e sociais da nossa província. Isto pode ou não
ser verdade pois o período em questão (1892) é o mais obscuro e
indefinido da sua existência. De qualquer forma sabe-se que em 1913
Bierce parte dos Estados Unidos em direção ao México supostamente para
cobrir as guerrilhas dos rebelados de Pancho Villa.
Nunca mais foi visto.
"Minha independência é meu patrimônio. É minha literatura. Escrevo
para agradar a mim mesmo, não importando quem saia ferido".Ambrose
Bierce
Materializadas em bits toxinas neurais trazidas pelos ventos daquilo que simplesmente é. Isto é nada se não for para o Todo.
terça-feira, 31 de agosto de 2004
sexta-feira, 20 de agosto de 2004
Cobaia dos outros e de mim
Eu toco o que é sugerido pelo compositor
As pessoas querem dizer o que devo fazer
Eu sou meu líder
Preciso de vc sim, mas não para me conduzir como seu cão.
Por querer muito tudo isso
Aceito tudo que me vem
Devo frear esse instinto
Descartar o supérfluo
Enxugar a atividade mental
A mente é inquieta e precisa de metas
Isso é um bom começo
Fazer aquilo que se gosta
Que se quer
Muita coisa passa por aqui
É preciso estar com os vasos desobstruídos
Cadê minha agenda?
Essa loucura da vida moderna pode ser mudada
Não quero entrar nessa onda
Eu toco o que é sugerido pelo compositor
As pessoas querem dizer o que devo fazer
Eu sou meu líder
Preciso de vc sim, mas não para me conduzir como seu cão.
Por querer muito tudo isso
Aceito tudo que me vem
Devo frear esse instinto
Descartar o supérfluo
Enxugar a atividade mental
A mente é inquieta e precisa de metas
Isso é um bom começo
Fazer aquilo que se gosta
Que se quer
Muita coisa passa por aqui
É preciso estar com os vasos desobstruídos
Cadê minha agenda?
Essa loucura da vida moderna pode ser mudada
Não quero entrar nessa onda
We get the power
O único poder que o ser humano tem é o de gerar uma vida
O conceito de Deus está nisso
Gerar e destruir vidas
O prazer do sexo está no perigo de se gerar um filho
Mulher que aborta muito
Chega a um ponto em que não sente mais prazer no sexo
Pois não pode mais gerar
Não há mais o perigo, o prazer
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
O único poder que o ser humano tem é o de gerar uma vida
O conceito de Deus está nisso
Gerar e destruir vidas
O prazer do sexo está no perigo de se gerar um filho
Mulher que aborta muito
Chega a um ponto em que não sente mais prazer no sexo
Pois não pode mais gerar
Não há mais o perigo, o prazer
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
We get the power
MINHA MENTE ME PREGOU UMA PEÇA
As direitinhas são boas namoradas mas
Prefiro me envolver com garotas complicadas
Elas me dizem para não me apaixonar
Isso já aconteceu e eu caí.
Decidi não me apaixonar mais
Embora me apaixone por todas
O sentimento que fica é acumulado e extrapolado em outras paixões
Desde pequeno não gostava de receber carinho
E se eu quiser lamber sua mão ao invés de beijar sua face?
Os amores que não completei na infância
Ou ela me odiava
Ou eu não tive coragem de me declarar
Ou nos afastaram pois éramos parentes
Por mais que isso pareça normal
Minhas neuroses são fruto do ambiente familiar castrador
Conservador
Perturbador
Sou visto não como me vejo ou sou
Ou sou e não me vejo pois estou dentro da fogueira
Fale! Fale! Fale! Fale!
O cigano me mostrou que queria tocar só para agradar à moça
Neguei minha natureza
Por causa do ego caí.
Aquela a quem eu fui apaixonado
E que vi como uma prostituta
Se casou com outro cara
As coisas mudam
Já era assim e eu dou muito valor à minha subjetividade
As direitinhas são boas namoradas mas
Prefiro me envolver com garotas complicadas
Elas me dizem para não me apaixonar
Isso já aconteceu e eu caí.
Decidi não me apaixonar mais
Embora me apaixone por todas
O sentimento que fica é acumulado e extrapolado em outras paixões
Desde pequeno não gostava de receber carinho
E se eu quiser lamber sua mão ao invés de beijar sua face?
Os amores que não completei na infância
Ou ela me odiava
Ou eu não tive coragem de me declarar
Ou nos afastaram pois éramos parentes
Por mais que isso pareça normal
Minhas neuroses são fruto do ambiente familiar castrador
Conservador
Perturbador
Sou visto não como me vejo ou sou
Ou sou e não me vejo pois estou dentro da fogueira
Fale! Fale! Fale! Fale!
O cigano me mostrou que queria tocar só para agradar à moça
Neguei minha natureza
Por causa do ego caí.
Aquela a quem eu fui apaixonado
E que vi como uma prostituta
Se casou com outro cara
As coisas mudam
Já era assim e eu dou muito valor à minha subjetividade
ISTO NÃO PODE SER
Um mendigo não pode ser o meu mestre
Um gari não pode ser o meu mestre
Um cachaceiro não pode ser o meu mestre
Os políticos não são meu mestre
A mídia não é meu mestre
A substância não é meu mestre
Só existo eu em mim
A linguagem, a imitação e algo mais movimentam o meu ser
Homem/Ambiente- Homem/Elefante
Os números são meu mestre
As notas são meu mestre
Os devaneios são meu mestre
Um iletrado não pode ser o meu mestre
Um artista não pode ser o meu mestre
Um cobrador de ônibus não pode ser o meu mestre
Só existo eu em mim
A linguagem, a imitação e algo mais movimentam o meu ser
Homem/Ambiente- Homem/Elefante
Um mendigo não pode ser o meu mestre
Um gari não pode ser o meu mestre
Um cachaceiro não pode ser o meu mestre
Os políticos não são meu mestre
A mídia não é meu mestre
A substância não é meu mestre
Só existo eu em mim
A linguagem, a imitação e algo mais movimentam o meu ser
Homem/Ambiente- Homem/Elefante
Os números são meu mestre
As notas são meu mestre
Os devaneios são meu mestre
Um iletrado não pode ser o meu mestre
Um artista não pode ser o meu mestre
Um cobrador de ônibus não pode ser o meu mestre
Só existo eu em mim
A linguagem, a imitação e algo mais movimentam o meu ser
Homem/Ambiente- Homem/Elefante
sexta-feira, 13 de agosto de 2004
Alberto Caeiro
Estou Doente
Estou Doente. Meus pensamentos começam
a ficar confusos
Mas meu corpo, tirado às cousas, entra
nelas.
Sinto-me parte das cousas com
............................
E uma grande libertação começa a fazer-se
em mim,
Uma grande alegria solene como a de eu
estar vem
(?) [Um verso ilegível.]
Nota: Tudo claro na segunda leitura. (edp)
Estou Doente
Estou Doente. Meus pensamentos começam
a ficar confusos
Mas meu corpo, tirado às cousas, entra
nelas.
Sinto-me parte das cousas com
............................
E uma grande libertação começa a fazer-se
em mim,
Uma grande alegria solene como a de eu
estar vem
(?) [Um verso ilegível.]
Nota: Tudo claro na segunda leitura. (edp)
"Canto das Três Raças"
Ninguém ouviu um soluçar de dor
No canto do Brasil.
Um lamento triste sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro e de lá cantou.
Negro entoou um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou.
Fora a luta dos inconfidentes
Pela quebra das correntes.
Nada adiantou.
E de guerra em paz, de paz em guerra,
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar,
Canta de dor.
E ecoa noite e dia: é ensurdecedor.
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador...
Esse canto que devia ser um canto de alegria
Soa apenas como um soluçar de dor
Ninguém ouviu um soluçar de dor
No canto do Brasil.
Um lamento triste sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro e de lá cantou.
Negro entoou um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou.
Fora a luta dos inconfidentes
Pela quebra das correntes.
Nada adiantou.
E de guerra em paz, de paz em guerra,
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar,
Canta de dor.
E ecoa noite e dia: é ensurdecedor.
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador...
Esse canto que devia ser um canto de alegria
Soa apenas como um soluçar de dor
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